Partindo do princípio mais libertário das criptomoedas e do Bitcoin, a Nigéria se tornou o 2° maior mercado P2P de criptomoedas do mundo na plataforma Paxful, atrás apenas dos Estados Unidos.
De acordo com dados da Coin Dance, analisando os dados da Paxful – um mercado de criptomoedas peer-to-peer – desde 2015 a Nigéria vem tendo um volume cada vez maior de bitcoins, tendo movimentado mais de 60,2 mil BTC, avaliados em US $ 566 milhões. Isso coloca o país africado como o segundo maior mercado por volume na Paxful, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
De acordo com os dados, o volume nos últimos anos vem aumentando cerca de 19% por ano. O volume mais alto de Bitcoin negociado até agora foi atingido em 2020, com um total de 20.504,50 bitcoins.
Durante este ano houve um aumento de 30% no volume nacional, justamente durante o lockdown realizado por causa da pandemia. Durante janeiro e setembro de 2020, a Paxful registrou um aumento de 137% em novas contas na Nigéria, de acordo com o Quartz Africa.
Vale destacar que o país tem uma preferência muito maior pelo mercado P2P ao invés das corretoras centralizadas, já que é um mercado muito mais difícil de ser censurado pelo governo. Na África, a Paxful ultrapassou a plataforma LocalBitcoins em junho deste ano, dominando 52% do mercado.
De acordo com Nena Nwachukwu, gerente regional da Paxful Nigéria, os nigerianos representam um grande número da base de usuários da plataforma, formando cerca de 1.3 milhão de usuários.
“Maioria das pessoas usa a plataforma para arbitragem peer-to-peer ou compras. As transferências de grandes valores também são um uso popular.”, disse Nena ao Quartz Africa.
Nigéria usou o Bitcoin contra a repressão do governo
Um dos eventos que pode ter alavancado o uso do Bitcoin no mercado nigeriano, principalmente entre os jovens, foram os recentes protestos contra a violência policial que estava sendo cometida por um grupo de elite da polícia.
Com o governo tentando censurar diferentes formas de envio de doações em dinheiro, a organização do EndSARS passou a pedir o uso do Bitcoin para que a campanha pudesse ser mantida.
Por fim, com o uso do Bitcoin para as doações, os protestos na Nigéria acabaram mantendo sua força e a SARS foi encerrada pelo governo, como pedia os manifestantes. Agora a preocupação se voltou para o Naira, a moeda local do país.
Com uma inflação considerável (15% de 2019 para 2020), a moeda fiduciária do país se mostra instável e incerta para o futuro, fazendo com que o Bitcoin continue ganhando força por lá.