Falando em mandarim, seu idioma nativo, Changpeng Zhao respondeu perguntas sobre diversos temas em conversa com o jornalista Colin Wu. Além de relembrar sua infância, o fundador da Binance também falou sobre a falida FTX, Ethereum, Solana, listagem de memecoins, China e o seu retorno ao mercado.
Após abandonar o cargo de CEO da Binance em novembro de 2023, CZ anunciou na semana passada que estará trabalhando na Binance Labs, agora chamada YZi Labs, para ajudar outros empreendedores do setor.
Segundo dados da Forbes, hoje Zhao possui uma fortuna de US$ 65,1 bilhões (R$ 385 bilhões), sendo a 24ª pessoa mais rica do mundo.
Ethereum vive uma crise de relações-públicas, diz CZ da Binance
Recentemente um desenvolvedor do Ethereum abandonou o projeto culpando políticas “woke”. Antes disso, o criador da criptomoeda, Vitalik Buterin, falou sobre mudanças na liderança da Ethereum Foundation, mostrando-se chateado pela pressão da comunidade, mas notando que já estava pensando em substituições.
Para Changpeng Zhao, fundador da Binance, o Ethereum vive um momento de crise de relações-públicas, mas continua muito forte.
“Vitalik é um gênio técnico, e isso não pode ser ignorado ou negado.”
“Ele inventou coisas como ERC-20, NFTs e os Soul-Bound Tokens, todas elas originadas do Ethereum. Sua contribuição para a indústria é enorme”, comentou CZ. “Mesmo que o preço do Ethereum não tenha aumentado muito no curto prazo, seu valor de mercado geral ainda é impressionante.”
Embora tenha se destacado nos ciclos anteriores, o desempenho do Ethereum está fraco nos últimos quatro anos.
CZ fala sobre listagens de criptomoedas e febre das memecoins
Em outra pergunta, o jornalista Colin Wu aponta que antigamente a listagem de criptomoedas em corretoras centralizadas marcava o início de um rali de alta, mas que agora esse momento parece ser o pico de preço.
Em resposta, Changpeng Zhao nota que corretoras do calibre da Binance buscam listar criptomoedas que já estão grandes, evitando listar moedas de US$ 10 milhões que poderiam passar por uma grande volatilidade.
“Para grandes corretoras, evitar flutuações excessivas de preço significa focar em tokens com maior capitalização de mercado.”
“Dito isso, as plataformas maiores ainda podem encontrar maneiras de apoiar tokens menores, como criando zonas de inovação ou permitindo suporte para eles em carteiras Web3”, comentou CZ. “Pessoalmente, acho que a Binance poderia ter feito melhor nessa área. Nos últimos um ou dois anos, minha atenção foi dividida devido a questões regulatórias nos EUA e alguns assuntos pessoais.”
Em relação às memecoins, comumente listadas pela Binance e outras concorrentes, CZ aponta que isso se deve a regulação do mercado. Afinal, essas moedas não sofrem nenhuma represália política.
“Nos últimos anos, a SEC, sob o comando de Gary Gensler, classificou a maioria dos tokens como valores mobiliários, com exceção daqueles que não possuem casos de uso claros — como as memecoins”, comentou CZ.
“Memecoins não têm utilidade real ou promessas, o que as torna menos propensas a enfrentar processos judiciais.”
Falando sobre a força que a Solana ganhou no mercado de memecoins, Zhao especula que isso tenha ligação com a falida FTX e com golpes de suas vítimas.
“A Solana tinha vínculos estreitos com a FTX, e após o colapso da FTX, muitas pessoas na Solana que perderam dinheiro recorreram a esquemas de pump-and-dump.”
No momento desta redação, a Solana é a quinta maior criptomoeda do mercado, estando na frente da BNB por uma diferença de US$ 16 bilhões em valor de mercado.
China deve usar Hong Kong para testar políticas sobre criptomoedas, diz fundador da Binance
A conversa entre os dois chineses obviamente foi parar na China. Segundo Zhao, “uma estratégia inteligente da China usar Hong Kong como um campo de testes”.
Logo após os EUA aprovarem uma dezena de ETFs de Bitcoin, Hong Kong foi um dos primeiros locais a seguir esses passos.
“Após conversas recentes com alguns funcionários de alto escalão das agências regulatórias de Hong Kong, sinto que Hong Kong está começando a adotar uma postura mais flexível.”
“Com o avanço dos Estados Unidos na regulamentação das criptomoedas, Hong Kong não pode se dar ao luxo de ficar para trás. Acredito que Hong Kong em breve fará ajustes substanciais e positivos”, finalizou Zhao, citando que o Japão também passou por essa transformação nos últimos anos.
A entrevista completa pode ser assistida no vídeo abaixo, em mandarim e com legendas em inglês.