Das dimensões do bitcoin

Há uma discrepância entre 0 e infinito no valor final atribuído ao preço do bitcoin por distintos grupos. A causa desta discrepância são as dimensões do bitcoin, que é um protocolo de rede, escrito em software livre, com aplicações para financeiras (paralelas a).

Os mais conservadores atribuem ao bitcoin o valor 0, no outro extremo, não há limite, de onde vem esta discrepância?

Existem 3 tribos, a financeira, os devs (desenvolvedores), e o marketing (claro…), das quais emanam pontos de vistas conflitantes, cada qual tem uma ideia de preço justo, transformando o mercado em um ring.

A tribo financeira precifica ativos pelo valor presente do fluxo de caixa, um imóvel alugado dá origem a pagamentos mensais, que livres de descontos, é um rendimento ao proprietário.

A projeção futura de todo o dinheiro que um imóvel pode gerar é trazida ao valor presente em um saque imaginário, este saque deve ser superior ao preço pago pelo imóvel, do contrário é um mau negócio.

Qual o fluxo de caixa o bitcoin gera? nenhum. Logo, a única forma de fazer dinheiro é vender a outro por um preço maior, este outro tem nome, a greater fool, um tolo ainda maior, como a tribo financeira estuda história, bitcoin é a tulipa holandesa do século XVII.

Fim.

No outro extremo, os devs piram com o bitcoin. Desde os anos 80 se pesquisa dinheiro digital, trinta anos depois, o bitcoin está no ar (um minuto de silêncio pelo napster).

Popular, democrática, livre; imagina ser aceito como dinheiro (estou em 2008). Porém o melhor aspecto do bitcoin é o plug and play., é uma dor de cabeça a quem administra redes, colocar um nó em uma rede sem que o conjunto se desestabilize. O bitcoin é tão bem feito que isso acontece ao natural e sem um controle externo sobre isso.

Isso é incrível e tem mais.

Bitcoin é um protocolo de rede, e redes funcionam em camadas (amm… como uma torta, sorry), funcionalidades não presentes em uma, podem ser incluídas em camadas superiores (a cereja), a lightning network é um exemplo disso, tornando pequenos pagamentos (cafezinho) viáveis serem feitos com bitcoin.

Assim, comparar hoje bitcoin com ethereum com o argumento de que o bitcoin não oferece smart contracts, é como dizer que uma casa é melhor do que um terreno, porque nela se pode morar, quem assim fala não vê que neste terreno pode ser construído um prédio que além de abrigar mais gente, faz sombra à casa ao lado.

Mas existe um revés, assim como o ethereum cresceu por ser tão bom, e agora não dá para usar por ser tão caro (uma simplificação severa do custo da transação), quanto mais utilidade houver no bitcoin, menos bitcoin precisaremos.

Me explico.

Bitcoin funciona por transações, o que se envia são satoshis, satoshis são os centavos do bitcoin, a menor transação possível é o envio de 1 satoshi, este satoshi, embora precificado em centavos de dólar, pode representar a propriedade de um terreno, hoje não, mas no futuro isso será possível.

O nome disso é tokenização de ativos, a rede omni roda sobre a bitcoin (camada 2) e permite a emissão de tokens sobre o bitcoin, o tether começou sendo emitido na rede omni, então, um envio de tether, implicava um envio de omni, e por fim, um envio de bitcoin quando a transação fosse arquivada (settling, clearing), então, embora desconheça uma estrutura existente para tokenizar ativos imobiliários no bitcoin, tecnologicamente isso é possível, e vejo isso vindo.

Mas não se esqueça; isso ocorrendo, uns poucos satoshi são suficientes, mesmo que seu preço seja poucos centavos, isso reduz a demanda por bitcoin mesmo com o uso aumentando, a eficiência é deflacionária, fazendo-se mais com menos, precisa-se menos e usa-se mais.

Entre estas duas tribos, existe o pessoal do marketing, que quando não estuda com seriedade aquilo que comunica, promove além da conta o que sabidamente ou não, não merece tanta prosa, o ar de tulipa que desacredita os devs vem de gritar-se lobo à toa, quando ele vem, ninguém vai.

Não só o preço final, mas o candle atual é desconhecido até por quem conduz o mercado, ambos os lados têm argumentos, mas a estrutura do que já existe é pouco compreendida porque é pouco estudada.

Os devs precisam de auxílio do marketing para comunicar corretamente o que a tecnologia pode fazer, e não de um hype enfogueirador, quando os financeiros entenderem o lado sério por trás da tecnologia por haverem a experimentado (e não apenas especulado), terão uma base sólida para opinar.

Ainda estamos longe desta praia.

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fernando bender
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Doutor em engenharia elétrica pela ufrgs, dev manager na greenfield.

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