No P20, evento no Rio de Janeiro que representa o encontro dos procuradores-gerais dos membros do G20, o vice-PGR do Brasil defendeu o uso de ferramentas para rastrear bitcoin e outras criptomoedas.
A fala de Hindemburgo Chateaubriand, vice-procurador-geral da República, ocorreu na última terça-feira (22). Na ocasião, ele defendeu o uso de ferramentas de combate aos crimes transnacionais, ou seja, entre países, pelo Ministério Público.
De acordo com o MPF, o discurso foi durante a abertura do segundo dia de trabalhos da Cúpula dos Procuradores-Gerais dos países do Grupo dos 20 (PG20). Este reúne chefes do Ministério Público de 21 países do bloco econômico e convidados da Presidência brasileira para discutir estratégias de ação conjunta no combate ao crime organizado e na proteção do meio ambiente.
Vice-PGR defende que países membros utilizem tecnologias de rastreamento de bitcoin e criptomoedas
Para Hindemburgo Chateaubriand, os países membros do G20 devem se unir para combater crimes, eliminando burocracias. “Sem o incremento da cooperação não poderemos combater com eficiência esse fenômeno sempre crescente. Precisamos da criação de redes de contato, órgãos de coordenação internacional – a exemplo da Eurojust (agência europeia de cooperação na área criminal) -, mecanismos que diminuam a burocracia, mais cooperação direta e equipes conjuntas de investigação“, pontuou.
Chateaubriand argumentou que as novas tecnologias impulsionaram a economia global e facilitaram a expansão das atividades criminosas, como o uso de moedas virtuais para lavagem de dinheiro e sistemas criptografados para comunicações ilícitas.
Ele destaca a complexidade do combate a esses crimes, defendendo uma atuação coordenada entre órgãos técnicos e humanos.
No Brasil, o MPF criou a Unidade Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes. Além disso, surgiu o Grupo de Atuação Especial no Combate a Crimes Cibernéticos.
O vice-PGR defendeu o uso de ferramentas tecnológicas para aumentar a eficiência das investigações, especialmente no rastreamento de criptomoedas.
O MPF utiliza sistemas avançados para cruzar dados e analisar grandes volumes de informações, incluindo dados obtidos por quebras de sigilos bancário e telefônico. Além disso, firmou parcerias para capturar provas digitais e garantir a autenticidade e integridade dessas informações. Assim, as autoridades conseguem um rastreamento mais eficaz de transações em criptomoedas no combate ao crime organizado.
“Precisamos utilizar a tecnologia a nosso favor de forma a rastrear os recursos e eliminar o financiamento das organizações criminosas“, afirmou Chateaubriand.
“O caminho é descobrir, investigar e punir”, disse procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco
De acordo com informações divulgadas pelo TRF1, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, participou dos trabalhos da abertura do P20, na última segunda-feira (21). Em sua participação, ele defendeu que o combate ao crime transnacional deve concentrar forças na lavagem de dinheiro.
Segundo Gonet, as criptomoedas facilitam a evasão de divisas e a lavagem de dinheiro, e é preciso encontrar meios de asfixiar financeiramente as organizações criminosas.
“Uma grande meta do combate ao crime é sufocar financeiramente essas organizações internacionais. E o caminho para isso é descobrir, investigar e punir a lavagem de dinheiro“, disse após a abertura da primeira cúpula dos Procuradores-Gerais de países G20 (PG20), no Rio.
Vale lembrar que o uso de ferramentas para rastrear bitcoin e criptomoedas no Brasil estão em uso por autoridades. Nos últimos anos, vários crimes acabaram descobertos com auxílio de tais ferramentas. Por fim, o próprio MPF tem um roteiro de persecução patrimonial de criptomoedas, já em prática nas operações contra criminosos.