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Governo do Ceará nega registro de Banco Comunitário do Bitcoin, por enquanto

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O movimento Praia Bitcoin Jericoacoara (CE) teve negado o pedido de criação de um Banco Comunitário de Bitcoin pelo Governo do Ceará. Agora, os idealizadores do projeto conhecido como Bitcoin Beach Brazil no X, aguardam a resposta do embargo de declaração protocolado logo após a negativa da casa civil para nova apreciação.

Isso porque, na visão do governo cearense, o primeiro pedido não atendeu a todas as especificações exigidas por lei para criação de um banco social. Os idealizadores entendem que a autoridade ofereceu uma resposta rasa e fora de contexto, demonstrando uma possível falta de entendimento sobre o assunto.

Assim, em conversa com o Livecoins, Fernando Motolese, um dos cofundadores do movimento no Ceará indica que está em conversas com seu advogado Eric Linhares para compreender as mudanças necessárias e efetuá-las.

O funcionamento do Praia Bitcoin Jericoacoara se dá como um projeto social, e não como uma forma evoluída como o banco comunitário. Assim, o registro negado pelo Governo do Ceará do Banco Comunitário de Bitcoin se deu para fins de enquadramento e reconhecimento com base na Lei de Economia Solidária, que é o que realmente acontece ali“, explicou Linhares para a reportagem.

Motivos apresentados pela Casa Civil receberam contestação pela equipe do projeto

A comunidade de Jericoacoara, um dos destinos paradisíacos brasileiros para turistas de todo o mundo, já compreenderam o potencial do bitcoin.

Além de trabalhar com uma moeda descentralizada e sem fronteiras, a comunidade local se inspira no movimento Bitcoin Beach de El Salvador. Isso porque o Praia Bitcoin utiliza o bitcoin como meio de troca e vem apoiando diversos projetos pelo mundo a adotarem tecnologias desenvolvidas e testadas na própria vila de Jericoacoara.

Assim, a ideia de um Banco Comunitário de Bitcoin na forma de banco social pretende mitigar eventuais desafios para a população, como o acesso a pequenas frações de bitcoin com burocracia reduzida.

Ao negar o pedido, o Governo do Ceará, por meio da Casa Civil, disse que a proposta do Banco Comunitário de Bitcoin não atendia requisitos.

Motivos apresentados pela Casa Civil do Governo do Ceará (Reprodução).
Governo do Ceará negou a criação do primeiro Banco Comunitário de Bitcoin no Brasil (Reprodução).

Entenda as contestações do projeto Praia Bitcoin, ponto a ponto:

1. “Ausência de regulamentação específica”

A falta de regulamentação consolidada no Brasil para ativos digitais compromete a segurança jurídica do projeto.

Comentário do Praia Bitcoin: Essa afirmação está incorreta. O Brasil aprovou a Lei nº 14.478 em dezembro de 2022, que define legalmente os ativos virtuais e estabelece as bases para a regulamentação dos prestadores de serviços. A lei está em vigor e atribui ao Banco Central a supervisão para os casos de uso em pagamentos. Embora regulamentações complementares ainda estejam em desenvolvimento, a existência da lei já oferece uma base legal. Nosso projeto não opera em um vácuo jurídico.

2. “Riscos de conformidade devido à descentralização”

A estrutura descentralizada e anônima do Bitcoin apresenta desafios significativos ao cumprimento da legislação contra lavagem de dinheiro.

Comentário do Praia Bitcoin: O Bitcoin não é anônimo. Ele é pseudônimo e transparente por design, com todas as transações registradas em um livro-razão público. Existem diversas ferramentas de conformidade capazes de monitorar transações em Bitcoin, já utilizadas com sucesso por instituições reguladas em todo o mundo. Afirmações genéricas como esta ignoram as melhores práticas internacionais e as soluções já disponíveis.

3. “Volatilidade do Bitcoin”

A alta volatilidade dos ativos digitais representa um risco direto para a economia local.

Comentário do Praia Bitcoin: Essa afirmação desconsidera a forma como o Bitcoin é utilizado em nosso contexto. Usamos o Bitcoin como uma rede de pagamentos, não como produto de investimento. Com ferramentas como a Lightning Network, os pagamentos são quase instantâneos e protegidos das oscilações de preço. A volatilidade não é uma barreira para o uso diário quando o valor é transacionado ou convertido imediatamente.

4. “Incompatibilidade com a economia solidária”

O modelo proposto não está alinhado com os princípios de autossustentabilidade e desenvolvimento comunitário previstos na Política Estadual de Fomento à Economia Solidária.

Comentário do Praia Bitcoin: Nossa iniciativa é um exemplo vivo de economia solidária. Foi construída pela e para a comunidade local, com ações como educação de base, manutenção de serviços públicos, conserto de laboratórios digitais e apoio a comerciantes. Promovemos inclusão financeira e soberania, sem intermediários movidos por lucro. Sugerir que isso é incompatível com a economia solidária é um equívoco quanto à nossa missão e à própria política mencionada.

5. “Complexidade técnica pode excluir a população”

A complexidade do Bitcoin dificultaria a inclusão financeira e limitaria o acesso local.

Comentário do Praia Bitcoin: Essa suposição é ultrapassada e paternalista. Nos últimos dois anos, já introduzimos mais de mil pessoas às carteiras Bitcoin e capacitamos mais de 60 comerciantes e moradores no uso da Lightning Network. Nossa abordagem é presencial, educativa e focada na acessibilidade. A complexidade não tem sido uma barreira quando há orientação prática e ferramentas adequadas.

6. Parecer final do Governo

Pelos motivos expostos, o projeto é incompatível com o marco legal atual e com os princípios da economia solidária aplicáveis à região.

Comentário do Praia Bitcoin: Em vez de adaptar políticas para apoiar a inovação local, essa resposta tenta enquadrar uma solução transformadora em categorias ultrapassadas. Ignora os resultados concretos já alcançados por nós e desconsidera os avanços do Brasil na regulamentação dos ativos digitais. Nosso trabalho reflete um compromisso genuíno com o desenvolvimento comunitário, a educação e a adoção responsável de novas tecnologias.

Primeiro Banco Comunitário do Bitcoin no Brasil pode vir no Nordeste, se Governo do Ceará aprovar nova proposta e permitir que o satoshi se torne uma moeda social

Em uma publicação oficial no X, o perfil do projeto social indica que aguarda uma avaliação, o que indica que o Governo do Ceará ainda pode aprovar o primeiro Banco Comunitário e Social de Bitcoin do mundo.

“Solicitamos atenção especial das autoridades para avaliar nosso embargo de declaração, visando a constituição formal do Primeiro Banco Comunitário de Bitcoin do mundo, que opera informalmente em Jericoacoara.

Utilizamos o Bitcoin como meio de troca para fins sociais e educativos, promovendo inclusão financeira e transformação social, que não pode continuar incerta.

A autorização para o funcionamento do Banco Comunitário de Bitcoin de Jericoacoara proporcionará maior segurança para todos envolvidos e acesso a pequenas frações de bitcoin aos moradores, sem riscos à economia tradicional.”

Caso se confirme, a medida pode beneficiar a população local, indica Motolese, que acredita no futuro da comunidade de forma sustentável e responsável desde o início em 2021.

Além disso, as autoridades foram convidadas a participarem do quarto aniversário do Praia Bitcoin no dia 6 e 7 de Setembro para que conheçam a fundo as operações do experimento e possam acelerar a aprovação do pedido para criação do banco comunitário e utilização do Bitcoin como moeda social.

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Gustavo Bertolucci

Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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Gustavo Bertolucci