Após um aumento de golpes no setor de saúde no último ano, pesquisadores da USP querem encontrar na blockchain uma solução para o problema.
Conhecida como a tecnologia da confiança, a blockchain começou a funcionar de fato em 2009, quando o Bitcoin foi criado. Sua aplicação então acabou sendo restrita a transações de moedas digitais e a segurança destas.
Com o passar dos anos, mais opções e aplicações da blockchain passaram a ser pesquisadas. De fato, desde a década de 1990 se fala nesta inovação no setor de dados, que agora deverá modificar o cenário também da saúde.
Pesquisadores da USP querem mitigar golpes na saúde com uso da blockchain, entenda
A tecnologia blockchain é uma estrutura de dados na computação que chegou para mudar a forma como se armazena informações. Colocando os dados de forma distribuída, ela permite que as informações sejam replicadas e permaneçam com várias cópias distribuídas em diversos nodes (similar a um servidor).
Com os dados distribuídos, aumenta-se a confiança nos registros, visto qualquer modificação deve ser aprovada pela rede toda. Vale lembrar que após um registro ser inserido na blockchain ele passa a ser imutável, outra característica dessa tecnologia.
Assim, pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, querem agora utilizar a blockchain para mitigar os golpes que têm ocorrido na área da saúde, que atrapalham o bom funcionamento do setor.
Com a blockchain eles esperam criar um banco de dados imutável e que não permita o acesso sem identificação de pessoas, visto que golpes no interior de São Paulo deixaram muitas vítimas nos anos recentes, disse o professor Jó Ueyama.
“Nesse caso, os golpistas tiveram acesso ao nome do familiar, ao número do celular e ao procedimento. Com a blockchain, podemos rastrear quem acessou, que horas e para qual finalidade. Assim, é possível identificar quem repassou os dados para os golpistas, além de incentivar o acesso com maior responsabilidade”.
Blockchain pode ajudar até na privacidade dos dados dos pacientes
Uma das pesquisas que está sendo feita e foi até alvo de uma dissertação de mestrado na USP é sobre o compartilhamento de imagens médicas com uma segunda camada de anonimização. Assim, o projeto permite que a identidade dos pacientes seja preservada, aumentando a confiabilidade dos dados armazenados.
O pesquisador Erikson Júlio de Aguiar lembrou que a aplicação da blockchain na área da saúde difere da vista no Bitcoin, por exemplo.
“A blockchain provê a pseudo-privacidade que, para algumas aplicações, como bitcoin, pode ser interessante. Para a área da saúde, no entanto, isso não é suficiente devido à sensibilidade dos dados. Assim, é necessário combinar outros métodos para melhorar a privacidade”.
Os pesquisadores da USP acreditam que as soluções da blockchain caminham junto aos desafios, visto que há uma falta de capacitação neste setor, assim como a falta de padrões universais de uso da tecnologia. Mesmo assim, eles seguem confiantes no potencial da tecnologia para mudar a realidade da saúde e mitigar o máximo possível esses golpes que afetam o setor.