Um casal de hackers investigado pela Operação CryptoScam da Polícia Federal e que roubou US$ 1,4 milhão em criptomoedas (R$ 7,8 mi na cotação do Dólar nesta sexta-feira 18) de um residente em Singapura tiveram seu pedido de habeas corpus negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão se deu após análise do Ministro Carlos Cini na quinta-feira (17), após consulta ao Ministério Público Federal (MPF).
De acordo com apuração do Livecoins, o grupo hacker envolvido nas investigações da polícia federal pode ser o mais antigo em funcionamento no Brasil. Como as investigações seguem em andamento, não há maiores informações sobre apreensões por parte das autoridades.
De qualquer forma, os hackers casados são investigados em duas operações, sendo uma a CryptoScam e a outra a Pharming. Esta última, inclusive, tem ligações com um ataque hacker a Caixa Econômica Federal que roubou fundos da Prefeitura de Montes Claros (MG) em 2020.

Tribunal de origem fundamentou que casal de hackers possuem facilidade em dissipar provas e patrimônios obtidos, o que justifica manutenção da prisão
Um dos fatores que prejudicou a análise do habeas corpus apresentado pela defesa dos hackers foi a facilidade que possuem em dissipar provas e patrimônio, inclusive por meio de criptomoedas.
“Com efeito, vale observar o emprego de meios cibernéticos para movimentações em diversas contas bancárias, inclusive com a utilização de criptoativos, circunstâncias que podem facilitar a dissipação patrimonial e a destruição ou ocultação de provas, reforçando, portanto, a necessidade de segregação dos pacientes. Aliás, tal facilidade na eliminação de provas ainda teria o condão de dificultar a localização do patrimônio eventualmente amealhado com a prática delitiva, em nítido prejuízo a eventual reparação de danos“, disse o tribunal de origem que analisou recurso da defesa.
Além disso, a prisão do casal de hackers envolve uma investigação internacional após queixa crime de autoridades de Singapura, resultando na Operação CryptoScam.
“Referida operação foi deflagrada a partir de notícia-crime em que a Singapore Police Force solicitou a apuração do envolvimento de brasileiros suspeitos de realizar acesso não autorizado a determinada carteira de criptoativos, em que houve a subtração de 1,4 milhões de dólares pertencentes a uma vítima residente em Singapura, em transferências efetuadas entre os dias 08-01-2024 e 18-01-2024, por uma possível organização criminosa transnacional“, diz trecho de análise do ministro do STJ.
Antes, outra operação da PF já havia mirado casal
Entre 2020 e 2024, uma empresa de fachada dos hackers movimentou mais de R$ 10,5 milhões, o que também chamou atenção das autoridades brasileiras. Isso porque, eles não tinham emprego formal e nenhum motivo para expressivo giro financeiro. O grupo também utilizava contatos para seus crimes, inclusive familiares.
Parte deste recurso tem relação até com um ataque hacker sob investigação na Caixa Econômica Federal, que lesou conta da Prefeitura Municipal de Montes Claros (MG).
“A 2ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte/MG autorizou, na denominada operação “PHARMING”, deflagrada pela Polícia Federal em 24/07/2024, especificamente em face de JACKSON *** e LUCIANE ***, em razão de fraudes cibernéticas ocorridas contra a conta bancária na CEF da Prefeitura de Montes Claros/MG, entre os dias 28/01/2020 e 29/01/2020“, diz trecho do processo.
Por fim, com todos os elementos analisados o ministro do STJ não conheceu do habeas corpus. Assim, tudo indica que o casal segue a disposição da justiça enquanto tramita as investigações.