“Bitcoin é um dinheiro da internet”, esse foi o primeiro impacto

O Livecoins conversou com um dos primeiros a conhecer o Bitcoin no Brasil!

Muitas pessoas têm a dúvida de como eram os primeiros dias do Bitcoin no Brasil. Ao ter seu artigo lançado em 2008, a rede foi ao ar pela primeira vez em 2009, e até hoje o dinheiro da internet (Bitcoin) não parou de funcionar.

Com os debates iniciais todos em inglês, o Bitcoin teve uma comunidade inicial forte nos Estados Unidos, com figuras conhecidas até hoje. Em seu início, o Bitcoin era uma tecnologia promissora, e seu preço não valia tanto como hoje. Mesmo assim, despertou interesse de várias pessoas ao redor do mundo.

No Brasil, o cenário inicial é pouco conhecido, mas gradualmente alguns entusiastas vão se apresentando e contando a história. O mais famoso certamente foi Dâniel Fraga, que gravou vídeo sobre o Bitcoin ainda em 2012. Dessa forma, o Livecoins bateu um papo com Rodrigo, brasileiro que foi o responsável pela tradução do Whitepaper do Bitcoin para português.

Originalmente lançado por Satoshi Nakamoto em inglês, Rodrigo afirma que “leu o material em uma sentada”. O teor técnico do Bitcoin e a explicação sobre o potencial que tem essa tecnologia, pode ser melhor entendido pelo entusiasta brasileiro. Leia abaixo nossa entrevista na íntegra:

Livecoins – Quando você conheceu o white paper que apresenta a tecnologia do Bitcoin? Como você conheceu esse projeto?

Rodrigo – Então, eu conheci o Bitcoin em 2013, como um “dinheiro da internet”, mas não me preocupei e não quis mais saber sobre isso. Em 2014, trabalhando no UOL como desenvolvedor eu assisti a uma palestra do Flávio Pripas sobre o Bitcoin. Na época, ele tinha uma exchange chamada BitInvest, que depois foi vendida para outra corretora.

Durante a palestra, Flávio apresentou de maneira um pouco mais técnica o Bitcoin, os fundamentos e o potencial que ele tinha. Foi paixão a primeira vista, e conhecedor da tecnologia, foi quando comecei a vasculhar e resolvi aprender mais sobre isso.

Meu primeiro contato nos estudos foi com vídeos e aquilo que eu tinha acesso ali primariamente. Depois cai no paper do Bitcoin, foi assim que eu conheci.

Livecoins – Ao se deparar com a ideia/debate, o que te chamou atenção no primeiro momento? Você teve mais interesse pela tecnologia ou preço?

Rodrigo – O primeiro aspecto que me chamou atenção e me saltou aos olhos foi a questão da descentralização. Com essa tecnologia, é possível ter um ambiente de tecnologia no qual a gente consegue fazer troca de ativos sem a necessidade de uma autoridade centralizadora.

Eu me considero um descentralista por natureza, penso que essa é uma boa maneira para de fato abordar boa parte dos nossos problemas. Acredito ainda que essa é a maneira mais eficaz, mais antifrágil. Quando conheci o Bitcoin, já era adepto do software livre, crowdsourcing, crowdfunding, toda essa ideia já era muito conhecida.

Junto do Bitcoin, eu me deparei com o libertarianismo, que é mais uma corrente político-ideológica que eu sigo. Na ocasião, eu já tinha um grande asco do cenário político brasileiro, mundial também, então acredito que veio todas as soluções em um pacote só.

“É revolucionário para valer”, afirmou Rodrigo

Com relação ao preço ou tecnologia, quando eu conheci o Bitcoin não se falava tanto em preço, mas era buscado entender mais o que a tecnologia traria de bem para a sociedade. Na verdade, preço nunca me chamou atenção no Bitcoin, só depois de 2017 para frente.

Livecoins – Quanto tempo demorou para que você terminasse a leitura do artigo e entendesse a ideia? Você chegou a duvidar ou questionar os fundamentos? Como foi o seu impacto?

Rodrigo – Então, eu li o artigo [do Bitcoin] em uma sentada só, e depois li e reli pelo menos uma três vezes. Após ler bastante, tive que pesquisar alguns assuntos do artigo que não conhecia, como merkle tree, busquei entender sobre o nounce, e fui fazendo pequenas pesquisas dentro dos conceitos que o artigo trazia.

Eu não tive nenhuma dúvida quanto a tecnologia e nem questionei o Bitcoin, até porque, quando conheci, já fazia cinco anos que a rede funcionava de forma ininterrupta. O que me preocupou foram algumas vulnerabilidades, como o ataque 51%, entre outros.

Na época [2014], alguns hackers fizeram uma botnet e tomaram o Yahoo, e eu temi ver o Bitcoin passar pelo mesmo, mas hoje em dia, os riscos que eu temia de início penso que não são mais uma realidade, afirmou o entusiasta brasileiro

Livecoins – A nacionalidade e origem de Satoshi Nakamoto, o criador do Bitcoin, são desconhecidas. Mesmo assim, todos os debates públicos dessa figura eram em inglês. Quando você conheceu o Bitcoin já havia conteúdos em português?

Rodrigo – Quando eu conheci o Bitcoin, tinha pouco conteúdo em português, a grande maioria era em inglês. Contudo, como eu não tinha dificuldade com o inglês, me adaptei bem.

O que eu mais senti falta no início foi de comunidades, visto que em 2014 éramos poucos no Brasil. Em 2015, entretanto, Fernando Ulrich lançou o seu livro Bitcoin A Moeda na Era Digital, o que nos ajudou a ter mais literatura no país e uma referência sobre o assunto. De qualquer forma, foi a partir de conteúdo em inglês que fui formando meu conhecimento.

Livecoins – Quanto tempo demorou até que você resolvesse traduzir o white paper do Bitcoin e disponibilizar para outras pessoas? Por que você sentiu a necessidade de fazer isso?

Rodrigo – Logo nos primeiros meses, quando comecei a me aprofundar no conteúdo, eu pensei que o white paper deveria estar em português. Eu faço trabalhos voluntários de tradução de livros técnicos da minha área, já traduzi livros, artigos, com o objetivo de difundir o conceito.

“Se acho que algo é positivo e vai trazer benefícios para a sociedade, penso que deve ser difundido”, afirma Rodrigo, responsável pela tradução do White Paper do Bitcoin para português

O interessante seria o povo brasileiro consumir conteúdo em inglês, mas na falta, sentia que era importante ter o paper em português. Isso porque, dessa forma o povo brasileiro poderia conhecer a ideia e essa se difundir ainda mais.

Livecoins – Qual foi a sua experiência mais interessante com o Bitcoin na sua opinião? Porque você viu sentido nessa tecnologia?

Rodrigo – A primeira experiência interessante que eu tive foi de um familiar que estava nos Estados Unidos e eu queria enviar dinheiro para ele. Eu acho que se tenho um recurso e quero compartilhar ele com alguém, isso deve ser feito sem intermediários, e acredito que assim deve ser com o dinheiro.

As empresas que prestam serviço de envio de dinheiro para fora do país cobram caro por um serviço simples. Dessa forma, eu pude comprar Bitcoin em uma corretora e enviar para meu familiar em minutos, sem intermediários, “o melhor dos mundos” com a tecnologia.

Livecoins – Pergunta polêmica: o Bitcoin é uma moeda ou um ativo financeiro?

Rodrigo – Julgo que são ambas as coisas e muito mais, nem Satoshi quando criou o Bitcoin tinha noção do tamanho da revolução que ele fazia. São várias aplicações que a blockchain pode proporcionar.

Livecoins – Qual é o preço certo para cada unidade do Bitcoin em sua opinião? Quanto custava quando você conheceu?

Rodrigo – Quando conheci o Bitcoin, cada unidade da moeda era R$ 800, sendo que hoje está além de 60 mil. Eu entendo que o potencial de valorização do Bitcoin é grande, por um fator: a adoção em massa.

Entendo isso pela adoção, não pela especulação, pois quando as pessoas utilizaram a moeda, que é escassa, seu valor tende a inflacionar muito. Esse é o meu conceito com relação ao preço do Bitcoin, como enxergo o potencial de valorização.

Livecoins – Você trabalha no setor de criptomoedas ou já trabalhou? O Bitcoin ainda é parte do seu cotidiano?

Rodrigo – Não trabalho e nunca trabalhei, mas quase iniciei uma startup com amigos. O projeto, que era para financiamento de outras empresas, teria o Bitcoin como um dos meios de pagamentos. Contudo, o projeto não chegou a evoluir.

Livecoins – Você se considera um early adopter no Brasil? Quem você enxerga como referência no país?

Rodrigo – Não me considero tanto um early adopter, já existiam alguns grupos e pessoas quando eu iniciei. Apesar de um movimento pequeno, os brasileiros já estavam lá.

Como referências, o primeiro que conheci é o Fernando Ulrich, mas hoje temos o Richard Rytenband também, que fala bem na parte de economia e estuda as criptomoedas. Na época, o empreendedor que mais me chamou atenção foi o Rodrigo Batista, do Mercado Bitcoin, que consolidou uma importante empresa e colocou a pele em risco. Esses são os que mais me chamam atenção na comunidade, desde aquela época.

Livecoins – Nos últimos anos vários golpes tomaram conta da imagem do Bitcoin e acabaram apresentando a moeda de uma forma falsa O que você acha que pode ser feito para mudar essa visão?

Rodrigo – Com educação iremos eliminar esse efeito da história do Bitcoin, uma vez que há mais fraudes com moedas fiduciárias do que com criptomoedas. Além disso, com uma maior adoção, as pessoas terão mais conhecimento, e eventualmente, essas fraudes que aconteceram no passado serão irrisórias.

Aquelas pessoas que julgam os crimes com Bitcoin se esquecem de casos famosos, como os R$ 51 milhões encontrados no apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Isso mostra que o Bitcoin pode ser até utilizado por pessoas criminosas, mas não tem nada a ver com a tecnologia.

Livecoins – Qual o melhor caminho para uma pessoa que queira investir no Bitcoin?

Rodrigo – A melhor maneira de investir e conhecer o Bitcoin é pegar um dia de entretenimento seu e comprar a moeda. Uma noite de balada, abre mão dela e compra a moeda. Com esse dinheiro, faça todos os experimentos possíveis, abre conta em corretora, manda a moeda, usa as ferramentas, entenda os conceitos, na prática é melhor.

Após conhecer a tecnologia e entender o potencial, se julgar que faz sentido ter mais, ai sim compra como um investimento. Primeiramente, contudo, é importante saber com o que você está lidando.

Livecoins – Você apresenta o white paper para conhecidos? Você acha importante as pessoas lerem esse material? Por quê?

Rodrigo – Não apresento tanto porque muitos não se interessam em conteúdos mais técnicos. Poucos sabem como funciona um avião, às vezes sabem que ele consegue voar, mas não se preocupa com o como, muitos acabam apenas aceitando.

Contudo, caso você veja que o Bitcoin deve fazer parte do seu portfólio de investimentos, qual é o risco que você está exposto? Então, ler o white paper te deixa mais ciente da tecnologia, dos riscos que você corre e dos fundamentos desse investimento.

Livecoins – Você acha que o Brasil é um país que poderia tirar proveito desta tecnologia? Qual a dica você dá para os brasileiros que estão nos lendo?

Rodrigo – Com certeza, não só o Brasil, como qualquer país poderia tirar proveito da tecnologia. Eu acho que no Brasil o problema é que não temos liberdade, o estado interfere bastante na vida da população, é ridiculo o que a gente tem aqui.

Analisando rankings de liberdade economica, o Brasil é sempre um dos piores, comparados até com países ditatoriais. Acho que nem é tanto da tecnologia, mas sim de liberdade, e vejo que esse é um grande risco da adoção de Bitcoin no país.

A dica final que posso dar aos brasileiros é estude, e use os seus conhecimentos ao seu favor. Não deixe os seus bitcoins em exchanges e estude, que é o seu conhecimento que vai te libertar.

$100 de bônus de boas vindas. Crie sua conta na melhor corretora de criptomoedas do mercado ganhe até 100 USDT em cashback. Cadastre-se

Siga o Livecoins no Google News.

Curta no Facebook, TwitterInstagram.

Entre no nosso grupo exclusivo do WhatsApp | Siga também no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube.

Leia mais sobre:
Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

Últimas notícias

Últimas notícias