Uma cruel modalidade de crime organizado está vitimando brasileiros atraídos por promessas de uma vida melhor no exterior. O Governo Federal emitiu um novo alerta no dia 11 de julho sobre o aumento do tráfico de pessoas para países do Sudeste Asiático, aliciados por falsas vagas de emprego, mas que ao chegarem são obrigados a aplicar até golpes com criptomoedas.
Nos países mencionados no alerta, os cidadãos ao chegarem ao destino, são mantidos em cativeiro e forçados a se tornarem operadores de fraudes digitais.
O aliciamento começa de forma sutil e sedutora na internet. Organizações criminosas usam as redes sociais e aplicativos de mensagens para divulgar supostas oportunidades de trabalho em nações como Camboja, Mianmar e Laos.
As propostas geralmente envolvem cargos em empresas de tecnologia ou turismo, oferecendo salários atrativos em dólar, passagens aéreas pagas e despesas de moradia cobertas, criando um cenário irresistível para quem busca crescimento profissional e financeiro fora do Brasil.
A dura realidade se impõe no momento do desembarque, quando o sonho rapidamente se transforma em um pesadelo quando os passaportes das vítimas são confiscados. Elas são levadas para complexos fortificados e mantidas em regime de cativeiro, com a liberdade totalmente cerceada. A comunicação com familiares e amigos é restringida e vigiada, marcando o início de um ciclo de exploração e violência.
Governo do Brasil alerta que brasileiros levados a empregos dos sonhos desembarcam em realidade totalmente diferente
Nesses cativeiros, os brasileiros são coagidos a uma forma moderna de trabalho escravo. Eles se tornam a linha de frente de operações criminosas globais, sendo obrigados a aplicar golpes cibernéticos em larga escala.
O treinamento é intenso e a pressão por resultados é constante, com metas diárias de vítimas a serem enganadas. A recusa ou o fracasso em cumprir as metas pode resultar em punições severas.
O foco principal dessas quadrilhas são os golpes com criptomoedas. As vítimas traficadas são instruídas a criar perfis falsos e a abordar pessoas de países ocidentais, construindo uma relação de confiança para depois levar as vítimas a investir em plataformas de criptoativos fraudulentas.
Elas manipulam as vítimas do outro lado da tela, simulando lucros para incentivar aportes cada vez maiores, até que o dinheiro desaparece por completo.
Além das fraudes com ativos digitais, os brasileiros são forçados a operar outros tipos de crimes, como o golpe do romance, onde um falso relacionamento é usado para extorquir dinheiro, e esquemas de investimento falsos.
A situação se agrava ainda mais quando as vítimas, sob ameaça, são obrigadas a aliciar outros brasileiros, geralmente amigos ou conhecidos, perpetuando o ciclo e transformando a vítima em uma ferramenta para expandir a rede de tráfico.
Rede de Proteção e Como Evitar a Armadilha
Diante do aumento de casos, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores, tem intensificado as campanhas de alerta.
O Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas já apontava essa tendência preocupante. A principal recomendação é a prevenção, pois o crime se inicia com a busca voluntária da vítima por uma oportunidade no exterior, o que a torna mais suscetível ao engano.
As autoridades federais aconselham uma desconfiança radical de propostas que parecem boas demais para ser verdade. É fundamental pesquisar a fundo a reputação da empresa contratante, verificar a existência de uma representação consular brasileira no país de destino e jamais entregar documentos pessoais a terceiros.
Ofertas que chegam por canais informais e que pressionam por uma decisão rápida são um grande sinal de perigo.
Para quem já se encontra nessa situação ou conhece alguém que possa ser uma vítima, o Governo Federal mantém canais de ajuda ativos. Assim, é crucial procurar imediatamente a Embaixada ou o Consulado do Brasil mais próximo.
Fora do horário comercial, o Itamaraty disponibiliza um telefone de plantão consular para emergências, com o número +55 (61) 98260-0610.
As denúncias também podem ser feitas de forma anônima e segura por meio do Disque 100 e do Ligue 180 (WhatsApp: +55 61 99610-0180).
Ao retornarem ao Brasil, as vítimas resgatadas não ficam desamparadas. Uma rede de proteção coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública oferece o acolhimento necessário.
Vale o destaque que falsas propostas de emprego também oferecem falsas ilusões em países próximos do Brasil. Como noticiado pelo Livecoins, um brasileiro foi uma das vítimas de uma rede que leva pessoas para o Uruguai para aplicação de golpes em maio de 2025, já sob investigação da Polícia Federal.