Golpista se passa por médico para roubar Bitcoin

Publicitário explica como caiu em golpe em que golpista finge ser médico querendo comprar bitcoin com urgência pois precisa realizar uma cirurgia

Com a expansão e sucesso no mercado dos Bitcoin, o número de estelionatários e especialistas em engenharia social, também cresceu. O Publicitário e especialista em Growth de marketing, Roney Laurent, está na lista dos brasileiros vítimas de golpes no mercado de bitcoin.

Com a intenção de alertar a todos que trabalham com a compra e venda de Bitcoin (P2P ou peer-to-peer), Laurent resolveu compartilhar a trágica experiência que teve de ser alvo de estelionato.

Detalhes sobre o golpe

O caso ocorreu no dia 1º de julho de 2019. Segundo Laurent, um suposto médico entrou em contato com ele e disse estar interessado em comprar criptomoedas. O sujeito demostrou urgência na arrematação, pois estaria prestes a realizar uma cirurgia em um paciente e por isso precisava de agilidade na negociação.

Ele entrou em contato comigo por WhatsApp dizendo que atendia em Belo Horizonte em alguns dias da semana e me perguntou se eu aceitava transferência via banco Itaú. Eu disse que sim. Até então, ele parecia ser uma pessoa séria e eu confiei que seria uma negociação verídica”, relata.

O publicitário fez então a cotação combinada e enviou os dados bancários para que o suposto médico realizasse a transferência. O acordo era para que Laurent liberasse a quantia em BTC, assim que o dinheiro fosse depositado em sua conta. Enquanto o tempo corria, o outro homem insistia em ligações telefônicas. Ele exigia que Roney fizesse a transferência dos Bitcoin para a sua carteira.

Nesse meio tempo, Laurent já havia caído no golpe do estelionatário. “Ele conseguiu bloquear meu acesso ao aplicativo do Banco Itaú. Se você não utiliza esse banco, saiba que após várias tentativas de acessar a conta com uma senha errada, eles bloqueiam o acesso ao aplicativo. Por isso, não consegui acessar meu app do banco para confirmar que ele havia realmente realizado a transferência”.

Apreensivo pela situação, a vítima acabou cedendo o pedido do “médico” e fez a liberação das criptomoedas. Mais tarde, quando conseguiu falar com o gerente de sua agência bancária, foi informado que nenhuma quantia em dinheiro havia sido depositada em sua conta naquele dia. Ao perceber que fora mesmo vítima de um golpe, ele contou com a ajuda de pessoas influentes para tentar reverter a situação, entre elas, a especialista em criptomoedas Isnaylha Ereshkigal.

Assim, o publicitário reflete sobre o que aconteceu para auxiliar quem pretende trabalhar com compra e venda de bitcoins de forma segura e rápida, precisa ter no momento de uma negociação.  “Conheça o seu cliente completamente, e se possível, até mesmo peça documentos que comprovem a sua identidade (igual as exchanges fazem no processo de KYC ou Know Your Customer). Jamais transfira quantiaalguma durante um momento de tensão!”, compartilhou.

Leia o depoimento de Roney Laurent na íntegra

O golpe de engenharia social

No dia 1° de Julho de 2019, recebi o contato de um suposto “médico”, que estava interessado em comprar bitcoins. Segundo ele, precisava negociar rápido, afinal, precisava entrar para uma cirurgia de urgência que tinha que realizar num paciente e seu tempo estava muito corrido.

Ele entrou em contato comigo por WhatsApp (o contato dele era +55 37 9949-6900) dizendo que atendia em Belo Horizonte em alguns dias da semana e me perguntou se eu aceitava transferência via banco Itaú. Eu disse que sim. Até então, ele parecia ser uma pessoa séria e eu confiei que seria uma negociação verídica.

Assim, fiz a cotação pra ele na quantia solicitada e enviei meus dados bancários para que realizasse a transferência. Até aí, tudo bem! Fiquei aguardando o dinheiro cair na minha conta bancária… e nada de chegar nenhuma notificação no meu aplicativo.

Alguns minutos se passaram e ele enviou um comprovante de transferência no meu WhatsApp. Eu agradeci pela transferência, mas disse que não enviaria a quantia em BTC, enquanto o dinheiro não estivesse realmente na minha conta. Nesse tempo, ele me ligou várias vezes dizendo que ainda não tinha recebido o código hash da transferência dos bitcoins. Novamente, eu disse que somente enviaria após ter certeza que o dinheiro estava na minha conta bancária.

Enquanto isso, ele conseguiu bloquear meu acesso ao aplicativo do Banco Itaú. Se você não utiliza esse banco, saiba que após várias tentativas de acessar a conta com uma senha errada, eles bloqueiam o acesso ao aplicativo. Por isso, não consegui acessar meu app do banco para confirmar que ele havia realmente realizado a transferência.

Após perceber que minha conta havia sido bloqueada, tentei entrar em contato com meu gerente por telefone diversas vezes, mas sem sucesso. Enquanto isso, o estelionatário me ligava incessantemente, perguntando se eu já havia transferido os bitcoins para a carteira dele (após ele ligar dezenas de vezes, eu atendi dizendo que não podia enviar sem o pagamento).

Após muitas tentativas de comunicação com minha agência bancária e várias ligações do estelionatário no meu WhatsApp (isso já era 22h, lembrando que ele entrou em contato comigo às 19h), eu acabei cometendo o erro de enviar os bitcoins (e ainda fiquei devendo para outras pessoas que me emprestaram).

Após muito custo, consegui falar com meu gerente e ele disse: “Roney, infelizmente não acusamos nenhuma quantia em dinheiro enviada para sua conta hoje“. Depois de receber essa notícia, percebi que estava sendo vítima de um golpe, e que o suposto “médico”, na verdade era um ladrão e estelionatário.

Após tentar falar com o bandido muitas vezes, ele me atendeu e ficou rindo da minha cara. Eu fiquei muito nervoso com toda a situação e contei para alguns conhecidos meus sobre o ocorrido. Uma das primeiras pessoas que contei sobre o relato, foi a Isnaylha Ereshkigal, uma das profissionais do P2P mais reconhecidas e respeitadas no mercado brasileiro de criptomoedas.

A Isnaylha ficou muito comovida com o que ocorreu comigo, me deu muitos conselhos e confiou em mim várias vezes, devido à minha notoriedade no mercado e pelos trabalhos bem sucedidos que realizei no ecossistema de criptomoedas. Além disso, sou muito grato pela confiança que ela depositou em mim desde o início. Ela merece todo reconhecimento do mundo!

Coincidentemente, depois de algumas horas, o bandido entrou em contato com ela no intuito de “comprar bitcoins”, ou melhor, roubar bitcoins. Como eu havia conversado com ela sobre todo o ocorrido e informado o telefone de contato do bandido, ela identificou que a pessoa que tinha tentado contato, era o mesmo estelionatário que tinha me roubado.

Após identificar que era o bandido, a Isnaylha entrou em contato comigo dizendo que o mesmo golpista tinha tentado contato com ela. Por isso, eu disse: “Isnaylha, ele deve te ligar de novo. Quando ele te ligar, grave a ligação“. Claramente, foi exatamente o que ocorreu, o bandido ligou novamente e ela conseguiu gravou toda a conversa.

Ele disse pra ela que já havia roubado outras pessoas e que fazia isso por diversão. Além disso, disse que devolveria meu dinheiro (mas obviamente não devolveu). Após ouvir o áudio gravado, fiquei ainda mais nervoso e frustrado com toda a situação. Fiquei vários dias sem dormir e tentei falar com o bandido diversas vezes. Infelizmente, fui lesado e não recuperei meu dinheiro de volta. Além disso, fui na delegacia e fui informado pelos policiais que devido à complexidade do crime, seria muito difícil encontrar o estelionatário.

Desejo sucesso nas suas negociações de bitcoin no P2P. O ocorrido serviu como um aprendizado pra mim e espero que seja pra você também.

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Alguns prints de como funciona o Golpe

Suposto comprador pede bitcoins, envia comprovante falso, bloqueia conta bancária do vendedor para impossibilitar verificação de saldo e pressiona envio de bitcoins.

 

A partir daqui o golpista passa a agir como se não soubesse nada e às vezes continua a fazer falsas afirmações.

O golpista teve que ouvir algumas verdades de Roney:

 

 

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Jeferson Scholz
Jeferson Scholz
Jornalista. Escrevi dois artigos acadêmicos publicados no congresso de comunicação INTERCOM, e fui diretor do documentário universitário "Planeta dos Desmortos - O Mito Zumbi".

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