O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto destacou a “beleza” das criptomoedas em sua fala durante um evento do FMI. Com o Brasil no aquecimento pela aprovação do Marco das Criptomoedas, que será votado pelo Senado Federal nesta terça-feira (19), o Bacen não deixa de ter protagonismo no mercado.
Isso porque, as novas regras e fiscalizações deverão ser a cargo da autarquia que conduz a política monetária brasileira.
Em falas passadas, representantes do BCB já indicaram que a legislação terá o foco nas empresas do mercado e de forma prudencial.
Campos Neto destaca a “beleza” das criptomoedas
Na última segunda-feira (18), as Reuniões de Primavera de 2022 começaram, evento organizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (WBG). Até o dia 24 de abril, os convidados a falar sobre vários assuntos estarão discutindo o que interessa as políticas globais.
E uma das primeiras discussões foi um painel intitulado “Dinheiro na encruzilhada: dinheiro digital público ou privado?“. Com a presença da diretora-gerente do FMI Kristalina Georgieva, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, ajudou a esclarecer os detalhes sobre o assunto.
Vale lembrar que o Brasil estuda a criação do Real Digital, com planos de lançar um piloto ainda em 2022, em formato de CBDC. E esse justamente foi o tema dos convidados do painel, que discutiram os papéis dos setores públicos e privados no dinheiro digital.
Durante o debate, Campos Neto declarou que não sabe como serão os meios de pagamentos nos próximos 3 anos, mas um banco central tem o papel de seguir e rastrear tendências.
Dessa forma, ele destacou que o olhar atento aos protocolos da Web3, DLTs, entre outros trouxeram grandes avanços ao setor que merecem atenção.
Contudo, com relação às criptomoedas, Campos Neto destacou que a sua “beleza” não está nos ativos em si.
“Quando falamos sobre criptoativos, eu acredito que as pessoas focam muito nos ativos em si, mas a ‘beleza’ está na rede sendo criada. As redes estão sendo criadas, como eu disse, os protocolos, eles têm muitas boas características que serão usadas e mudarão as intermediações financeiras no futuro, já começou inclusive. Há protocolos que diminuem custos para bancos, são mais rápidos, auditáveis, transparentes, e permitem rastrear coisas que hoje não conseguimos”.
Para Campos Neto, o desafio de se regular as criptomoedas é que essa é uma tecnologia não linear e exponencial.
“Foco do Real digital será em 5 características”
Com servidores do Banco Central do Brasil ainda em greve e podendo atrasar os planos do lançamento do CBDC brasileiro, o presidente da autarquia segue buscando entender como proceder para lançar a tão esperada inovação.
Assim, perante o FMI, Campos Neto declarou que o foco do Real digital será em 5 características básicas.
“Sobre o que é necessário nessa solução transfronteiriça, e, na verdade, o que as pessoas olham e tem demanda para criptomoedas, as pessoas precisam de algo com 5 características, que é rápido, barato, seguro, transparente e aberto, que são o que as pessoas querem”.
No evento, Campos Neto voltou a defender uma coordenação global para que os diversos CBDCs em estudo pelo mundo tenham um padrão, visto que soluções de pagamento globais como as moedas digitais de bancos centrais podem ser o sistema ideal.