BIS faz alerta sobre stablecoins: “nenhum emissor pode honrar saques”

O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla inglesa) publicou um relatório de 29 páginas sobre stablecoins na última semana. Conhecido como o “Banco Central dos Bancos Centrais”, o BIS alerta para os perigos dessa classe de ativo.

Como destaque, a organização cita que não há nenhuma garantia que os emissores de stablecoins consigam honrar pedidos de resgate a qualquer momento que eles forem solicitados.

Outro ponto analisado pelo BIS foram os diferentes tipos de stablecoins, o que pode afetar sua estabilidade. As mais famosas são as lastreadas em moedas fiduciárias, como a Tether (USDT) e a USDCoin (USDC). Na sequência aparecem aquelas lastreadas em criptomoedas, como a DAI.

Apesar de menos populares, stablecoins lastreadas em commodities, como ouro, e sem nenhum lastro, também foram citadas. Cada classe apresenta diferentes níveis de segurança, mas, segundo o BIS, todas são perigosas.

“Ao classificar as stablecoins em quatro tipos distintos, mostramos que, embora as stablecoins lastreadas em moeda fiduciária, commodities ou outros criptoativos tenham sido geralmente menos voláteis do que os criptoativos tradicionais”, escreve o BIS.

“Nenhuma delas foi capaz de manter a paridade com sua paridade em todos os momentos.”

BIS aponta para perda de paridade entre diferentes stablecoins no mercado. Fonte: Reprodução.
BIS aponta para perda de paridade entre diferentes stablecoins no mercado. Fonte: Reprodução.

Stablecoins não são seguras, diz BIS

As stablecoins ganharam uma ampla adoção nos últimos anos. Além de oferecerem exposição ao dólar em países afetados pela hiperinflação, elas também são usadas especialmente usadas para a negociação de outras criptomoedas. Sendo assim, podem ser usadas tanto para fugir de momentos de queda de outras criptomoedas, como também para realizar lucros após valorizações.

No entanto, o BIS está preocupado com o resgate dessas stablecoins. Ou seja, quando um investidor deseja realizar um saque para moeda fiduciária. No documento de 29 páginas, o BIS cita que esses pedidos podem não ser atendidos.

“Atualmente não há nenhuma garantia de que os emissores de stablecoins possam resgatar integralmente, mediante pedido, as stablecoins dos utilizadores.”

Maiores stablecoins do mercado ao longo dos últimos 3 anos. Fonte: BIS/Reprodução.
Maiores stablecoins do mercado ao longo dos últimos 3 anos. Fonte: BIS/Reprodução.

Afinal, mesmo que algumas dessas stablecoins tenham lastro, seus emissores investem esses dinheiros em outros ativos, como títulos do Tesouro americano, para gerar lucros. Portanto, saques em massa poderiam resultar no colapso de alguns projetos.

Outra preocupação é a exposição a bancos. Como destaque, o BIS cita o caso da stablecoin USDCoin, que perdeu sua paridade ao dólar após o banco Silicon Valley Bank (SVB) falir nos EUA no início desse ano.

“À medida que a Circle, emissora da USD Coin, mantinha reservas em dólares americanos com o SVB, os investidores começaram a resgatar suas stablecoins da USD Coin.”

No momento desta redação, Tether (USDT) e USDCoin (USDC) possuem US$ 87,5 bilhões e US$ 24,1 bilhões, sendo as duas maiores stablecoins do mercado. No entanto, dados revelam a existência de mais de 100 outros projetos concorrentes.

Stablecoins estão em queda, diz BIS

Apesar de ainda dominarem o volume de negociações em corretoras, as stablecoins perderam bastante espaço no setor desde a quebra da TerraUSD (UST), projeto ligado a Terra (LUNA). O principal motivo pode estar ligado a desconfiança do mercado.

“Entre abril de 2022 e o final de janeiro de 2023, a capitalização total do mercado de stablecoin encolheu mais de 25%, para US$ 138 bilhões”, escreve o BIS, apontando para o colapso da TerraUSD e à falência da FTX

“Esses eventos contribuíram para uma contração na demanda por outros criptoativos, o que por sua vez reduziu a demanda por stablecoins, uma vez que as stablecoins são fortemente utilizadas como ponte para facilitar a negociação de criptoativos.”

Stablecoins encolheram no último ano após crise de confiança no setor. Fonte: BIS/Reprodução.
Stablecoins encolheram no último ano após crise de confiança no setor. Fonte: BIS/Reprodução.

A preocupação com as stablecoins não é exclusiva do BIS. Tentando emplacar o primeiro ETF de Bitcoin à vista nos EUA, a gestora BlackRock também citou os riscos que esses ativos trazem para o mercado. Tanto a Tether quanto a USDCoin foram citadas no documento enviado à SEC.

“Embora o Trust não invista em stablecoins, ele pode, no entanto, estar exposto aos riscos que as stablecoins representam para o mercado de bitcoin e outros mercados de ativos digitais.”

Por fim, o mercado de criptomoedas está cada vez mais dependente das stablecoins. Sendo assim, é natural que tanto o mercado quanto reguladores estejam analisando as suas consequências, principalmente por tratar-se de uma classe de ativos nova.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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