A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) está tentando expandir sua força tarefa para atender mais casos no setor de criptomoedas. No entanto, embora existam diversos especialistas interessados nas vagas, a SEC afirma que muitos deles são investidores que não estão interessados em vender suas criptomoedas para trabalhar na agência.
Ainda em março desse ano, a SEC pediu para o governo americano injetar US$ 2,4 bilhões (R$ 11,5 bi) na agência para ela recorrer a novas ferramentas, recursos e pessoal para lidar com essa nova tecnologia.
Nos últimos meses, a Comissão processou e multou diversas empresas de criptomoedas, incluindo as corretoras Binance, Coinbase, Kraken e Bittrex, além de projetos como Safemoon (MOON) e Dragonchain (DRGN). Com milhares de criptomoedas no mercado, é natural imaginar que a SEC precise expandir sua equipe para cobrir todas as irregularidades do setor.
Um dos motivos citados são as áreas cinzentas da lei, que permitem que criptomoedas não se enquadrem como títulos mobiliários. Relacionado a isso, a Comissão perdeu um processo contra a Ripple (XRP) recentemente.
“Especificamente, nenhum regulador financeiro federal tem autoridade abrangente para regular o mercado spot (à vista) de criptoativos que não são valores mobiliários”, escreve a SEC, notando que o mesmo acontece com as stablecoins.
SEC está tentando dificuldade em contratar mão de obra especializada em criptomoedas
Em relatório publicado no mês passado, a SEC informou que as criptomoedas serão uma prioridade para 2024. Com um orçamento de bilhões de dólares, dinheiro não parece ser o problema para a Comissão, mas a agência está tendo problemas no recrutamento de especialistas.
Entre os dois pontos citados está tanto a concorrência do setor privado, como também o interesse dos especialistas em criptomoedas em investimentos, o que iria contra as regras da Conselho de Ética.
“A SEC também enfrenta desafios no recrutamento de especialistas em criptoativos, considerado fundamental para fortalecer suas capacidades de investigação sobre questões novas e emergentes nos mercados de criptoativos”, aponta a SEC. O primeiro motivo citado seria a “alta concorrência do setor privado”, que provavelmente está oferecendo melhores salários e/ou condições de trabalho.
“As autoridades também relataram que muitos candidatos qualificados possuem criptoativos. O Gabinete do Conselho de Ética determinou que os proibiria de trabalhar em assuntos específicos que afetem ou envolvam criptoativos.”
Finalizando o parágrafo, a SEC informa que seus funcionários acreditam que essa ação tem sido “prejudicial ao recrutamento, uma vez que os candidatos muitas vezes não estão dispostos a alienar os seus criptoativos para trabalhar para a SEC”.
Embora não informe o número de vagas destinadas a especialistas de criptomoedas, a SEC aponta que 491 das 5.303 vagas continuam abertas, uma lacuna de 9,3%. Como pode ser visto no gráfico abaixo, essa porcentagem tem crescido ao longo dos últimos 3 anos.
Sem mencionar os salários oferecidos, a SEC afirma que o setor privado pode ter vantagem na contratação dos melhores profissionais. O documento completo pode ser encontrado no site da SEC, que ultimamente está com problemas de exibição em diversas páginas.