Um suposto sequestro chegou aos tribunais de Rondônia com a acusação de um trader de Bitcoin contra seu amigo. Na visão do desembargador que acompanha o caso, não há condições de liberar o pedido de habeas corpus feito por um dos apontados como participantes da ação.
No último dia 15 de outubro, um trader de Bitcoin ligou para um amigo e pediu ajuda. Neste caso, a ajuda era para que seu “amigo” o ajudasse a baixar multas de trânsito que havia recebido em sua CNH.
De fato, a ajuda pedida ao amigo, de longa data, fazia sentido uma vez que Elcione José Sales é agente de trânsito na cidade de Porto Velho, capital de Rondônia. Ao chegar na casa do agente, a possível vítima Arcilio Nogueira de Souza, ficou conversando junto com Elcione e um parente deste último. A partir daí a situação teria começado a ficar tensa.
Possível sequestro de trader de Bitcoin em Rondônia está em investigação, amigo participou
Ao conversar com o amigo Elcione, Arcilio permaneceu na casa. Contudo, em dado momento o portão da casa se abriu, entrando um veículo de cor vermelha.
Dele saltaram três comparsas de Elcione, encapuzados e com armas de fogo em punho, passando a ameaçar Arcilio. A vítima teria sido algemada, amordaçada e encapuzada neste ponto.
Os investigados colocaram a possível vítima do caso em um carro e conduziram até um local ermo. Por lá, amarraram o homem em uma árvore no meio de um matagal, agredindo brutalmente Arcilio.
Além disso, em meio às agressões, os investigados passaram a exigir de Arcilio todos as suas moedas digitais, de nome Bitcoin. O Bitcoin é uma moeda que funciona pela internet, logo teria que ser repassada via transferência ou acesso aos fundos dos estelionatários.
Situação gerou impasse para sequestradores
Ao ser solicitado para entregar todos os seus Bitcoins, Arcilio informou que não armazena sua senha da carteira em seu celular. Ou seja, estaria impossibilitado de entregar seu dinheiro digital aos sequestradores. A vítima teria informado neste ponto que teria essa informação apenas em seu notebook.
Neste ponto os sequestradores se viram em um impasse. Isso porque durante o sequestro eles não queriam ser descobertos, ou seja, era inviável ir até a casa da vítima pegar seu notebook.
Em certo momento, Elcione, o amigo, chegou a cogitar a hipótese de matar Arcilio. Após andar por horas com a vítima em um carro, dentro do porta malas, os sequestradores abandonaram esse no meio da rua.
Por hora, a justiça mantém presos de forma preventiva três envolvidos no sequestro do trader de Bitcoin em Rondônia. Os três seriam Elcione José Sales, Fábio Da Silva Gomes, Helton Santos Moura E Valdinei Dias Dos Santos. Há ainda um quarto envolvido que está foragido da justiça.
Pedido de habeas corpus negado para envolvido
Após a tentativa frustrada de sequestro, os investigados teriam subtraídos uma série de itens de Arcílio. Teriam sido roubados um cordão de ouro com pingente, R$ 3,500 em espécie, aparelho celular, documentos pessoais, cinco coletes salva vidas e até uma bola.
A prisão preventiva foi apontada pelo desembargador como necessária no atual curso de investigação, visto a gravidade das denúncias. Isso porque a vítima teria sido ameaçada de morte e instruída a retirar as queixas na policia. Arcilio chegou a tentar retirar as queixas, com isso, a necessidade de se manter presos os envolvidos para evitar ameaças a possível vítima e testemunhas do caso.
Além disso, o desembargador expediu um mandado de busca (e apreensão) na casa dos envolvidos no crime. A polícia deverá buscar por armas de fogo, itens com memória tecnológicas e outros elementos que possam ajudar nas investigações. A medida cautelar visa apurar novas evidências para o caso, mesmo na atual fase das investigações.
Da mesma forma, acolho o pedido de acesso e extração de dados contidos na memória de celulares e equipamentos de informática que por ventura sejam encontrados na posse e/ou nas residências dos representados.
Um dos investigados no caso, Fábio da Silva Gomes, também agente de trânsito na cidade de Porto Velho, protocolou pedido de habeas corpus. O pedido foi negado, de acordo com Diário da Justiça do Estado de Rondônia da última quinta (19).
O crime está nas mãos do desembargador José Antonio Robles. A linha da investigação aponta delitos previstos nos artigos 157 e 159 do CPB. O servidor municipal Elcione já teria passagens pela polícia por porte ilegal de armas, de acordo com portal Rondônia Agora.