Candidata à presidente pelo PCB, Sofia Manzano não vê Bitcoin como moeda

Economista e Professora, candidata pelo PCB falou sobre criptomoedas e sua visão sobre o assunto.

Em busca de conhecer a opinião dos presidenciáveis sobre Bitcoin, criptomoedas e Blockchain, o Livecoins conversou com a candidata á presidente pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro), Sofia Manzano.

Durante a conversa, a economista explicou sua visão sobre a tecnologia e como ela vê sua implementação no Brasil. Em outro ponto da entrevista, Sofia comentou sobre a recente adoção de Bitcoin feita por El Salvador.

Livecoins: Qual a sua visão sobre as criptomoedas?

Sofia Manzano: Como economista, uma das minhas especializações é na área da economia monetária, sobre dinheiro e moeda.

Em primeiro lugar, há uma confusão entre moeda, e as criptomoedas, ou o que eu prefiro chamar de cripto ativos porque, na verdade, a moeda [ela] não é apenas um intermediário de troca, um meio de troca, ela é uma relação social muito mais ampla do que simplesmente ser um intermediário de troca.

Em diversos momentos de crises monetárias, por exemplo, as populações [elas] inventam outros intermediários de troca, no entanto, esses intermediários de troca não se tornam dinheiro ou moeda nas suas funções plenas. Então, as criptomoedas, ou os cripto ativos, [eles] podem ser intermediários de troca num ambiente virtual da internet, mas eles não são de fato moeda.

Acho inclusive que o próprio El Salvador, por mais que ele tenha legalizado como moeda, na verdade aquilo não representa um importante meio de troca na própria economia de El Salvador, e também tendo o fato do Bitcoin, especificamente, oscilar muito em termos de valor, o que demonstra mais uma vez que não é uma moeda plena, é apenas um ativo assim como vários outros ativos, fez com que o fundo soberano de El Salvador, por exemplo, perdesse metade de seu valor, né, então o próprio país empobreceu em termos reais de forma brutal em um curtíssimo período de tempo, o que é uma temeridade para qualquer país soberano adotar criptoativos como moeda de curso legal.

Blockchain é uma tecnologia interessante?

Sofia Manzano: O Blockchain, [ela] é uma tecnologia interessante. Apesar dela ter vindo, dela ter surgido do desenvolvimento dos criptoativos, ela é uma tecnologia que tem dois elementos que eu quero ressaltar aqui: o primeiro é que, como toda tecnologia, pode ser utilizada, digamos assim, para o bem da humanidade, em geral, mas também tem os seus aspectos mais imediatos de curto prazo, que não são tão assim espetaculares.

Blockchain serve especialmente para garantir a propriedade, a legalidade, de qualquer coisa que se produza no ambiente virtual da internet, enfim, que não é na produção real de bens e serviços como nós estamos acostumados. E isso tem uma importância para o capitalismo, fundamentalmente, porque quando as plataformas digitais surgiram, nós imaginávamos que teríamos acesso ilimitado, por exemplo, à informação, à música, às produções audiovisuais, à telecomunicações, de forma gratuita.

Então, inicialmente, você pensa bom a internet é um espaço virtual, mas ele é real, em que nós podemos transitar qualquer tipo de coisa que não seja material, evidentemente, mas que pode ser de graça, qualquer um pode ter acesso, o que é muito bom, eu posso conhecer culturas, eu posso ter acesso às músicas, filmes, cinema, à notícia. Bom, só que no capitalismo, para várias coisas funcionarem de acordo com a necessidade da acumulação do capital, elas precisam se tornar propriedade privada, elas precisam se tornar cambiáveis, trocáveis, comercializável. E uma coisa que é gratuita não é uma propriedade privada, e não é comercializável. O blockchain entra então neste processo para garantir a propriedade privada das coisas produzidas no ambiente virtual.

Neste sentido, o blockchain surge para capturar um ambiente que era livre antes, para propriedade privada. No entanto, como eu disse, esse talvez seja o aspecto critico, na minha opinião como socialista, como comunista, eu acho que as coisas têm que ser livres, elas não tem que ser propriedades privadas, mas esse é o objetivo do blockchain.

Por outro lado, enquanto nós não vivemos em um mundo realmente livre, totalmente livre, o blockchain permite assegurar a veracidade e eliminar, digamos assim, até certo ponto, não é totalmente, 100% dos casos, permite assegurar a veracidade, legalidade, legitimidade das transações que são feitas na internet, no ambiente virtual, com objetos virtuais.

Então dessa forma, enquanto a gente vive nesse mundo bastante caótico, que a fraude, falsificação, ilegalidade no ambiente virtual está crescendo muito, o blockchain permite, como se fosse um cartório de registro, ele acaba sendo um cartório de registro da identidade verdadeira das transações que são feitas na internet. Então tem esses dois aspectos que eu acho que são importantes.

Não é a toa que todos os países, e eu acho que o Brasil está muito atrasado nisso, mas eu acho que todos os países que estão lá no topo do processo de desenvolvimento, de criação de riquezas, de transações, tem setores bem avançados no desenvolvimento de blockchain, tem feito pesquisas acerca do desenvolvimento.

Na China, por exemplo, eles têm incentivos estatais, com muito dinheiro envolvido para que os jovens, pesquisadores e trabalhadores da área da ciência da computação desenvolvam blockchain. Inclusive o próprio presidente da China, uns dois ou três anos atrás, fez um pronunciamento público chamando a população chinesa ao desenvolvimento do blockchain naquele país.

Você é favorável a tornar o Bitcoin uma moeda de curso legal no Brasil?

Sofia Manzano: Totalmente contra. Primeiro que não é uma moeda, segundo que a soberania de uma moeda é muito importante para ser relegada a um ambiente privado. Eu acho que eu sou contra, inclusive, de legalizar qualquer outra moeda que não a moeda soberana de um país como moeda de curso forçado.

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Vitória Bertolucci
Vitória Bertolucci
Jornalista e Social Media, entusiasta do jornalismo literário e cada vez mais atraída pelo mundo financeiro e de criptomoedas

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