Durante um evento promovido pelo Banco Central do Brasil, um representante da Microsoft no país apresentou uma solução que pode ajudar proteger o Real digital de futuros ataques de computação quântica.
Em sua apresentação, João Paulo Aragão Pereira, um dos cinco autores de um artigo sobre o tema, apresentou os conceitos de uma solução criada pela própria Microsoft. Ele explicou que o foco de sua apresentação seria apenas na segurança.
Aragão destacou que o Banco Central do Brasil está com uma agenda de desenvolvimento da CBDC acelerada, que ele acredita ser mais veloz que de outros países. Além disso, indicou que a solução brasileira está a caminho de se tornar uma referência mundial.
Microsoft apresenta soluções que podem melhorar o Real digital, inclusive na defesa de ataques de computação quântica
O Real digital pode começar testes com a chamada computação confidencial para melhorar a segurança e privacidade de sua solução, sugeriu um artigo da Microsoft Brasil apresentado durante o “Workshop A tokenização das finanças: dos criptoativos às moedas digitais de bancos centrais”. O evento ocorreu na sede do BCB, na última terça-feira (16).
De acordo com o representante da Microsoft, a nova solução tornaria a futura moeda brasileira muito mais segura. A gigante multinacional de tecnologia estuda a computação confidencial há alguns anos, e um artigo recente em seu site explica em detalhes as vantagens da tecnologia.
Uma aplicação segura para a computação confidencial, imaginada pelos autores do artigo, envolve um Atomic Swap entre CBDCs de diferentes países. Como exemplo, ele imaginou um cenário de troca entre uma moeda digital do Brasil e da Colômbia, que com o ambiente sugerido, seria muito mais segura.
O Workshop promovido pelo BCB durou todo o dia e debateu sobre vários aspectos de segurança e inovação do Real digital. Aos interessados, o evento segue disponível no YouTube do BCB.
Computação quântica é uma ameaça imediata a CBDCs?
A computação quântica tem o potencial de impactar a segurança de muitos sistemas criptográficos existentes, incluindo as Moedas Digitais de Banco Central (CBDC, na sigla em inglês). No entanto, é importante ressaltar que, atualmente, a computação quântica está em estágios iniciais de desenvolvimento e implementação prática.
Os computadores quânticos capazes de quebrar algoritmos criptográficos amplamente utilizados ainda não são uma realidade. De qualquer forma, a segurança das CBDCs e de outros sistemas criptográficos é baseada em algoritmos que são considerados seguros em computadores clássicos.
Para mitigar esse potencial problema, está em andamento uma área de pesquisa chamada criptografia pós-quântica. No contexto das CBDCs, os projetos estão cientes dessas preocupações de segurança e estão considerando a necessidade de proteção pós-quântica.
Não só no Brasil, bancos centrais estão explorando soluções criptográficas que possam resistir a ataques realizados por computadores quânticos no futuro. Por fim, a apresentação da Microsoft mostrou que um estudo de viabilidade para resistência a computação quântica está disponível, assim como já foi feito com o Pix no passado.
João Paulo sugeriu testes com os algoritmos CRYSTALS-Dilithium, FALCON e SPHINCS+, para estudar a resistência quântica do Real digital no futuro. Todos os algoritmos possuem validações de acordo com o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA, conhecido como NIST.