Blockchain como um mecanismo de evasão de sanções? Criptomoedas para combater o domínio financeiro dos EUA? Esse é o cenário pintado por um relatório publicado recentemente pela Fundação Americana de Defesa da Democracia (AFDD).
A entidade por trás da análise é um instituto de pesquisa que define sua missão como realizar estudos para fornecer opções políticas para “fortalecer a segurança nacional dos EUA e reduzir ou eliminar ameaças criadas pelos adversários e inimigos dos Estados Unidos e outras nações livres”.
Uma das principais preocupações listadas no relatório da AFDD é a Petro da Venezuela, que é descrita como um fiasco. Com relação à Rússia, a opção por um Rublo (moeda russa) “digital” é considerada distante, embora o relatório reconheça que instituições russas estão envolvidas no lançamento de soluções blockchain e que o país está buscando sistemas de pagamento que possam ser usados fora do SWIFT.
As sanções contra o Irã são mencionadas como um gatilho para a adoção acelerada da tecnologia blockchain, com a ajuda da Rússia. O país do Oriente Médio é considerado especialmente interessado em encontrar uma maneira de substituir o sistema SWIFT.
Finalmente, a China também é mencionada no relatório, embora a motivação para a sua entrada na corrida blockchain seja considerada diferente de evitar sanções. O AFDD considera que o país está focado em diminuir a influência dos EUA no sistema financeiro global.
“Embora as criptomoedas e a tecnologia blockchain possam beneficiar milhões de consumidores ao reduzir o papel dos intermediários e aumentar a transparência, os adversários dos EUA veem esse desenvolvimento como uma oportunidade para reduzir a capacidade de Washington de impor sanções econômicas, que dependem de intermediários como bancos tradicionais para monitorar o cumprimento”.
Eles reconheceram que A blockchain resolve vários problemas, como criar um sistema eficiente removendo intermediários. No entanto, esses intermediários são os que ajudam os EUA a impor sanções a nações hostis aos EUA, como Rússia, Irã, Venezuela e China.
Eles continuam dizendo que esses países estão procurando diminuir a força das sanções unilaterais e multilaterais ao desenvolver sistemas alternativos de pagamento para o comércio global. Eles restringiram o acesso de seus cidadãos às criptomoedas existentes enquanto exploram o desenvolvimento de uma moeda digital lastreada pelo Estado.
Os autores do relatório alertam sobre essa nova tecnologia que criou um caminho potencial para sistemas alternativos de transferência de valor financeiro fora do controle dos EUA.
Eles terminam o relatório dizendo que os formuladores de políticas financeiras dos EUA devem considerar os riscos para a competitividade dos EUA se os bancos em nações adversárias ganharem vantagem sobre os EUA no desenvolvimento de blockchain.
“Washington precisa garantir que, se a tecnologia blockchain for adotada, ela de se desenvolver de maneira a expandir a transparência, a liberdade e a prosperidade do século passado. O caminho a seguir não é apenas considerar as ameaças que emanam de vários tipos de tecnologia financeira, mas pensar de forma mais criativa sobre como o sistema financeiro global deve se adaptar à mudança tecnológica”.