Miles Suter, executivo da Block (empresa de Jack Dorsey, fundador do Twitter), defendeu o uso do Bitcoin como moeda durante a conferência Bitcoin 2025. Seu discurso vai na contramão do mercado, que majoritariamente vê o ativo como uma reserva de valor, ou seja, um ouro digital.
Como destaque, Suter revelou que sua empresa está obtendo rendimentos de 9,7% ao ano sobre seus bitcoins. Como comparação, isso é mais que o dobro da taxa básica de juros dos EUA e quase três vezes maior que os lucros com staking de Ether (ETH).
Essa receita é obtida através da Lightning Network (LN), onde a empresa recebe pequenas frações de Bitcoin para rotear transações.
Segundo informações do site 1ML, hoje a “c=” (subsidiária da Block focada na LN) possui um node com capacidade de 188,7 bitcoins (R$ 115 milhões). Portanto, seus rendimentos ficaram em torno de 18,3 BTC ao ano, cerca de R$ 11 milhões na cotação atual.
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Executivo da Block defende Bitcoin como moeda e fala sobre rendimentos na Lightning Network
Embora o Bitcoin tenha sido apresentado como um projeto de dinheiro eletrônico por seu criador, Satoshi Nakamoto, a criptomoeda se tornou uma espécie de ouro digital devido à sua escassez.
Durante a conferência Bitcoin 2025, sendo realizada nesta semana nos EUA, muitos palestrantes abordaram justamente este ponto, falando sobre reservas estratégicas por empresas e países enquanto faziam suas previsões de preço.
No entanto, Miles Suter, executivo da Block, apresentou um discurso diferente, mostrando que também é possível lucrar com o Bitcoin sendo usado como moeda.
“A visão original, aquela do título do white paper, ‘dinheiro eletrônico ponto a ponto’, ainda é, em grande parte, um sonho. Usamos o Bitcoin para guardar valor, proteger, nos desvincular do sistema, mas raramente o usamos para viver.”
“Na Block, Inc., acreditamos que isso precisa mudar, porque se o Bitcoin não for utilizado, se não se tornar um dinheiro do dia a dia, ele corre o risco de não cumprir a grande missão que inspirou tantos de nós ao redor do mundo”, iniciou Miles.
Como destaque, o executivo aponta que sua empresa passará a fornecer a capacidade de processar esses pagamentos em Bitcoin para milhões de negócios e pontos de venda da Square.
O que mais chamou atenção em sua apresentação, no entanto, foram os rendimentos que eles estão tendo com seu node da Lightning Network.
“Em 2024 vimos um aumento de 7 vezes no volume de pagamentos via Lightning em comparação ao ano anterior. E esse uso continua crescendo hoje. Um em cada quatro pagamentos de Bitcoin que fazemos para fora agora ocorre na Lightning”, apontou Suter.
“Na camada de infraestrutura, estamos gerando quase 10% de retorno em Bitcoin sobre Bitcoin ao rotearmos de forma eficiente pagamentos reais através da Lightning Network. Esse retorno não vem de staking em altcoins ou de especulação imprudente. Ele vem da resolução de problemas complexos de roteamento em tempo real, e são retornos reais em Bitcoin, obtidos por meio das nossas reservas corporativas, apoiando casos reais de uso de pagamentos.”
Suter destaca que isso torna a rede fica mais forte, mais inteligente e mais útil.
Dados do site 1ML apontam que hoje a “c=”, subsidiária da Block, possui 188,7 bitcoins (R$ 115 milhões) em seu node na Lightning Network. Além de serem o 7º maior por capacidade, tal node também é o 14º em número de canais conectados.
Conforme muitas transações passam por seu node, especialmente por conta das próprias soluções de pagamento da Block para comerciantes, isso explica esses altos rendimentos em Bitcoin.
“Então, por que os pagamentos em Bitcoin são importantes? Na Block, acreditamos que o mundo precisa de uma moeda nativa da internet”, comentou Suter. “Acreditamos que a Lightning é fundamental para tornar o Bitcoin mais prático e acessível para o uso diário e para as pessoas do dia a dia.”
Independente disso, alguns usuários destacaram nas redes sociais que essa operação é complexa, questionando a durabilidade desse rendimento dado que a LN é conhecida por ter muito menos segurança que o Bitcoin em si, estando suscetível a diferentes ataques.
Portanto, até mesmo o desinteresse de outras empresas devido ao alto risco pode ajudar a explicar esses números.
Block está se tornando uma das empresas mais influentes do Bitcoin
Em outro trecho, Miles Suter destaca que a Block está há mais de 10 anos trabalhando com o Bitcoin. Além disso, a empresa não para de apresentar novas soluções.
Como exemplo, é notado que a Block começou a aceitar pagamentos em Bitcoin através da Square Market ainda em 2013, mas que a ideia não teve tração justamente por chegarem tão cedo.
Em 2018, a empresa passou a permitir a compra e venda de Bitcoin através do Cash App. Já em 2019 eles criaram a Spiral para dar suporte a projetos de código aberto, seguido pela criação da COPA (Crypto Open Patent Aliance) em 2020.
Mais tarde, em 2024, a COPA derrotou Craig Wright nos tribunais, provando que o australiano não foi o criador do Bitcoin.
Neste meio tempo, a Block também lançou diversos outros produtos, incluindo a carteira Bitkey e uma iniciativa voltada à mineração da criptomoeda. No momento desta redação, a Block detém 8.584 bitcoins (R$ 5,2 bilhões), aparecendo entre as 10 empresas públicas com o maior número de moedas em caixa.
A apresentação completa de Miles pode ser assistida no vídeo abaixo, já no tempo selecionado.