Desde o início desta semana a cidade de Trípoli, no Líbano, tem registrado um violento protesto por parte da população. Diversas pessoas se reuniram em frente a um banco local, para reclamar da grave crise monetária que se intensifica no país devido a pandemia de coronavírus.
Para conter a situação, forças policiais foram acionadas. Porém, o confronto entre eles e os manifestantes acabaram deixando um homem morto, trazendo consequências ainda maiores para o fato.
Assim, essas circunstâncias trazem novamente à tona o risco de um levante antigovernamental, que já estava sendo discutido.
Assim, desde a última segunda-feira (27), manifestantes tem ateado fogo em agências bancárias, atacado caixas eletrônicos e entrado em conflito com as forças policiais. Além do homem que faleceu, mais de 50 pessoas ficaram feridas, sendo 40 delas policiais e 13 civis.
Diante dos fatos, a Associação de Bancos do Líbano informou que fechará suas agências até segunda ordem. Porém, o peso desta situação cai diretamente sob as costas do primeiro-ministo Saad Hariri.
Centenas de libaneses estão ignorando as regras de quarentena, com protestos cada vez mais intensos, resultando muitas vezes em violência.
Isso, portanto, deixa a situação do país na beira do caos, que além de ter que lutar contra o COVID-19 precisa lidar com manifestações contra o establishment de um governo acusado de ser elitista e incompetente.
Caos econômico e social dominam o Líbano
Para muitas pessoas, há um medo de que suas economias sejam destruídas pela moeda local que está cada vez mais desvalorizada, sobretudo devido a inflação em espiral.
Além disso, os bancos do Líbano pararam de distribuir dólares para seus clientes, depois de estabelecer limites para saques que ocorriam nos últimos meses.
Assim, as instituições começaram a liberar saques de contas com moedas estrangeiras apenas em libras libanesas.
Tudo isso acabou culminando em preocupação e indignação por parte da população local. Todas as tentativas de estabilizar a taxa de câmbio no país até o momento aumentaram o caos.
O governo, por sua vez, ficou inadimplente com sua dívida internacional devido a escassez de dólares, pedindo ajuda para o FMI. Esta série de fatos tem contribuído para um crescente conflito entre a população e o governo, que tem ameaçado duramente o povo.
Assim, os esforços feitos pelos órgãos governamentais parecem não estar tendo sucesso até o momento.
Ministros aprovaram medidas para investigar a sonegação de impostos e auditar contratos governamentais, além de discutir um projeto de resgate econômico.
Porém, estas ações não tem trazido os resultados esperados, e somente no mês passado o Líbano pagou 30 bilhões de dólares em eurobonds em uma tentativa de preservar as reservas do país, que já se encontram em uma situação crítica. Tudo isto torna a situação cada vez mais complicada.