“Estamos em um período de transformação na forma como lidamos com a moeda”, diz diretor do BC

"Não tem como prever como a moeda será percebida pelos cidadães no futuro".

O primeiro webinário do Banco Central do Brasil sobre a futura moeda digital brasileira ocorreu nesta quinta-feira (29), com o tema “Potenciais do real em formato digital.”

O primeiro evento contou com a participação de Robert Townsend, economista e professor do MIT que estuda o dólar digital nos Estados Unidos. Além dele, como convidados no evento participaram Eduardo Diniz (EAESP) e Keiji Sakai (R3), com moderação do diretor do BCB, João Manoel Pinho de Melo.

Para o diretor, as mudanças para a moeda digital são uma realidade, visto que “estamos em um período de transformação na forma como lidamos com a moeda“.

Transformação na forma em que lidamos com moeda deverá ser maior com chegada de moeda digital

O dinheiro da forma que conhecemos não durará muito tempo mais no mercado, visto que há intenção de digitalizar a moeda nacional.

Com a tecnologia de CBDC, o BCB busca implementar, com conhecimentos até de outros países, um dinheiro programável, com NFTs, DeFi, e outros conceitos comuns no mercado de criptomoedas.

Mas essas mudanças ainda estão em estágios embrionários no Brasil, que discute com a população sobre a tecnologia que pode chegar no país. Para o diretor João Manoel, a principal mudança esperada é sobre a transformação da moeda como conhecemos.

Para ele, as CBDCs com tecnologias certas e o uso adequado deste tipo de moeda permitirão uma maior segurança no sistema financeiro, permitindo ainda a inclusão das pessoas e segurança de transações. Mesmo assim, ainda não é possível prever se a população irá aceitar a nova moeda fiduciária brasileira.

“Não temo como prever aqui exatamente como a moeda será percebida pelos cidadãos no futuro ou como a população irá usá-la no seu cotidiano. Mas é possível afirmar que haverá no longo prazo uma migração significativa do papel-moeda para formas digitais.”

A intenção do BCB é garantir a estabilidade do poder de compra, ou seja, controlar a inflação. Dessa forma, a autarquia federal acredita que a emissão de uma moeda digital ajudará no processo.

Na visão do Banco Central do Brasil, eles estão se antecipando ao ambiente de moedas digitais, ignorando o uso crescente do Bitcoin como meio de pagamento e reserva de valor no mundo.

Especialista que estuda o dólar digital pede que bancos centrais não usem Ethereum

Na abertura do evento, Robert Townsend declarou que o uso de DeFi, contratos inteligentes e outras inovações são importantes para bancos centrais, mas eles não devem utilizar Ethereum no processo.

Robert Townsend pede para Real digital não usar Ethereum
Robert Townsend pede para Real digital não usar Ethereum durante apresentação – “not Ethereum”/Reprodução

A rede Ethereum hoje é a maior do mundo no uso de NFTs, DeFi e contratos inteligentes, sendo uma referência no mercado de criptomoedas.

Assim, fica claro que se o real digital criar uma CBDC com uso da tecnologia blockchain, alguma rede alternativa deverá ser usada no processo de transformação da moeda, mas ainda não está claro esse processo.

O evento desta quinta foi apenas o primeiro de uma série de encontros que o BC vai promover sobre o Real digital.

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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