Após o co-fundador da Tether participar de uma entrevista na Squawk Box, um curto trecho chamou a atenção de diversas pessoas. Uma delas foi John Reed Stark, ex-chefe na SEC, que imediatamente chamou a maior stablecoin da indústria de ser um esquema Ponzi.
No trecho em questão, Reeve Collins é questionado sobre os motivos da Tether nunca ter mostrado suas reservas ao público. Sua resposta foi evasiva, obviamente, como sua empresa é desde sua criação há mais de oito anos.
Entretanto, o mercado vive um momento único, com corretoras correndo contra o tempo para mostrar que não estão trabalhando com reservas fracionárias. Portanto, isso pode estar aumentando a pressão sobre a Tether.
Em maio deste ano, a empresa já passou por uma “corrida aos bancos” após a quebra da stablecoin UST da LUNA contagiar o mercado. A USDT processou cerca de 17 bilhões de dólares em saques na época, ou cerca de 20% de seu valor de mercado e até hoje usa isso a seu favor, notando que está financeiramente saudável.
Mas e se os saques forem ainda maiores, a Tether teria dinheiro para honrar todos eles? Essa é a pergunta que todos gostariam de saber a resposta, independente de qual seja.
Em agosto deste ano a Tether afirmou ter reduzido suas participações em papéis comerciais, refletindo as preocupações da empresa, mas sua contabilidade geral segue um mistério.
A resposta evasiva do cofundador da Tether
Após entrevistar Sam Bankman-Fried da FTX, Andrew Sorkin conversou com Reeve Collins, cofundador da Tether, na última sexta-feira (2). A principal pergunta, obviamente, foi sobre as reservas de sua empresa.
“Deixe me perguntar, sobre os problemas de confiança relacionados a Tether”, disse Sorkin, citando exemplos de jornais desconfiados com a mesma. “Se você tem reservas, por que você não as mostra?”
A resposta, como pode ser vista abaixo, gera ainda mais dúvidas sobre o modelo de negócios da empresa.
“Bem, o que posso dizer é que, nos últimos oito anos da história operacional do Tether, eles sempre resgataram cada token por exatamente US$ 1”, respondeu Collins. “Vendi a empresa no final de 2015 e os princípios continuaram a operar, na minha opinião, com o melhor absoluto de sua capacidade e com as melhores táticas de mitigação de risco do setor, [a Tether] resistiu ao teste do tempo.”
"Why don't you show the reserves?" @andrewrsorkin asks @Tether_to co-founder @Reeve_Collins: pic.twitter.com/dBkRxMaoZf
— Squawk Box (@SquawkCNBC) December 2, 2022
Ex-SEC comenta entrevista, afirmando que Tether está operando um esquema Ponzi
Com mais depósitos que retiradas, é difícil imaginar que um negócio quebre de imediato. Como exemplo, a pirâmide de Bernard Madoff durou quase 20 anos. Ou seja, o “teste do tempo” citado por Collins é irrelevante.
Sendo assim, até mesmo John Reed, ex-oficial da SEC por 18 anos, mostrou-se surpreso com a resposta de Collins, afirmando que a Tether é uma pirâmide financeira.
“Uau, diga-nos que o Tether está executando um esquema Ponzi sem nos dizer que o Tether está executando um esquema Ponzi. Apenas ouça suas respostas. Na minha opinião, como ex-funcionário da SEC de 18 anos, a evasão/desvio/falta de capacidade de resposta me faz acreditar que o Tether é uma pirâmide de cartas.”
Por fim, alguns comentários mostram que a Tether se parece bastante com a FTX e que não sobreviveria a uma corrida de saques. Já um usuário compartilhou a capa de um jornal de julho de 1920 sobre Charles Ponzi.
“Ponzi não revelará segredo comercial.”