Michael Valentino Teofrasto Carturan, um empresário italiano e investidor em Bitcoin, foi sequestrado e brutalmente torturado por quase três semanas em uma luxuosa mansão de 17 cômodos no bairro de NoLita, em Manhattan.
O motivo: sua carteira de Bitcoin, supostamente avaliada em dezenas de milhões de dólares.
Descalço, visivelmente ferido e carregando apenas uma pequena bolsa, Carturan correu desesperado até um agente de trânsito da polícia de Nova York pedindo ajuda.
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A polícia rapidamente foi acionada e descobriu uma cena de horror na residência: vestígios de sangue, armas de fogo, um colete balístico, fios elétricos, objetos quebrados e até fotos da vítima sendo torturada.
De acordo com as investigações, o empresário havia sido atraído de volta a Nova York por um ex-sócio, o investidor John Woeltz, conhecido como o “rei das criptomoedas de Kentucky”, com quem mantinha negócios em um fundo de hedge de criptomoedas.
3 semanas de tortura
Logo após sua chegada ao imóvel, em 6 de maio, Carturan teve seus pertences confiscados e foi mantido refém sob vigilância constante.
Durante o cativeiro, os agressores — Woeltz e o também investidor William Duplessie — usaram métodos brutais para tentar obter a senha da carteira de Bitcoin da vítima.
Segundo relatos dos promotores, ele foi amarrado com fios elétricos, espancado com uma pistola, forçado a consumir crack, eletrocutado com uma Taser, submerso em água fria e ameaçado de morte.
Há também registros de que teve partes do corpo cortadas com uma serra elétrica e chegou a ser pendurado na escada de cinco andares da mansão. Em alguns momentos, seus sequestradores chegaram a urinar nele.
As investigações mostram que Woeltz e Carturan tiveram desentendimentos financeiros no passado, o que pode ter motivado o crime.
Após o fracasso das tentativas de obter a senha por meios normais, Woeltz teria contado com a ajuda de Duplessie — ex-cofundador do fundo suíço Pangea Blockchain Fund — para executar o plano.
Ambos os suspeitos possuem histórico de vida luxuosa e dívidas: Duplessie já foi processado por inadimplência de aluguel e financiamento de carros de luxo, como uma Lamborghini Huracán, além de responder por infrações de trânsito e acidentes.
A fuga da vítima pôs fim à operação criminosa. John Woeltz foi preso no mesmo dia, enquanto Duplessie se entregou à polícia quatro dias depois, após passar o fim de semana prolongado nos Hamptons.
No momento da rendição, Duplessie foi escoltado algemado por dois detetives e permaneceu em silêncio.
Ele foi acusado de sequestro, cárcere privado, agressão e porte ilegal de arma. A juíza Julieta Lozano negou seu pedido de fiança, mesmo com a proposta de monitoramento eletrônico e residência com o pai na Flórida.
A terceira envolvida no caso é Beatrice Folchi, de 24 anos, assistente de Woeltz, que chegou a ser presa mas foi liberada após o Ministério Público solicitar mais tempo para investigação.
As autoridades também investigam a possível ligação do crime com atividades na Suíça, onde Duplessie já havia enfrentado problemas judiciais.
O caso levanta um alerta para a crescente onda de crimes violentos ligados ao universo das criptomoedas, especialmente os chamados “ataques de chave inglesa”, em que criminosos usam tortura física para obter acesso a carteiras digitais.
A prática tem se tornado cada vez mais comum globalmente, com casos recentes reportados na França, onde empreendedores do setor foram vítimas de sequestros, ameaças e mutilações.
Enquanto Woeltz permanece detido em Rikers Island e Duplessie aguarda os próximos passos do processo judicial, o caso serve de alerta para investidores que mantêm grandes quantias em ativos digitais.
A segurança, muitas vezes tratada como algo exclusivamente cibernético, agora se estende ao plano físico, com consequências reais, perigosas e cada vez mais frequentes.