A Crema Finance, um projeto de DeFi, sofreu um grande hack há um ano, em julho de 2022. Na data, cerca de US$ 8,8 milhões (R$ 43 milhões) foram roubados.
Tentando reaver parte dos fundos, a Crema conseguiu um acordo com o hacker. Os termos eram simples: o hacker ficava com US$ 1,6 milhão, devolvia US$ 7,2 milhões e saia livre das acusações.
No entanto, tudo indica que os EUA prenderam tal hacker, ignorando o acordo. Em documento publicado nesta terça-feira (11), o Departamento de Justiça americano informou a prisão de Shakeeb Ahmed pela manhã.
Embora não mencione a Crema Finance, os EUA se referem ao projeto como uma “corretora de criptomoedas” que “funciona na blockchain Solana”.
Além disso, o documento afirma Ahmed obteve cerca de US$ 9 milhões ilegalmente, ficando com US$ 1,5 milhão após devolver o montante restante. As datas mencionadas, início de julho de 2022, e outros termos técnicos também batem com as informações sobre o hack da Crema Finance.
Hacker acessou site da corretora após hack e pesquisou por advogados com experiência em casos similares
Um dos pontos que mais chama atenção na nota do Departamento de Justiça dos EUA é o comportamento do hacker após ter roubado R$ 43 milhões da Crema Finance.
Segundo o DoJ, Shakeeb Ahmed fez buscas na internet sobre como sair dos EUA para evitar acusações criminais, bem como pesquisou por advogados de defesa que tivessem experiência em casos semelhantes.
“Aproximadamente dois dias após o ataque, Ahmed realizou uma pesquisa pelo termo “defi hack”, leu vários artigos de notícias sobre o hack da Corretora e visitou várias páginas no site da Corretora”, informou o DoJ. “Como outro exemplo, Ahmed realizou pesquisas ou visitou sites relacionados às acusações, inclusive pesquisando o termo “fraude eletrônica” e o termo “lavagem de evidências.”
Por fim, o hacker também teria pesquisado os termos “posso atravessar a fronteira com criptomoedas”, “como impedir o governo federal de apreender bens” e “compra de cidadania”. Além do site da corretora, Ahmed também visitou outro com o título “16 países onde seus investimentos podem comprar cidadania”.
Hacker fechou acordo com projeto que roubou, mas EUA não perdoou
O próprio processo aponta que Shakeeb Ahmed realizou um acordo com a Crema Finance, citada como ‘corretora de criptomoedas’, mas isso não foi suficiente para livrá-lo das acusações.
“Após o ataque e já em posse das taxas roubadas em criptomoedas, Shakeeb Ahmed, o réu, decidiu devolver uma parte substancial dos lucros da fraude à corretora […] se a corretora não denunciasse seu esquema fraudulento às autoridades”, informa o documento do DoJ. “Ahmed acabou ficando com aproximadamente US$ 1,5 milhão em criptomoedas obtidas de forma fraudulenta.”
Parte da quantia foi convertida para Monero (XMR), uma criptomoeda famosa por seu anonimato. O hacker de 34 anos está sendo acusado de fraude e lavagem de dinheiro e pode pegar até 40 anos de prisão.
Por fim, o DoJ aponta que Ahmed trabalhava como engenheiro de segurança sênior em uma empresa internacional e usou seus conhecimentos técnicos para fraudar a corretora descentralizada.