Enquanto o governo da Venezuela continua sua reforma econômica, a população vê as negociações de Bitcoin P2P crescer e superar o Brasil.
A informação foi compartilhada pela Chainalysis em seu relatório de Geografia da Criptomoedas de 2021. O material faz uma análise da região e tendências das criptomoedas em todo o mundo.
Além disso, ele ainda apresenta o índice de adoção das criptomoedas e de adoção de soluções DeFi, material que chamou atenção na região da América Latina.
Venezuela supera o Brasil em volume de negociações P2P de Bitcoin
Atravessando uma grande crise em sua economia, a Venezuela foi um dos primeiros países da América Latina a abrir as portas para as criptomoedas. No país há uma uma corretora estatal de criptomoedas, assim como uma fazenda de mineração de Bitcoin operada pelo exército.
Com o governo de olho na tecnologia, a população também passou a utilizar as criptomoedas como refúgio da alta inflação da moeda local. Assim, de acordo com o novo relatório da Chainalysis, A Venezuela é o sexto país do mundo em volume de negociações de Bitcoin P2P, superando de longe o volume percebido no Brasil.
“A Venezuela, por exemplo, ocupa a sétima posição geral em nosso Índice de Adoção de Criptografia Global em grande parte devido à atividade P2P – os dados mostram que o país ocupa o sexto lugar geral em volume de transações P2P quando ajustado para o poder de compra do país e o número de usuários da Internet.”
O relatório publicado pela empresa na última quinta-feira (14) ainda destaca que outros países da região não fazem tanto uso das criptomoedas entre pessoas como na Venezuela.
O estudo indicou que o maior mercado de criptomoedas é o brasileiro, mas o país perde de muitos vizinhos quando o assunto é negociações P2P.
“O Brasil, por exemplo, tem um mercado de criptomoedas muito maior do que a Venezuela, com US$ 90,9 bilhões recebidos no ano passado, em comparação com os US$ 28,3 bilhões da Venezuela. No entanto, o Brasil recebeu apenas US$ 90 milhões em transações P2P. Isso também coloca o Brasil atrás da Colômbia, Argentina, Peru e Chile na atividade P2P, apesar de o Brasil ter um mercado geral maior do que todos eles.”
O que isso indica para o mercado?
Para o estudo, essa realidade indica que os venezuelanos confiam mais em plataformas de negociação P2P que os brasileiros, que podem estar preferindo operar em corretoras centralizadas ou por soluções DeFi.
Assim, o volume trimestral de operações entre pessoas na Venezuela supera o Brasil, entre cinco e oito vezes no período apurado.
Para o mercado, os resultados deste estudo podem indicar que apesar do volume no Brasil ser maior, a adoção na Venezuela entre pessoas é maior.
“No geral, os dados confirmam o que esperaríamos, dado o tamanho dos mercados de criptomoedas dos dois países e a força comparativa de suas economias: o mercado do Brasil é composto de transações muito maiores com uma maior participação da atividade ocorrendo em plataformas DeFi – atividade indicativa de investidores e comerciantes de grande escala – enquanto o mercado da Venezuela é composto de transações menores e tem mais atividade P2P, o que indica uma adoção mais popular impulsionada pela necessidade”.
Vale lembrar que o Bitcoin nasceu para ser transacionado entre pessoas e sem intermediários, então isso pode mostrar que, pelo menos no período apurado pela Chainalysis, a Venezuela está levando mais a sério a desconfiança em instituições tradicionais.