Apesar dos problemas, mapa de_transit recebeu ótimas avaliações pela comunidade. Fonte: Steam/Reprodução.
A Valve, desenvolvedora da franquia Counter-Strike, adicionou um novo mapa à rotação oficial do CS2 na última quarta-feira (1). A novidade, no entanto, não durou muito tempo.
Isso porque o mapa continha diversos problemas escondidos e foi removido na atualização da última sexta-feira (3).
Dentre eles estava a promoção de uma criptomoeda suspeita, bem como a menção a um dos maiores esquemas de pirâmide da história que lesou milhões de pessoas pelo mundo.
Criado no final da década de 90 como um mod de Half-Life, o Counter-Strike se tornou um fenômeno nas LAN houses e até hoje continua sendo um dos jogos mais populares do mercado.
Tanto isso é verdade que o Brasil voltou a ser campeão mundial em setembro com a FURIA, atraindo centenas de milhares de espectadores na transmissão da final.
Parte desse sucesso do CS2 está ligado à filosofia da empresa em deixar que a própria comunidade crie conteúdos para seus jogos. Afinal, foi assim que o próprio Counter-Strike surgiu.
No entanto, isso já rendeu problemas para a Valve, incluindo questões de direitos autorais com skins, como a M4A4 Howl.
Já nesta semana, outro escândalo chamou a atenção da comunidade, um mapa chamado de_transit. Adicionado à rotação oficial na última quarta-feira (1), o mapa só ficou disponível oficialmente por dois dias aos jogadores.
Embora a empresa não tenha se pronunciado sobre o assunto, diversas pessoas descobriram easter eggs que podem ter resultado nesse banimento.
O primeiro deles seria um prédio que é idêntico à Empresa do Malvado Doofenshmirtz, um edifício também ficcional da série animada Phineas e Ferb criada pela Disney.
O prédio foi batizado de FPI BANK pelos desenvolvedores, como pode ser visto na imagem acima.
Embora qualquer pessoa pudesse criar uma criptomoeda com esse nome, dados mostram que uma memecoin homônima já existia desde dezembro de 2024, tendo passado por uma valorização de 135.500% em seus primeiros dois meses antes de perder 96,5% de seu valor.
Seu fundo foi marcado no dia 5 de agosto, antes de subir 357%, mesmo dia em que o mapa de_transit foi publicado na oficina da Steam.
Os desenvolvedores foram tão insistentes que não só citaram a memecoin em um prédio, mas também em um jornal escondido no mapa.
Nas redes sociais, o perfil da FPI BANK se gabou de ter sua criptomoeda estampada em um dos FPS mais jogados das últimas décadas.
“O FPI agora faz parte oficialmente do matchmaking do CS2.”
“Você pode encontrar o prédio principal do nosso banco no mapa “Transit” (2v2). Nenhum outro projeto ou comunidade cripto tem algo assim. Muito obrigado aos criadores do mapa por tornarem isso possível”, escreveu o perfil antes do mapa ser removido.
Tanto os criadores do mapa quanto da memecoin aparentam ser russos devido ao idioma usado nas comunicações, fortalecendo a tese de que a ação foi planejada desde o início.
Em outro canto do mapa, também longe da ação dos jogadores, os desenvolvedores fizeram menção a dos maiores esquemas de pirâmide do mundo, a “MMM”.
Estimativas apontam que este esquema Ponzi fez entre 5 a 10 milhões de vítimas ao redor do mundo.
Criado na Rússia no início da década de 90, o MMM colapsou em 2004, mas voltou a operar online em 2011 mirando investidores de outros países, incluindo brasileiros.
Embora seu fundador Sergey Mavrodi tenha morrido em 2018, parecendo um fim definitivo do golpe, a pirâmide ressurgiu das cinzas em 2022, agora usando criptomoedas.
Voltando ao mapa de_transit, a comunidade também aponta para outros problemas graves.
Isso inclui mais denúncias de direitos autorais, como a inclusão do gato do jogo Stray em diversos adereços, bem como o uso de um termo racista escondido no nome de um dos tantos objetos.
Rikuda, um dos criadores do mapa, assumiu a responsabilidade pelos problemas citados acima, dentre outros, tentando livrar seus amigos.
“A única coisa que realmente me deixa chateado é que a Valve não nos notificou, porque tudo isso pode ser removido em cinco minutos”, comentou, afirmando que uma nova versão já foi disponibilizada.
Por fim, embora a Valve já tenha aceitado Bitcoin como método de pagamento no passado em sua loja de jogos, a história recente não mostra uma ligação tão positiva com o setor cripto.
Além da liberação de um mapa de CS2 promovendo uma memecoin e um esquema Ponzi, a empresa também anda sendo criticada por publicar jogos com malwares de criptomoedas.
No exemplo mais recente, um paciente com câncer teve todas as suas criptomoedas roubadas há cerca de duas semanas após fazer download de um jogo disponível na Steam.
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