A Western Union, empresa de remessas de moeda pode estar prestes a ver outra invasão na sua indústria quando a Libra, lançada pelo Facebook e seus parceiros começar a operar. Com a promessa de ser uma moeda criptográfica mais estável do que o Bitcoin, a Libra seria lastreada por ativos reais, incluindo depósitos bancários e títulos do governo de curto prazo.
A moeda virtual, portanto, pretende se posicionar como meio de pagamento, e por extensão meio de remessa de moeda numa economia sem fronteiras. Com essa opção ao alcance dos mais de 2 bilhões de usuários do Facebook, a Libra pode representar uma pedra no sapato das empresas estabelecidas na indústria, reinventando como dinheiro é remetido em todo o mundo atualmente.
Facebook Libra
Inicialmente, a Libra teria como alvo áreas sub-atendidas pela rede bancária tradicional em mercados como Índia e África. A ideia seria atender localidades onde os serviços financeiros não estão disponíveis e as pessoas não têm acesso fácil a agências ou centros urbanos.
O que merece atenção é que, de acordo com o Banco Mundial remessas feitas para nações de média e baixa renda per capita cresceram 10% de um ano para outro, e bateram recorde em 2018, em especial para as regiões do Sudeste Asiático e da África. As remessas para esses países devem ultrapassar USD$ 550 bilhões em 2019, criando imenso potencial para que empresas como WU e Facebook lucrarem em cima daqueles que já pouco possuem, e ainda têm que enviar dinheiro para os parentes que moram longe.
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Na mira do Facebook estão os negócios da Western Union Consumer to Consumer (C2C) da região do Oriente Médio, Ásia e África, que constituíram quase 15% da receita total do segmento em 2018. Apesar das receitas destas regiões terem caído 4% em 2018, o número de as transações cresceu 1% (fonte: Banco Mundial).
Porém ainda não está claro nos planos do Facebook como isso aconteceria na prática. Mas isso é assunto para outro artigo.
“Fator Disruptivo”
Mas se os planos se confirmarem o “fator disruptivo” seria sem precedentes. Imagine remeter dinheiro sem fronteiras, sem autenticação de terceiros, a um custo menor e com grande velocidade e segurança. Isso pouparia os clientes do complicado processo via bancos, além de economizar tempo e criar conveniência.
Outra questão relacionada é sobre a atuação dos governos e da legislação sobre o fluxo de capital internacional. O BACEN não tem se pronunciado como controlaria esse dinheiro, se e como haveria incidência de tributo, e como proteções trabalhista ainda permaneceriam vigentes.
“(…) nós não temos informações suficientes ainda sobre a Libra para tomar uma decisão.” Roberto Campos Neto, Presidente do BACEN
Tecnologia Blockchain
A Western Union já vem enfrentado diminuição nos negócios domésticos de transferência de dinheiro devido à forte concorrência de empresas de tecnologia, como Square, PayPal, e Zelle. Analistas têm acompanhando para ver se a Western Union realiza os investimentos necessários para manter seu modelo de negócio relevante no setor. No momento os ventos da inovação trazida pela tecnologia blockchain começa a virar tempestade.
A apreensão do mercado se confirma pela valorização de apenas 4% nas ações da WU em comparação com o crescimento de quase 70% da indústria nos dois últimos anos. Muitos acreditam que a Western Union tem um caminho difícil pela frente, pois os usuários do Facebook em todo o mundo teriam um serviço de remessa de dinheiro via Libra praticamente da noite pro dia, e isso afetaria os negócios da Western Union instantaneamente.
Pessoalmente, acredito ser essencial acompanhar não só a WU mas também a MoneyGram e a RIA, pois seus relatórios podem servir para sinalizar a direção que o mercado vai tomar nos próximos anos. Atenção especial à chegada da TransferWise e a popularização do cripto-cartão BitPay / VISA.
Por Pascual Ariel Arrechea | Para saber mais sobre blockchain, criptomoedas e tecnologia, visite meu site ou acompanhe no QUORA.