Quantas vezes escutamos o termo “banco de dados descentralizado”, ou, regulação através do consenso? No entanto, quase ninguém se pergunta o que é descentralização. Aceitamos o termo técnico, pois, comparado com o sistema tradicional, as criptomoedas são uma verdadeira revolução.
No Bitcoin não existe uma entidade ou pequeno grupo essencial para a operação, e tampouco conseguem censurar ou reverter transações. O sistema funciona 24 horas, e qualquer um pode auditar a quantidade de moedas em circulação, enviar suas próprias transações, e validar todo o histórico de movimentações de forma independente.
Já na Bolsa de Valores e os Bancos Centrais, é na base da “confiança”, e o usuário, por mais influente que seja, depende de terceiros para movimentar e armazenar seus ativos.
O que é descentralização?
É algo utópico e teórico, uma ausência total de poder ou influência na coordenação do sistema. Qualquer participante do sistema possui a mesma capacidade, conhecimento, habilidade técnica, e capacidade de interferir no funcionamento da rede. É óbvio que isso não existe.
Além disso, descentralização não é um fim, e sim um meio. O objetivo do Bitcoin é dificultar ao máximo que um pequeno grupo, por mais poderoso que seja, tome controle da rede. Nesse caso, estamos falando em realizar transações não autorizadas ou censurar participantes.
Por que o Bitcoin não é descentralizado?
No Bitcoin existem os mineradores, entidades que colocam suas poderosas máquinas especializadas para encontrar a solução do código que une o novo bloco de dados à sequência blockchain existente.
De fato, se um grupo com poder (hashrate) suficiente se unir, é capaz de gerar dados contendo transações inválidas. Dessa forma, cabe aos próprios usuários se coordenarem para ignorar essa sequência de transações.
Além disso, a maioria dos usuários não possui o software (node) para validar as transações por conta própria. Mesmo dentre os entusiastas que o fazem, muitos não possuem conhecimento técnico para validar o código-fonte ou participar dos debates técnicos.
Descentralização é realmente um mito?
Sim. Descentralização é uma escala, que vai de 0 a 99, mas nunca chega a 100. Em última instância, quem “manda” no Bitcoin são os usuários, e isso ficou provado na disputa da solução de escalabilidade, o aumento da capacidade de processamento da rede.
Em resumo, os usuários foram contra o aumento do tamanho do bloco, algo que era apoiado por 80% dos mineradores, além de grandes exchanges e custodiantes. O movimento ficou conhecido como NO2X, e o lado perdedor ficou com a moeda-clone Bitcoin Cash (BCH).
Enfim, só se entende o valor da descentralização quando o projeto sofre um grande ataque coordenado. É isso que torna o Bitcoin tão valioso, a resiliência a ataques.