O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, participou de um evento do Bank for International Settlements (BIS) na manhã desta quinta-feira (7) e falou sobre o Bitcoin novamente.
No início de sua apresentação, Campos Neto focou na explicação sobre o sistema instantâneo de pagamentos que foi nomeado de Pix, que completou um ano do lançamento nos últimos dias.
Apesar da explicação sobre esse sistema chamar atenção, Campos Neto complementou sua fala dizendo que trabalha em uma solução de moeda digital de banco central, a CBDC, que será chamada Real digital.
Esse assunto é alvo de interesse do BIS há algum tempo, visto que a instituição já aconselhou todos os bancos centrais a emitirem suas próprias moedas digitais, com ajuda mútua entre essas instituições.
Campos Neto fala sobre o Bitcoin em evento do “Banco Central dos Bancos Centrais”
Na última quarta-feira (6), o BIS iniciou o evento Regulação de Big Techs, que irá até esta quinta. Com a participação de diversos representantes de bancos centrais do mundo, o evento falou também sobre o tema das criptomoedas.
Em um painel sobre “Big Tech e dados em finanças“, participou os presidentes de vários bancos centrais, como Roberto Campos Neto (Brasil), Alejandro Díaz de León (México), Klaas Nó (Holanda), Nem Shamsiah Mohd Yunus (Malásia) e François Villeroy de Galhau (França).
Questionado se no Brasil há muita adoção de criptomoedas pela jornalista Gillian Tett do Financial Times, Campos Neto voltou a falar que criptomoedas como o Bitcoin são mais investimentos do que meio de pagamento.
“Se você olhar para esses criptoativos, há um aumento do trade, pessoas comprando como investimento, mas se você olhar como meio de pagamento, que é essencial para uma moeda, no Brasil não está crescendo e vejo que em muitos países está crescendo muito pouco como meio de pagamento”.
Para ele, o setor de DeFi é promissor com uso da tecnologia blockchain, afirmando que o melhor que pode fazer é participar deste setor, cenário que o Brasil já trilha em programas de inovação, visto que isso pode agregar até ao Open Finance.
Em continuação, Campos Neto ainda disse que as stablecoins são como ETFs hoje, visto que são criadas por empresas e deverão criar distorções no mercado.
Chama atenção ainda que o presidente do Banco Central do Brasil pediu que os bancos centrais do mundo se unam em torno deste debate, visto que é importante entender mais os detalhes desse processo digital.
Presidente do Banco Central da França espera regular o setor de DeFi, especialmente da Ethereum e Cardano
Para François Villeroy de Galhau, a tecnologia blockchain é promissora e a França está discutindo pesadamente sobre as criptomoedas. Ele lembrou que o país discute localmente sobre as regulações desse mercado.
No futuro, ele acredita que plataformas de criptomoedas e DeFi, de redes como Ethereum e Cardano, por exemplo, deverão ser grandes Big Techs, que deverão receber atenção dos reguladores locais.
Ele acredita que esses sistemas ainda estão muito no início e não se sabe se no futuro terão influências positivas ou negativas, mas certamente mudarão as finanças.