China testa dinheiro digital com prazo de validade

O governo Chinês está implementando milhões de câmeras de reconhecimento facial nas ruas, o que possibilita multas instantâneas para quem burlar regras.

A China iniciou testes com sua moeda digital emitida pelo Banco Central (CBDC), uma nova forma de dinheiro estatal eletrônico. A vantagem para o governo é o maior controle, permitindo monitorar de forma mais direta a economia, além das movimentações realizadas pelas pessoas e empresas.

Não obstante, o CBDC busca acabar com qualquer forma de privacidade, inclusive o uso do dinheiro em espécie, portanto, não-rastreável.

Outro sonho do governo chinês é estabelecer uma moeda de uso internacional, uma alternativa ao dólar para os demais países.

CBDC é uma criptomoeda?

Não. No caso do projeto Chinês, não há menção de uso de blockchain. Até o momento não há discussão entre governos e Bancos Centrais para emitir uma criptomoeda utilizando uma rede pública, como Bitcoin ou Ethereum.

Na grande maioria dos casos, é um sistema centralizado, sem validadores externos ou controle por parte dos usuários.

No entanto, estas moedas digitais emitidas por Bancos Centrais (CBDC) podem utilizar carteiras digitais, ou wallets, muito parecidas com as que estamos acostumados. É possível até mesmo o uso de chaves privadas, ou biometria, para controlar os endereços na rede, assegurados pela criptografia.

O sistema Chinês já está em funcionamento?

Sim, embora em período de testes. Mais de 100 mil usuários baixaram o aplicativo, e já podem realizar compras em estabelecimentos incluindo McDonald’s e Starbucks. A ideia é que o novo sistema conviva com o tradicional por algum tempo, e não há plano para conversão total da moeda para o meio digital.

Qual a diferença para o Yuan, a moeda local?

Primeiramente, não há necessidade de bancos intermediários. Programas de incentivo e estímulo econômico podem ocorrer de forma direta, e da mesma forma, sanções e proibições.

Nesse sentido, o governo Chinês está implementando milhões de câmeras de reconhecimento facial nas ruas, o que possibilita multas instantâneas para quem burlar regras.

No entanto, em relação ao valor da moeda frente aos demais ativos, não há nenhuma mudança. Substituir o atual formato por um meio digital não altera a atratividade da moeda, regras de emissão, ou grau de aceitação internacional.

O dólar norte-americano trabalha com notas impressas de 3 ou 4 décadas atrás e segue dominando o cenário.

Quais as vantagens para a população?

Nenhuma. O governo Chinês menciona inclusive a possibilidade de limitar quanto cada indivíduo pode ter de dinheiro no novo CBDC, restringir sua circulação, e até mesmo colocar um prazo de validade nas moedas, quando considerar necessário estimular gastos.

Em suma, o novo dinheiro eletrônico emitido por Bancos Centrais não é uma criptomoeda, e embora possa vir a integrar conceitos de criptografia, carteiras digitais, e até mesmo blockchains (privadas ou públicas), não deve ser confundido com Bitcoin ou similares.

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Marcel Pechman
Marcel Pechman
Marcel Pechman é trader e analista de criptomoedas desde 2017. Atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Além de YouTuber em seu canal RadarBTC, foi reconhecido em diversas premiações como um dos maiores interlocutores do Bitcoin do país. Maximalista convicto, acredita na falência da moeda fiduciária, aquela emitida por governos.

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