Michael Saylor, fundador e CEO da MicroStrategy, falou sobre Bitcoin e outros assuntos globais em uma conversa de quatro horas com Lex Fridman. O vídeo, postado no canal homônimo de Fridman na quinta-feira (14), está disponível no final desta matéria.
Hoje a MicroStrategy é uma das maiores baleias de Bitcoin, possuindo mais de 125.000 bitcoins em caixa. Tal montante se equivale a 24 bilhões de reais. Além disso, o próprio Saylor também já converteu boa parte de sua fortuna em Bitcoin.
Com amplo conhecimento em macroeconomia, o bilionário também deu uma aula sobre inflação, governo, guerra e outros ativos. Por fim, também sobrou espaço para falar sobre outras duas figuras marcantes, Elon Musk e Jack Dorsey, bem como outros assuntos como conselhos para os jovens e mortalidade.
Conflito de interesse
Apesar da conversa amigável, o entrevistador não deixou de fazer perguntas mais ácidas. Notando que tanto o bilionário quanto sua empresa são uns dos maiores detentores de Bitcoin do mundo, e que seu Twitter possui 1,8 milhão de seguidores, Lex Fridman insiste em perguntar a Saylor se não há conflito de interesse em seus tuítes relacionados a criptomoeda.
“Penso que você pode promover uma propriedade ou uma ideia na medida que você não controla ela”, responde Saylor. “Julgo que o ponto em que você começa a ter um conflito de interesse é quando você está promovendo um título/ação.”
Finalizando, Saylor explica que nunca promoveu as ações de sua empresa, a MicroStrategy, e que qualquer um pode criar um Twitter para promover “petróleo, camping ou valores familiares”. Contudo, é confrontado novamente, com Fridman afirmando que promover o Bitcoin pode lhe gerar riqueza, ao contrário de “camping”.
O que faz o Bitcoin ser tão bom, segundo Saylor
Em outro trecho da conversa, sobre o criador do Bitcoin, Michael Saylor afirma que ele não é Satoshi Nakamoto, obviamente. Em seguida, lista pontos que julga serem de suma importância para o Bitcoin ser o que é.
- Fundador anônimo;
- Sumiço do fundador;
- Moedas de Satoshi nunca foram movidas;
- Não-realização de uma oferta inicial de moedas (ICO);
- Nenhum patrocínio corporativo;
- Ter sido negociado por 15 meses sem valor comercial;
- A simplicidade do protocolo;
- O resultado da “guerra dos blocos” (entre BTC e BCH).
“Todos esses pontos se somam à propriedade comum, são todos indicadores de uma propriedade digital, diferente de um título/ação. Se Satoshi estivesse por aí com 50 bilhões de dólares em Bitcoin, isso não mudaria esta propriedade, mas enfraqueceria essa propriedade digital.”, finalizou Michael Saylor, fundador da MicroStrategy.
Ainda sobre as moedas de Satoshi, Saylor nota que pagou 4 bilhões de dólares por seus bitcoins e que a história seria bem diferente se ele tivesse esses bitcoins de graça, ou por um preço muito barato.
“Quando o risco era maior, o custo era menor e então, ao longo do tempo, o risco tornou-se menor e o custo tornou-se maior.”
Entrando em questões éticas, Saylor explica que seria difícil imaginar Satoshi em atividade, mudando detalhes técnicos do Bitcoin, ao longo de 10 anos, enquanto possui 1 milhão de BTC no bolso.
Bitcoin ainda está em seu estágio inicial
Em relação ao risco/retorno, o fundador da MicroStrategy afirma que ainda estamos no início deste movimento, apesar do preço do Bitcoin já ter batido os 69 mil dólares em 2021.
“Penso que toda a cripto-economia está em um estágio muito embrionário”
Além de afirmar que a adoção do Bitcoin ainda é pequena, entre 1 e 2%, o bilionário nota que a Lightning Network é um belo exemplo de como ainda estamos no começo. Como destaque, aponta que seu uso comercial tem menos de 12 meses e que grandes exchanges como Coinbase, FTX e Binance ainda não a usam.
Por fim, Saylor se considera um maximalista e não vê potencial em outras criptomoedas. Quando questionado sobre qual seria a segunda melhor, o bilionário afirmou que uma stablecoin lastreada em dólar poderia ser a resposta.
A longa conversa de quatro horas entre Lex Fridman e Michael Saylor está disponível na íntegra abaixo.