Xiomara Castro, presidente de Honduras desde 2022, está intensificando sua batalha contra criptolibertários que criaram uma cidade independente em seu país e, além disso, estão demandando bilhões do Estado.
A cidade em questão é chamada de Próspera e tem o envolvimento de Paul Romer, vencedor do Nobel de Economia de 2018 e ex-economista do Banco Mundial, para a criação de um governo independente ao hondurenho. Algo semelhante à relação entre Hong Kong e China.
No entanto, o projeto só foi possível graças ao antigo governo, que criou Zonas de Emprego e Desenvolvimento Econômico (ZEDEs). Em relatório, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que as ZEDEs poderiam ocupar 35% de todo território de Honduras, podendo ser um risco para a garantia dos direitos humanos.
A matéria publicada pelo The Intercept nesta terça-feira (19) também faz diversas menções à corrupção existente nos governos passados. Como exemplo, cita que Lobo Sosa, presidente de Honduras entre 2010 e 2014, foi eleito graças ao apoio de traficantes de drogas.
Já Juan Orlando Hernández, presidente de Honduras entre 2014 e 2022, foi condenado na semana passada por tráfico de cocaína e armas nos EUA. Ou seja, é destacado que as ZEDEs só existem graças a golpes praticados pelos antigos líderes do país, incluindo membros da Suprema Corte local.
Nova presidente de Honduras quer por fim às ZEDEs e ao sonho de criptolibertários
Por não concordarem com o sistema governamental em que vivem, libertários já criaram diversas comunidades para provar um novo modelo político e econômico. Em Honduras, o caso mais famoso é a pequena cidade de Próspera.
“Durante a sua visita, você poderá conhecer residentes locais e inovadores em um de nossos eventos de empreendedorismo e criptomoedas, conhecer em profundidade as propriedades da Próspera, aprender sobre nosso sistema de governança exclusivo e vivenciar a beleza de Roatán”, aponta o site do projeto. No início do ano, Próspera reconheceu o Bitcoin como meio de pagamento legal.
No entanto, a cidade passou a ser ameaçada desde a eleição de Xiomara Castro, sendo obrigada a cumprir com as leis hondurenhas e sua política fiscal. Ou seja, deixou de ser uma cidade independente.
Em 2023, a empresa por trás do projeto processou o governo de Honduras através do Centro Internacional para a Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (ICSID, na sigla inglêsa), pedindo uma indenização de US$ 10,8 bilhões.
Como resposta, a presidente Castro retirou-se do ICSID, ignorando qualquer tipo de disputa com Próspera ou empreendedores de outras Zonas de Emprego e Desenvolvimento Econômico.
Isso gera discussões sobre outras situações. Como exemplo, o que acontecerá se um opositor de Nayib Bukele vencê-lo nas próximas eleições presidenciais de El Salvador. Talvez a adoção do Bitcoin desapareça tão rápido quanto surgiu, evaporando com qualquer trabalho feito anteriormente.