Investigação aponta suspeita de uso de criptomoedas para lavar milhões do tráfico

Segundo a polícia, havia desde 2017 uma atuação em conjunto entre uma facção de amplitude nacional de origem paulista e outra que tem base no Vale dos Sinos. 

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou a Operação Irmandade pela qual prendeu quatro suspeitos de integrar uma quadrilha envolvida com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro com criptomoedas. Há indícios de que o grupo tenha mais de R$ 3,5 milhões em ativos financeiros, incluindo criptomoedas.

O delegado titular da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) do Rio Grande do Sul, Adriano Nonnenmacher, falou ao Livecoins que ainda não há como saber se há criptomoedas. De acordo com ele, a delegacia apenas enviou ofícios para cinco exchanges para ver se tinha saldo e o retorno com as informações pode levar até 30 dias.

“Mandamos para cinco exchanges porque recebemos alguns relatórios da inteligência financeira que indicavam alguns CPFs que tinham criptomoedas. Mas não obtivemos resposta ainda”. 

O que se tem, até então, é a prisão de quatro suspeitos e a apreensão de R$ 173 mil, documentos, armas, telefones celulares, notebooks e veículos de luxo, conforme já havia sido informado pela Polícia Civil.

A operação, coordenada pela Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), contou com atuação de de 330 agentes de segurança pública nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia e Pará.

Foram cumpridos 72 mandados de busca e apreensão, 5 de prisão preventiva, além de bloqueio/indisponibilidade de ativos financeiros, veículos e imóveis, nos seis estados. 

De acordo com a polícia civil, outras 19 prisões temporárias solicitadas foram indeferidas. O pedido de bloqueio de criptomoedas está entre as 385 medidas cautelares solicitadas. 

Além das criptomoedas, a polícia ainda conseguiu que a Justiça concedesse o mandado de bloqueios de ativos bancários, na bolsa de valores e a indisponibilidade de bens imóveis no vale dos Sinos.

Esses bloqueios, no entanto, só ocorrerão se a resposta dos ofícios as entidades financeiras apontar existência de ativos. 

Nonnenmacher menciona que numa investigação sobre lavagem de dinheiro, cabe a investigação enviar ofícios ao Bacen (Banco Central), para a B3 e também para as corretoras de criptomoedas.

Até agora somente veio a resposta da B3. O delegado, porém, afirma que “é preciso ter cautela” e não revela se havia algum ativo encontrado.  

O delegado afirma que há indícios de o grupo usar criptomoedas para lavagem de dinheiro, uma vez que “há informes e relatórios de inteligência” apontando para isso. 

“Eles usam todo o sistema financeiro. Há nos relatórios a informação de que algumas exchanges eram utilizadas por alguns integrantes de grupo”.

O delegado explica que esse tipo de investigação envolvendo criptomoedas guarda complexidade pelo fato de esses ativos não estarem em bancos e haver a possibilidade de a pessoa possuir a hardwallet e fazer negociações diretamente “de pessoa a pessoa” (peer-to-peer) sem a necessidade de ter conta em exchange. 

Logística da investigação

Após dois anos de investigação, a polícia concluiu que alguns milhões em lucros de venda de drogas em diversas cidades gaúchas foram depositados em contas de laranjas espalhados em cinco estados do país, além do Rio Grande do Sul. 

Segundo a polícia, havia desde 2017 uma atuação em conjunto entre uma facção de amplitude nacional de origem paulista e outra que tem base no Vale dos Sinos. 

Durante as investigações, a polícia comprovou a ligação entre um suspeito gaúcho com operadores que atuavam no país. O esquema envolvia 45 operadores responsáveis pela parte financeira e logística. O grupo teria movimentado cerca de  R$ 12 milhões de reais por mês a partir do Rio Grande do Sul, além de distribuição de entorpecentes e lavagem de dinheiro.

O esquema não se limitava entre São Paulo e Rio Grande do sul, mas contava com atuação pelo norte e nordeste do país. Um dos envolvidos havia sido preso pela Polícia Federal no Estado do Pará em flagrante era responsável por operar com aviões e mais de 500kg de cocaína no norte do País.

O líder gaúcho, segundo informações da polícia civil do Rio GRande do Sul, foi preso em São Paulo, em decorrência de investigação no Estado de Minas Gerais por tráfico de entorpecentes em 2020 e, além disso, um irmão dele, nos últimos meses, foi detido durante negociação de uma metralhadora .Cinquenta no Rio de Janeiro com o Comando Vermelho. Outros dois investigados foram presos em 2017 no Estado do Rio de Janeiro com mais de 17 mil munições de vários calibres.

Os alvos gaúchos presos na operação estariam atuando em colaboração a organização criminosa na lavagem de dinheiro vindo do tráfico de drogas. A maior parte dos laranjas era do Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia e São Paulo.

A Operação Irmandade, tem contado também com o apoio logístico do Ministério da Justiça/SEOPI.  Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, a União tem disponibilizado passagens e diárias para policiais dos estados federados em ações de combate às grandes facções criminosas.

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Alexandre Antunes
Alexandre Antunes
Advogado e jornalista. Mestre em Direito Constitucional pelo PPGDC UFF. Pesquisador e professor visitante do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Direito Administrativo Contemporâneo (GDAC).

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