Pai da música clássica brasileira fala sobre bitcoins perdidos e alerta para cuidados com senhas

A experiência do músico serve de alerta para a importância de práticas seguras no armazenamento de criptomoedas, especialmente para quem lida com valores expressivos.

O pai da música clássica brasileira, Lorde Vinheteiro, compartilhou mais detalhes sobre como perdeu acesso a 4 bitcoins, avaliados em 2,2 milhões de reais.

Em entrevista ao Livecoins, o pianista e youtuber explicou que, ao tentar proteger suas criptomoedas seguindo a recomendação de retirá-las de uma corretora, anotou a senha de uma carteira em um pedaço de papel e o guardou dentro de uma partitura antiga.

No entanto, o papel foi perdido após o músico doar parte de seus livros e partituras.

Segundo Vinheteiro, tudo começou em 2020, quando ele recebeu uma quantia de dinheiro do pai, resultado da venda de uma casa. Em vez de seguir o conselho de comprar um imóvel, decidiu investir em ações e títulos do Tesouro.

“Eu queria aumentar o patrimônio, como os influenciadores de economia recomendam”, comentou.

Em 2023, com o Bitcoin voltando a ganhar tração no mercado, o pianista resolveu comprar quatro unidades da criptomoeda. Inspirado por recomendações como “Not your keys, not your coins” (se as chaves não estão com você, os bitcoins não são seus), ele transferiu os ativos para uma carteira privada.

Para garantir a segurança, anotou as palavras-chave da carteira em uma folha de papel e a escondeu dentro de uma partitura de páginas amareladas. O problema começou quando, em meio a sua vasta coleção de livros e partituras, algumas dessas folhas foram doadas a uma empregada.

“Ela disse que o filho tocava piano na igreja, então dei algumas partituras para ele. Não sei se a senha estava entre essas ou se acabei entregando para outro amigo que também costuma receber partituras minhas”, lamentou.

Agora, sem acesso aos Bitcoins, Vinheteiro iniciou uma busca pela senha perdida, mas destacou que esse tipo de situação é propícia para golpes.

“Tem gente que finge ajudar, mas só quer roubar ainda mais”, alertou. Ele também relembrou a história de um homem que passou dez anos procurando a senha de sua carteira e conseguiu recuperá-la, mas reconheceu que sua situação pode ser ainda mais complicada devido à doação das partituras.

A história ganhou repercussão nas redes sociais, trazendo à tona a importância de proteger senhas de carteiras de criptomoedas. Vinheteiro aproveitou para incentivar seus seguidores a doarem livros e materiais que não usam, mas deixou um alerta: “Só tomem cuidado para não doarem milhões por engano, como eu fiz”.

Vinheteiro também compartilhou a história em seu novo canal no Youtube, chamado de Príncipe da Burguesia, onde promete falar sobre Bitcoin e criptomoedas.

Triste com perda de bitcoins e “tragédia do pistache”

Vinheteiro também falou sobre sua hospitalização após perder bitcoins. Tudo começou quando, abalado pela perda da moeda digital, sua esposa tentou animá-lo e o levou para tomar um “sorvete especial de pistache.”

Contudo, em vez de aliviar o estresse, o doce hiper-açucarado acabou causando uma dor intensa no duodeno, que se transformou em uma crise de gastrite. A situação evoluiu para uma combinação de dores de cabeça e incômodos digestivos, o que acabou levando Vinheteiro ao hospital, mesmo contra sua vontade.

Sem plano de saúde e desconfiado do sistema médico, ele resistiu até o último momento, mas acabou cedendo diante da dor. Ao chegar na emergência, enfrentou a sequência de exames que temia.

“O médico pediu logo uma radiografia do crânio por causa da dor de cabeça, mas isso era só o começo. Depois vieram mais exames que, no final, não resolveram nada”, comentou.

Vinheteiro descreveu a experiência hospitalar como “um cassino de perdas”, comparando o hospital a oficinas mecânicas que sempre encontram problemas a serem consertados.

Ele acredita que sua recuperação veio não dos remédios, mas de uma espécie de “cura pela fé”, ao decidir que precisava parar de gastar dinheiro com exames para evitar ainda mais prejuízo.

O relato cativou a audiência por sua mistura de humor ácido e reflexões sobre o custo do sistema de saúde. Ao final, Vinheteiro ainda lançou sua clássica recomendação para que os espectadores se inscrevam em seu novo canal, garantindo que a única coisa que ele quer “sugar” dos seguidores é o apoio, e não a carteira.

Entrevista

Em conversa com o Livecoins, Vinheteiro relatou ter ouvido falar do Bitcoin pela primeira vez no início da história da moeda digital, enquanto buscava formas de monetizar seu canal no YouTube.

Na época, ele considerou a moeda uma “picaretagem”, descartando a ideia de investir. Com recursos limitados, ele apenas acompanhava de longe as notícias sobre mineração de Bitcoin.

Foi apenas em 2021 que ele decidiu entrar no mercado, comprando no topo histórico de US$ 63 mil. Além de Bitcoin, Vinheteiro investiu em diversas altcoins, incluindo nomes como Illuvium, Mines of Dalarnia e My Neighbor Alice.

Muitos desses projetos, impulsionados por influenciadores, acabaram se desvalorizando e gerando prejuízos expressivos. O músico não poupou críticas ao mercado de altcoins, descrevendo-as como “fezes” e comparando o ambiente ao mercado de ações brasileiro, onde vê pouca transparência e muitas promessas vazias.

A grande repercussão da entrevista veio da revelação de como exatamente Vinheteiro perdeu acesso a seus bitcoins. Ele explicou que sua carteira hardware, protegida por um PIN e uma frase-semente de 12 palavras, tornou-se inutilizável após ele esquecer o PIN e perder o papel com as palavras de recuperação. “É muita senha, muito dispositivo, e a gente acaba se enrolando”, lamentou.

Diego Kolling, especialista em segurança de Bitcoin e convidado da live, destacou que essa forma de armazenamento é considerada amadora. Ele apresentou soluções mais modernas e robustas, como carteiras multiassinatura que exigem várias chaves para movimentar fundos, proporcionando maior segurança e flexibilidade em casos de perda ou falha de dispositivos.

Vinheteiro demonstrou surpresa ao descobrir que, apenas com as palavras-semente, qualquer pessoa que encontre o papel pode acessar seus fundos.

Ele também admitiu não saber como verificar se os Bitcoins ainda estão parados em sua carteira ou se já foram movimentados por terceiros. Kolling esclareceu que a transparência da blockchain permite rastrear transações e, em casos de roubo, buscar ajuda de autoridades e corretoras para tentar recuperar os fundos.

Vinheteiro também revelou ter recebido ataques e críticas de pessoas que zombaram de suas perdas, o que ele classificou como bullying, além de ter reclamado de pessoas que tentaram lhe roubar com a promessa de ajudá-lo a recuperar os bitcoins.

Para evitar esse tipo de golpe sofrido pelo Vinheteiro, o especialista Narcélio Filho usa e recomenda o sistema de contratos da “Private Law Society“, desenvolvido por brasileiros, que usa Bitcoin e o protocolo Nostr para firmar contratos privados entre partes e árbitros via Internet.

Mesmo se tratando de identidades virtuais e pseudônimas, o sistema garante que nenhuma parte viole o contrato, pois o(s) árbitro(s) pode(m) agir e julgar eventuais conflitos de acordo com o texto acordado.

“Trabalho há anos ajudando pessoas a recuperarem bitcoins perdidos. Atualmente celebro todos os contratos usando a PLS para ter certeza de que tudo o que for acordado entre mim e o cliente será cumprido, por ambas as partes.” explicou o profissional.

Ao final da live, Vinheteiro agradeceu as orientações e prometeu investigar a situação de sua carteira para entender se os fundos ainda podem ser recuperados.

Ele reconheceu os desafios da segurança no mundo cripto e reforçou a importância de soluções que tornem o Bitcoin mais acessível e fácil de usar. Mesmo com perdas financeiras, ele adotou uma postura otimista: “Bola pra frente, sempre. Perdi, mas compro mais se for preciso.”

A entrevista foi marcada por momentos de reflexão e descontração, com Vinheteiro demonstrando seu estilo irreverente e provocador, ao mesmo tempo em que deixou uma mensagem de cautela para os novos investidores.

A experiência do músico serve de alerta para a importância de práticas seguras no armazenamento de criptomoedas, especialmente para quem lida com valores expressivos.

O “Príncipe da Burguesia” e pai da música clássica brasileira deixou claro que não é contra o Bitcoin e que, embora critique alguns aspectos, reconhece sua importância como ferramenta de liberdade financeira.

A live completa pode ser assistida abaixo:

Ganhe um bônus de R$ 100 de boas vindas. Crie a sua conta na melhor corretora de criptomoedas feita para Traders Profissionais. Acesse: bybit.com

Entre no nosso grupo exclusivo do WhatsApp | Siga também no Facebook, Twitter, Instagram, YouTube e Google News.

Mateus Nunes
Mateus Nuneshttps://livecoins.com.br
Fundador do Livecoins. Formado em Ciência da Computação e profissional de segurança da informação há mais de 10 anos. Escreve sobre Bitcoin desde 2012. Tradutor do site Bitcoin.org

Últimas notícias

Últimas notícias