O sindicalista Secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Sistema Financeiro (CONTRAF-CUT), Roberto von der Osten, disse em um programa de rádio nos últimos dias que o crescimento do Bitcoin é inevitável.
Acompanhando o mercado financeiro há alguns anos, principalmente no setor bancário, Roberto vê haver uma diminuição nas ofertas de trabalho neste setor, desde antes da pandemia. Isso já era um cenário em discussão, visto que as novas tecnologias e empresas estão criando facilidades com uso da internet.
Em conversa com o Brasil Latino, programa semanal do Jornal da USP, ele comentou sobre os assuntos que são de interesse da população que utiliza serviços financeiros no país, principalmente neste contexto de digitalização das empresas.
Em rádio, sindicalista da CUT declarou que avanços digitais surgiram com força nos últimos anos
Apresentado por Marcos Piva, o Brasil Latino conversou no início de outubro com Roberto von der Osten, que luta há alguns anos pelos direitos trabalhistas dos bancários no Brasil.
Em sua conversa, ele foi perguntado sobre os anos de 1985 até 2021, onde houve uma diminuição de metade dos funcionários dos bancos no país. Isso foi acompanhado pela digitalização dos produtos e serviços bancários, fintechs e, mais recentemente, até pelas criptomoedas, avaliou o sindicalista.
Roberto lembrou que essa realidade, contudo, não é exclusiva do Brasil, visto que vários países da América Latina também tem visto menos oferta de emprego em bancos. Isso acontece mesmo com uma parte expressiva da população ainda desbancarizada na região.
Para Roberto, assim como as agências bancárias estão sumindo, o dinheiro físico é uma realidade que não deve durar por muito tempo. Ele lembra que muitas operações foram privatizadas e os sindicatos não tiveram um sucesso em frear esse crescimento.
“Crescimento do uso de criptomoedas como o Bitcoin é inevitável”
Após conversar com Roberto sobre vários assuntos relacionados aos bancos, Marcos Piva perguntou ao sindicalista da CUT sobre a sua visão do Bitcoin, um assunto que tem rendido no cenário internacional.
O apresentador do Brasil Latino lembrou que o Banco Central já discute a criação de uma moeda digital, mas que El Salvador legalizou o Bitcoin como moeda de curso legal.
“Como você avalia esse movimento do Bitcoin, ele pode vir a substituir o padrão monetário atual que a gente conhece no mundo?”
Para o sindicalista da CUT, é evidente que o mundo vem notando uma diminuição do dinheiro em espécie que circula no mundo, sejam moedas metálicas ou de papel. O Banco Central do Brasil, por exemplo, conduz um experimento, com o PIX e o Real digital, para eliminar o dinheiro em espécie.
Assim, ele acredita que o dinheiro digital, como o Bitcoin ou do banco central é inevitável na sociedade futura. O sindicalista afirmou que ainda desconfia do sistema do Bitcoin e não se aventurou a manipular essa tecnologia, mas que seus filhos já não usam dinheiro em espécie mais.
Dessa forma, as lideranças sindicais deverão começar a estudar essas novas tecnologias para procurar entender as mudanças que atravessam o mundo, afirmou Roberto, que acompanhou a entrada dos computadores nos bancos. Ao Jornal da USP, o sindicalista disse que essa digitalização toda, apesar de iminente, poderá causar desemprego para a população.
Vale lembrar que o Partido dos Trabalhadores no Brasil, o PT, é quem dirige a CUT no Brasil. Recentemente, o ex-candidato a presidente pelo partido, Fernando Haddad criticou a adoção de Bitcoin por El Salvador.
