Uma hacker de Montes Claros (MG), que vendia cursos piratas de medicina pela internet e ocultava valores em criptomoedas, se tornou alvo da “Operação Hipócrates“, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal.
Durante as buscas, a PCDF entendeu que quem comprou os cursos com o hacker pode se tornar cúmplice, respondendo pelos crimes de receptação.
Na ação desta quarta-feira (8), a polícia civil agiu por meio da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, a Propriedade Material e a Fraudes (Corf) e apoio do MPDFT. Além disso, a Polícia Civil de Minas Gerais apoiou a operação para coibir a fraude pela internet.
Entenda a ação criminosa de hacker que utilizou criptomoedas para ocultar lucros com venda ilegal de cursos de medicina
A Operação Hipócrates agiu para cessar o comércio clandestino de videoaulas e apostilas destinados a estudantes do curso de medicina de todas as faculdades do Brasil.
Pela manhã, agentes da PCMG cumpriram mandados de busca e apreensão contra o suspeito em um endereço em Montes Claros. De acordo com a investigação, o hacker tinha grande experiência na invasão de sistemas de cursos online.
O crime consistia em invadir uma plataforma de cursos de medicina, roubando materiais e vendendo por R$ 400,00 pela internet. As obras eram protegidas por lei e comercializadas pela empresa por R$ 15 mil, o que acarretou um prejuízo para a mesma de mais de R$ 117 milhões.
De acordo com o delegado Wisllei Salomão, que coordena as investigações, ao vender os cursos o hacker transformava tudo em criptomoedas.
“Os valores obtidos com os crimes foram transformados, rapidamente, em moedas virtuais.”
Agentes apreenderam carteiras frias de hacker
Durante a operação, os agentes apreenderam três computadores, quatro smartphones e outros diversos dispositivos de armazenamento. Além disso, uma quantia de R$ 130 mil em dinheiro em espécie foi encontrada, assim como apostilas dos cursos oferecidos pela empresa vítima e ainda uma cold wallet, que é um tipo de carteira de criptomoeda.
Além disso, decisão judicial também deferiu o pedido do MPDFT para determinar o bloqueio de todos os ativos virtuais eventualmente existentes na Corretora “Binance” e na “Local Bitcoins”. A justiça autorizou ainda a conversão em reais das criptomoedas na stablecoin USD Coin (USDC), que estão expressos em dólares, segundo nota do MPDFT.
Outros bens encontrados e apreendidos são seis veículos de luxo, dentre eles uma Maserati e duas Mercedes. O nome da empresa lesada não foi revelado pela investigação, nem do suspeito.
Apesar das buscas nesta quarta serem em Minas Gerais, os suspeitos residem em Brasília e o Ministério Público do DF que investiga o caso. Se culpado, o hacker preso pode pegar até 14 anos de prisão.
Clientes do hacker correm riscos
O delegado da polícia civil que coordena as investigações lembrou que quem comprou o curso do hacker é um cúmplice do delito, ao receptar um objeto furto de crime. A pena pode ser de até 4 anos, caso a justiça decida.
“As pessoas que adquiriram o curso serão identificadas e podem responder por receptação, cuja pena é de até quatro anos de reclusão.”
No momento das buscas no endereço do suspeito, uma luminária de homenagem ao bitcoin também estava entre os pertences, mostrando que ele era um fã da moeda digital.