O Brasil se prepara para mudar os rumos dos meios de pagamentos, principalmente com o novo sistema de transações eletrônicas do Banco Central. Apesar da boa ideia, o chamado PIX enfrenta o mesmo problema que outros meios de pagamentos digitais, como o Bitcoin, por exemplo.
A população brasileira é uma das mais dependentes do dinheiro em espécie ainda. Durante a pandemia do novo coronavírus, os saques em caixas eletrônicos surpreenderam as autoridades do país, que entre outros motivos, resolveram até lançar uma nova nota de R$ 200, que deve chegar nos próximos dias. Ou seja, novidades surgiram no campo do dinheiro em espécie, mesmo que “forçadas”.
Contudo, para avançar os meios de pagamentos, de físicos para digitais, a infraestrutura deve acompanhar a ideia. De acordo com um especialista que conversou com a Febraban nos últimos dias, o acesso à internet no Brasil ainda é ruim.
Especialista em tecnologia digital aponta que PIX enfrenta o mesmo problema que o Bitcoin no país
O Bitcoin é uma tecnologia de pagamentos pela internet que surgiu em 2009. Essa moeda digital, entretanto, não tem relação com países ou empresas, sendo a primeira descentralizada do mundo. Por ser digital, o Bitcoin funciona pela internet, com transações realizadas entre carteiras digitais, podendo ser enviada de qualquer país em minutos.
Já uma solução nacional brasileira para pagamentos digitais, o chamado PIX, também deverá ter seu funcionamento entre carteiras digitais. Sua principal diferença para o Bitcoin é que o PIX é regulamentado pelo Banco Central do Brasil, ou seja, ambas as tecnologias poderiam ser, pelo menos na teoria, concorrentes.
Em conversa com a Febraban nos últimos dias, Silvio Meira, especialista em tecnologia da Digital Strategy Company, comentou sobre as inovações. De acordo com Silvio, vivemos, principalmente durante a pandemia, novos tempos de experimentação tecnológica.
O especialista apontou que a pandemia trouxe avanços de 30 anos nas últimas semanas, e muitas áreas sentem o reflexo da corrida pela adaptação. Contudo, apesar das boas ideias, um dilema segue sob análise dos especialistas: o acesso à internet no Brasil. Com grandes inovações sendo implementadas, a infraestrutura ainda é precária no país, que não tem cobertura de internet em todo o território.
Segundo Silvio, estamos trocando os cartões de plástico por carteiras eletrônicas, e isso é bom. Contudo, tanto o Bitcoin quanto o PIX enfrentam o mesmo problema no Brasil com relação à infraestrutura. Dessa forma, algumas pessoas não deverão ter condições de se adequar a nova realidade digital, ficando a margem do sistema.
“Será que a gente não devia ter políticas públicas para universalização de acesso competente à internet?”, disse Silvio em live com a Federação Brasileiras de Bancos
Apesar da nova nota de R$ 200, PIX deverá chegar até novembro
A nova cédula de R$ 200 causou temor em algumas pessoas quando foi anunciada, ventilando até a possibilidade de atrasos no PIX. Isso porque, o PIX é um sistema concorrente do dinheiro em espécie, apesar de um diretor da TecBan recentemente apontar que o dinheiro físico e digital são complementares na rotina brasileira.
Os especialistas do Banco Central acreditam que o PIX e Open Banking modernizará o sistema de pagamentos no Brasil. A tecnologia é apontada como o “Fim do Doc e Ted“, que assombram com altas taxas a população brasileira há anos. A expectativa é que até novembro o PIX esteja em funcionamento por grandes bancos, que são obrigados a aderir ao sistema.