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“Vamos pagar os clientes lesados”, diz acusado de desviar R$ 30 mi com pirâmide financeira

Bubniak e outros quatro sócios foram presos temporariamente e soltos no final do mês passado.

O empresário Lucas Bubniak, 27, fundador da Wolf Trade Club, empresa de Curitiba (PR) apontada pela Polícia Civil do Paraná como uma pirâmide financeira, disse que vai pagar todos os investidores que acreditaram no negócio. Ele e outros cinco sócios, segundo investigação da polícia, teriam desviado R$ 30 milhões de centenas de pessoas.

“Vamos mostrar que não somos uma pirâmide e iremos pagar todos os clientes lesados, independente de quando seja”, falou o empresário na quarta-feira (30), durante uma entrevista realizada em um café no shopping Itália, no centro de Curitiba (PR). A advogada dele acompanhou o bate-papo.

A suposta pirâmide, montada em 2017 e desmantelada em operação realizada mês passado pela polícia, oferecia rendimentos de 20%, 30% e 50% em cima de investimentos em até três meses. Esses lucros seriam obtidos por meio de compra e venda de ativos na Bolsa de Valores, técnica conhecida como day trade.

Dinheiro será levantado com a venda de software, diz empresário

De acordo com Bubniak, que ficou preso temporariamente por alguns dias no mês passado, os recursos para pagar os investidores serão levantados por meio da venda de sistemas de intranet, sistemas de automação, aplicativos e de softwares.

Há, segundo o empresário, “negócios engatados” e possíveis clientes em São Paulo e no Rio Grande do Sul. “Logicamente não temos a menor condição de liquidar o débito por inteiro de uma vez, mas a nossa intenção é pagar”.

Questionado sobre as datas dos pagamentos, ele disse apenas que “nos próximos meses vai dar o start”. Falou, também, que a dívida real com clientes não é de R$ 30 milhões, como disse a Polícia Civil, mas sim de R$ 12 milhões.

O motivo do rombo teria sido um suposto golpe, aplicado por dois funcionários de um banco internacional que prestavam consultoria para a empresa. O prejuízo teria sido de R$ 9 milhões. Empresas como Grupo Bitcoin Banco e ArbCrypto usam justificativas semelhantes.

Empresário quer provar que intenção não era roubar

Além de pagar os clientes lesados, Bubniak falou à reportagem que quer provar que o negócio não era uma pirâmide financeira e que a intenção dos sócios nunca foi sumir com o dinheiro das pessoas. Um dos investidores, por exemplo, vendeu um apartamento para investir no negócio.

Para provar que não era um esquema ponzi, o empresário disse ter colocado à disposição da polícia todos os documentos da empresa, extratos bancários, balancetes e contratos formalizados com os clientes. Segundo ele e sua advogada, pirâmides financeiras não seriam tão organizadas.

O suposto golpe também vai continuar a ser usado como justificativa para a perda do dinheiro dos clientes.

Sobre a garantia de lucros altos em um mercado de renda variável, característica típica de um esquema de pirâmide, ele se defendeu dizendo que é possível conseguir e garantir tais rendimentos. “É complicado falar sobre o mercado de alavancagem, mas garanto que é possível obter esses lucros. Na minha banca particular, por exemplo, tinha mês que eu transformava R$ 3 mil em R$ 80 mil”, falou.

Histórico

A Wolf Trade Club, fundada no início de 2017, atuava no início de sua operação apenas com a venda de cursos sobre o mercado financeiro e a bolsa de valores, o que, de acordo com a polícia, era uma atividade lícita. Em junho daquele ano, no entanto, passou a captar recursos de outras pessoas para fazer investimento.

A empresa e seus sócios nunca tiveram autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para atuar. A autarquia emitiu alerta em julho deste ano afirmando que a Wolf Trade Club não poderia ofertar carteiras de valores mobiliários.

O suposto esquema de pirâmide veio abaixo no início do mês passado, quando a Polícia Civil cumpriu mais de 20 mandados de busca e apreensão na empresa e nas residências dos membros. Bubniak e outros quatro sócios foram presos temporariamente e soltos no final do mês passado. Um sexto integrante do grupo continua foragido.

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Lucas Gabriel Marins
Lucas Gabriel Marins
Jornalista desde 2010. Escreve para Livecoins e UOL. Já foi repórter da Gazeta do Povo e da Agência Estadual de Notícias (AEN).

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