Para comprar a moeda digital Bitcoin, alguns investidores buscam maneiras alternativas, como os fundos. No Brasil, os fundos que investem em Bitcoin já têm mais que R$ 100 milhões investidos em 2020, marca importante até aqui.
De fato, é uma novidade no país os fundos de investimentos que trabalham com criptomoedas. Além disso, com o Bitcoin sendo uma moeda que ainda não possuí regulamentação no Brasil, a modalidade de investimentos tem características próprias.
Isso porque, desde 2018, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), permite apenas a exposição indireta aos chamados criptoativos. Mesmo assim, esses investimentos não têm sido um empecilho aos brasileiros, que aumentam sua exposição à moeda digital.
Fundos de investimentos que trabalham com Bitcoin no Brasil já acumulam R$ 100 milhões de patrimônio líquido
O Bitcoin é uma moeda digital criada em 2009, por Satoshi Nakamoto, que funciona pela internet. Seu objetivo, desde o início, é ser uma moeda sem fronteiras e ligações com entidades centralizadas, como bancos centrais.
Cunhada dentro do movimento cypherpunk, a moeda digital seria uma forma das pessoas se libertar das moedas fiduciárias. Em 2020, com o halving do Bitcoin diminuindo sua inflação pela metade, por exemplo, a moeda digital ganhou ainda mais força em sua narrativa, ao passo que os bancos centrais imprimiram grande quantidade de dinheiro para o combate à pandemia.
Contudo, nem todos os investidores querem comprar essa moeda digital diretamente e guardar em carteiras seguras. Alguns preferem se expor ao Bitcoin através de terceiros, como corretoras e até fundos de investimentos.
Dessa forma, no Brasil, dentre os investidores que se expõem ao Bitcoin, os fundos se tornam uma alternativa comum em 2020. De acordo com um levantamento feito pela QR Asset Management, para matéria do O Globo, são gestoras operando o segmento no país.
Dessas, são sete veículos abertos para investimentos pelos brasileiros, que já possuem um patrimônio de R$ 116 milhões. Cabe o destaque que o valor ultrapassa os R$ 100 milhões, ajudado pela alta do dólar ante o real, superior a 30% apenas em 2020. O dólar hoje está cotado a R$ 5,30 por unidade, tendo iniciado o ano em R$ 4,01.
Crescimento de 1800% em número de cotistas chama atenção dos fundos
De acordo com O Globo, em janeiro de 2019 haviam apenas 371 cotistas de fundos de Bitcoin no Brasil. Entretanto, nesse início de julho de 2020, já são 7410 investidores cotistas de fundos, um aumento superior a 1800%. Isso é muito importante para o mercado, principalmente com as restrições ainda impostas ao setor junto à CVM.
Contudo, de todo o valor aplicado nos fundos, nem todo o montante está alocado em criptomoedas. Considerando apenas o que está em moedas digitais, o valor cai para R$ 84,9 milhões. Isso porque, dois fundos operam no máximo 20% do capital em criptomoedas, como o BLP Criptoativos, da BLP e o Discovery da Hashdex. Os outros 80%, no caso destes dois fundos, são aplicados em renda fixa.
Considerando apenas os fundos que trabalham 100% com criptomoedas, estão o Voyager da Hashdex e os geridos pela QR Asset. Para investir nesses fundos, entretanto, é necessário ser um investidor qualificado, com pelo menos R$ 1 milhão disponível.
A reportagem do O Globo destacou ainda um estudo da PwC, que aponta que dobrou o número de investidores de fundos ligados ao Bitcoin no mundo, em relação à 2019. O estudo, lançado no mês de maio, teria apontado que U$ 2 bilhões hoje estão nesses fundos pelo mundo.
O Discovery, da Hashdex, inclusive foi o primeiro do tipo a entrar na XP Investimentos, na última semana (29/06). Esse notório crescimento do mercado de fundos de investimentos é importante para ajudar na adoção do Bitcoin no Brasil, ainda que indiretamente até o momento.