Criptomoedas privadas como o Bitcoin irão desaparecer, já que elas “falharam miseravelmente como dinheiro”, disse Ravi Menon, diretor do banco central de Cingapura e membro do Fórum Econômico mundial (WEF).
Falando sobre o futuro do sistema monetário na manhã desta terça-feira (28), Menon disse que as pessoas estão comprando criptomoedas “apenas para ganhar dinheiro rápido através da especulação”.
Ele acrescentou que, ao contrário dos desenvolvedores de criptomoedas, os governos estão criando um novo sistema financeiro ‘verdadeiramente funcional’, as moedas digitais de banco centrais (CBDCs).
“Os ativos digitais privados falharam miseravelmente como dinheiro. Eles são incapazes de reter seu valor a longo prazo e tornar-se equivalentes ao valor. Portanto, ninguém mantém suas economias nesses ativos por muito tempo. As pessoas estão comprando e vendendo ativos digitais privados apenas para ganhar dinheiro através da especulação”, disse Menon.
Ao contrário do que diz Menon, no entanto, dados da blockchain mostram que mais de 60% dos detentores de Bitcoin mantém suas posses por mais de 5 anos, o que se traduz nos investidores acreditando no valor de longo prazo da moeda digital.
Menon também afirmou que o futuro sistema monetário será composto por apenas três componentes: CBDCs, passivos bancários tokenizados e stablecoins “bem regulamentadas”.
“As criptomoedas privadas, que são tokens digitais nativos, não passam nesse teste, então acho que acabarão desaparecendo”, finalizou.
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Menon destacou o movimento regulatório em direção ao desenvolvimento de moedas digitais, como o Drex e o Dólar digital, que, segundo ele, são “totalmente lastreadas por títulos governamentais ou dinheiro”.
No mesmo painel, M. Rajeshwar Rao, vice-presidente do Reserve Bank of India (RBI), compartilhou insights sobre o progresso das CBDCs.
Ele observou que as moedas digitais dos bancos centrais podem desfrutar de maior sucesso se atenderem às necessidades não atendidas dos usuários e se apoiarem em tecnologias e infraestruturas acessíveis existentes.
Rao também abordou questões críticas de privacidade de dados e segurança cibernética, enfatizando a necessidade de assegurar que as CBDCs sejam tão confiáveis quanto o dinheiro físico. Ele mencionou os esforços do RBI em facilitar transações offline, expandindo o escopo e a acessibilidade das CBDCs.
“A privacidade dos dados é uma preocupação. A segurança cibernética e a resiliência também são questões muito críticas que teremos de garantir para que as CBDCs sejam tão confiáveis quanto a moeda física”, disse.
O RBI está entre os pioneiros na implementação de um piloto de CBDC, ao lado de países com Brasil e China, já envolvendo cerca de 2,75 milhões de participantes. Rao discutiu a possibilidade de expandir ainda mais as aplicações das CBDCs, incluindo transações do mercado monetário interbancário.
Ele ressaltou a necessidade de uma maior reflexão sobre a implementação das CBDCs em uma base multilateral no futuro.