Em comemoração ao 7º aniversário da BitMart, a WuBlockchain—uma das principais plataformas de mídia do setor de criptomoedas—realizou uma entrevista exclusiva com Sheldon, fundador da BitMart. A conversa oferece uma retrospectiva aprofundada sobre a trajetória de Sheldon, desde sua descoberta do Bitcoin como estudante universitário até a fundação e expansão da BitMart, transformando-a em uma exchange global de ativos digitais. A entrevista também explora a evolução da exchange ao longo dos últimos sete anos, as principais tendências da indústria e insights sobre o cenário regulatório que moldará o futuro do mercado cripto.
A entrevista completa está apresentada abaixo.
Sheldon, fundador da BitMart, teve seu primeiro contato com o Bitcoin enquanto estava na faculdade, em 2013, após ler sobre um avanço na mineração com ASICs. Naquele verão, ele participou de uma conferência de Bitcoin em Hangzhou, onde conheceu grandes nomes da indústria, como CZ, Star Xu, Mo Buyi e James Gong.
Após concluir seu mestrado em 2017, fundou a BitMart, que mais tarde recebeu um investimento da Fenbushi Capital em 2020. Em 2024, a BitMart lançou seu próprio sistema de derivativos. Com um CCO atuando desde o início, a exchange conseguiu manter um nível relativamente leve de exigências regulatórias.
A retenção de usuários da BitMart se baseia na valorização de ativos digitais e em serviços interativos. Embora o risco de queda do Bitcoin pareça limitado, o mercado cripto em geral segue enfraquecido. Se houver uma mudança na liderança política nos próximos quatro anos, regulamentações mais rígidas podem ser implementadas.
Descobrindo o Bitcoin no Segundo Ano da Faculdade: “Achei incrível”
Colin: Sheldon, este ano marca o 7º aniversário da BitMart. Parabéns pelo crescimento contínuo e por superar tantos desafios ao longo do caminho. Você poderia começar nos contando um pouco sobre sua trajetória, incluindo sua formação acadêmica e sua história antes de entrar no setor cripto?
Sheldon: Recentemente, nossa plataforma celebrou seu 7º aniversário. A empresa já existe há mais de 7 anos, incluindo cerca de 9 meses de preparação antes do lançamento oficial, que aconteceu em 15 de março de 2018—coincidentemente no Dia do Consumidor (3.15).
Vou resumir um pouco a minha experiência. Estudei ciência da computação na Universidade Hangzhou Dianzi. Minha formação me permitiu entrar em contato com blockchain muito cedo, já que essa tecnologia está diretamente relacionada à computação. Tive meu primeiro contato com o Bitcoin no início de 2013, quando ainda estava no segundo ano da faculdade. Sempre fui interessado em novas tecnologias e curioso para explorar inovações disruptivas.
Na época, eu ainda usava o Renren, uma rede social chinesa. Eu administrava meu próprio pequeno site na plataforma “Renren Xiaozhan”, onde escrevia código e reunia notícias interessantes do setor de tecnologia para compartilhar. Um dia, me deparei com uma notícia do Brooklyn, Nova York, falando sobre dois jovens que aprimoraram os algoritmos de mineração com ASICs, aumentando a velocidade de mineração de Bitcoin em centenas de vezes. Aquilo despertou minha curiosidade, e comecei a me aprofundar no Bitcoin.
No início, fiquei extremamente empolgado, mas, para ser sincero, eu só entendia de computadores e programação—não sabia absolutamente nada sobre finanças. Eu via o Bitcoin como uma tecnologia revolucionária que poderia mudar o mundo. Do ponto de vista da liberdade financeira, ele tornava as transferências globais gratuitas e convenientes, o que era um conceito muito atraente para mim na época. Jovens sempre buscam liberdade, e eu achava o Bitcoin algo incrível.
Conferência de Bitcoin em Hangzhou (2013): Conhecendo CZ, Star Xu e Outros
Colin: Então, você chegou a minerar naquela época?
Sheldon: Sim! Enquanto ainda estudava, tentei minerar usando meu próprio computador. Naquele tempo, a indústria ainda era pequena e eu frequentemente encontrava pessoas em eventos presenciais. Por exemplo, no verão de 2013, participei de uma conferência de Bitcoin em Hangzhou e conheci pessoas como CZ, Star Xu da OK, Jame Gong, Mo Buyi e Nick Chong. Todos estavam ali movidos pelo entusiasmo da blockchain, e havia bastante interação, o que me permitiu conhecer vários futuros parceiros da indústria.
Colin: Você continuou explorando o setor depois disso?
Sheldon: Durante a faculdade, fiz alguns desenvolvimentos em blockchain e até mesmo criei minha própria moeda, que era relativamente conhecida em 2013. Depois disso, decidi focar nos estudos e fui para o Stevens Institute of Technology, em Nova Jersey, EUA, para fazer um Mestrado em Ciência da Computação. Embora academicamente eu tenha voltado para a área tradicional da computação, continuei acompanhando os avanços do cenário blockchain.
De forma geral, o Bitcoin realmente me inspirou, especialmente pelas inovações financeiras que trouxe. Mas o que realmente aprofundou meu entendimento da indústria aconteceu em 2016, quando um ex-aluno da minha universidade, que havia se mudado para os Estados Unidos antes de mim e trabalhava na SAP em Seattle, tornou-se o líder do nosso grupo de ex-alunos no exterior. Conversávamos com frequência e trocávamos opiniões sobre blockchain e Bitcoin. Durante esses anos, também comecei a experimentar trading algorítmico e discutia questões relacionadas com ele.
Sheldon: Depois, eu li o whitepaper do Ethereum, e ao terminar, senti como se minha mente tivesse se expandido. Na época, a visão do Ethereum era construir um “computador mundial”, colocando cálculos e armazenamento completamente on-chain. Esse modelo era mais intuitivo em comparação ao Bitcoin, com uma visão mais grandiosa, um espaço de inovação maior e aplicações práticas mais amplas.
Colin: Isso foi em 2015?
Sheldon: Foi na segunda metade de 2016, pouco antes do crescimento explosivo do Ethereum. Depois de ler o whitepaper, senti que era um mundo totalmente novo. Diferente da filosofia do Bitcoin, o Ethereum permitia suporte a smart contracts e tinha muito mais flexibilidade, o que levou minha compreensão sobre blockchain para outro nível.
Depois disso, eu e alguns colegas começamos a experimentar codificação e criamos alguns pequenos aplicativos no Ethereum. Ao mesmo tempo, mergulhei no frenesi do trading de criptomoedas, acumulando algum capital inicial no mercado. Passei por dois Bull Markets, obtive alguns lucros, mas, comparado aos primeiros players que se dedicaram integralmente ao setor, meu acúmulo de capital ainda não era tão grande.
2017: A Oportunidade e a Preparação para a Fundação da BitMart
Em 2017, após concluir meu mestrado, o mercado estava particularmente favorável para as criptomoedas. Comecei a considerar qual seria meu próximo passo e, no fim, decidi iniciar um negócio com alguns amigos que conheci em 2013. Nossa ideia era estabelecer uma plataforma de negociação, então iniciamos os preparativos em setembro de 2017 e oficialmente lançamos a BitMart no dia 15 de março do ano seguinte. Durante esses 8 a 9 meses, enfrentamos muitos desafios, incluindo a formação da equipe e a captação de recursos. Todo o processo foi bastante árduo, mas conseguimos lançar a exchange exatamente no final do Bull Market.
Desde então, a BitMart entrou oficialmente em uma trajetória de rápido crescimento. Esses sete anos foram longos e repletos de desafios. Minha entrada no espaço cripto foi, de certa forma, uma coincidência, mas, no fundo, foi impulsionada pelo meu interesse em tecnologia e pelo caráter inovador da blockchain. Por outro lado, meu entendimento do sistema financeiro tradicional era limitado, enquanto a blockchain oferecia um novo paradigma financeiro, com o potencial de transformar o setor de um ponto de vista técnico. Por isso, decidi me aprofundar nessa indústria e sigo nela desde então.
Colin: Qual era sua estratégia quando você fundou a exchange? Vocês já tinham uma direção clara na época?
Sheldon: Nossa ideia inicial era bastante simples. De um lado, o mercado cripto estava em uma fase de rápido desenvolvimento, e, do outro, a concorrência entre exchanges não era tão intensa quanto é hoje, com uma alta demanda por listagem de novos tokens. Do ponto de vista da demanda do mercado, acreditávamos que havia um grande potencial de crescimento para as operações de uma exchange.
Além disso, identificamos três áreas principais na indústria: exchanges, mineração e chips. No final, escolhemos o segmento de exchanges como nossa direção empreendedora, já que as outras duas áreas não eram nossa especialidade.
Nossa estratégia competitiva permaneceu praticamente inalterada desde então. O valor central de uma exchange está em fornecer um ambiente de negociação, oferecer liquidez e disponibilizar ativos de qualidade. Por isso, desde o início, decidimos adotar uma estratégia de listagem diversificada. No entanto, em 2017, a infraestrutura da indústria ainda era pouco desenvolvida, o que tornava muito mais desafiador otimizar a variedade de produtos, a liquidez e a base técnica da plataforma.
Naquela época, havia uma grave escassez de talentos na indústria como um todo. Praticamente não existiam profissionais especializados em blockchain, e a maior parte do conhecimento precisava ser desenvolvida internamente ou descoberta por meio de tentativa e erro, tornando os desafios técnicos ainda mais complexos. Mesmo assim, seguimos firmes em nossa estratégia competitiva, que se mantém até hoje.
Nosso time tinha uma forte presença global, o que fez com que a BitMart fosse amplamente reconhecida em todo o mundo. Quando lançamos a exchange, conseguimos atrair uma atenção significativa, e a estrutura de usuários que formamos desde o início continuou consistente em escala global.
2017-2021: A Jornada da BitMart – De Startup ao Crescimento Rápido
Colin: Se você pudesse dividir os 7 a 8 anos de desenvolvimento da BitMart em diferentes fases, como as definiria? Quais são suas principais características?
Sheldon: Acredito que as fases de desenvolvimento da BitMart estão intimamente ligadas às mudanças na estrutura organizacional da empresa, na formação de talentos e na escala dos negócios. Se tivermos que categorizá-las, diria que atualmente estamos na quarta fase.
A primeira fase compreende os anos de 2017 a 2019, quando a BitMart ainda estava em sua fase inicial como empresa. Naquele momento, nossa equipe era pequena, e tanto o nível do nosso negócio quanto a participação de mercado ainda estavam nos estágios iniciais de desenvolvimento.
O Bear Market de 2019 e a queda do mercado no início de 2020 foram grandes desafios para a equipe. Toda a indústria enfrentava um período extremamente difícil, o que nos levou a realizar alguns ajustes na equipe. Muitos dos primeiros membros do time optaram por sair devido à mudança no ambiente do mercado. Acredito que, durante essa fase, todas as exchanges enfrentaram uma pressão enorme para sobreviver. Esse foi, sem dúvida, o período mais desafiador para nós.
A partir de 2020 até 2021, entramos na segunda fase, caracterizada pelo crescimento acelerado. No início de 2020, a Fenbushi Capital investiu na BitMart. Embora o valor do investimento não tenha sido tão grande, foi extremamente significativo para nossa trajetória.
Em 2020, fizemos uma reformulação completa na equipe, e a estrutura organizacional passou por uma grande reestruturação. Muitos dos membros-chave que entraram naquela época continuam conosco até hoje, ocupando posições estratégicas e de liderança. Essa reformulação foi essencial para preparar a BitMart para seu crescimento rápido nos anos seguintes.
Sheldon: Entre 2020 e 2021, com a otimização da nossa equipe, também tivemos a sorte de sermos impulsionados por um forte Bull Market. Durante esses dois anos, a emissão de novos ativos foi incrivelmente intensa, e o chamado “DeFi Summer” expandiu significativamente a escala da indústria cripto, criando inúmeras oportunidades para a valorização de ativos emergentes. Esse movimento da indústria impulsionou diretamente o crescimento dos negócios da BitMart Exchange.
Em especial, na metade de 2021, nossos números de desempenho atingiram um crescimento extraordinário. Nosso volume de negociação mensal aumentou 100 vezes em comparação com 2020. Em termos de crescimento de usuários, o número de traders de varejo e downloads do nosso aplicativo disparou. Chegamos a entrar no top 20 da App Store, superando até mesmo o PayPal por um breve período. Durante esse tempo, a BitMart alcançou centenas de milhares de downloads diários, com picos de dezenas de milhares de novos registros por dia, expandindo rapidamente nossa participação no mercado. Naquele momento, nosso volume de negócios nos colocou entre as cinco maiores exchanges globais.
Nosso sucesso foi impulsionado principalmente por uma estratégia robusta de listagem de ativos e pela facilidade de uso dos nossos produtos.
2022-2023: Reforço do Controle de Risco e Investimentos em Segurança
Sheldon: Definimos os anos de 2022 e 2023 como a “fase de consolidação” do desenvolvimento da BitMart. Nosso principal foco de investimento foi em produtos, pesquisa e desenvolvimento, segurança e controle de risco. Realizamos mais uma rodada de atualizações e otimizações em nossos processos de gerenciamento interno, sistemas de pesquisa de produtos, procedimentos operacionais padrão (SOPs) e estrutura da equipe.
De 2017 a 2019, a gestão da BitMart esteve sob a liderança da primeira geração de executivos da empresa. Entre 2020 e 2021, introduzimos a segunda geração de liderança principal. Já em 2022 e 2023, demos as boas-vindas à terceira geração de liderança, movendo-nos gradualmente para um modelo de gestão profissionalizada e trazendo talentos-chave do setor financeiro tradicional e de outras exchanges de ponta. Ao mesmo tempo, realizamos grandes atualizações e otimizações nos nossos sistemas técnicos, aprimorando a infraestrutura da BitMart.
Além disso, fortalecemos ainda mais nossos sistemas de controle de risco e segurança, com investimentos substanciais em instalações de segurança. De certa forma, encaramos o Bear Market como uma oportunidade para nos concentrarmos na otimização interna, garantindo maior estabilidade e resistência a riscos no longo prazo.
2024: Lançamento de um Sistema Próprio de Derivativos
Sheldon: Acredito que 2024 e 2025 marcarão a quarta fase de desenvolvimento da BitMart, representando um novo ciclo de crescimento. Durante esse período, nosso foco principal será o mercado de contratos futuros e derivativos.
Em 2024, lançamos oficialmente um sistema próprio de derivativos, um sistema de compensação e liquidação de negociações totalmente baseado em memória, que melhora significativamente a eficiência e o desempenho das operações. Em termos de produtos de derivativos, esse sistema reduziu significativamente a diferença entre a BitMart e as exchanges de primeira linha. Seu lançamento facilitou a expansão do nosso mercado de derivativos, que tem crescido rapidamente e se tornado um novo motor de crescimento para a empresa.
Além disso, para acompanhar esse crescimento, realizamos ajustes na nossa equipe de liderança da quarta geração, introduzindo novos gestores essenciais. Essa evolução organizacional é inevitável, pois não é possível levar a empresa para um novo patamar sem adaptar sua estrutura ao modelo de negócios em constante mudança.
A Estratégia Central da BitMart para um Desenvolvimento em Conformidade
Colin: Eu lembro que você sempre enfatizou a importância de compliance. Comparado a outras plataformas de negociação, sua estratégia parece um pouco diferente. Como vocês formularam essa estratégia de conformidade desde o início?
Sheldon: Sim, a BitMart contou com um Chief Compliance Officer (CCO) desde o primeiro dia. Nossa equipe executiva sempre incluiu um profissional responsável especificamente por assuntos jurídicos. Desde os estágios iniciais, realizamos análises aprofundadas do ambiente regulatório e formulamos um plano abrangente de conformidade operacional, trabalhando de perto com escritórios de advocacia para garantir que nossas operações fossem legais e totalmente regulamentadas. Como resultado, mantemos um histórico regulatório relativamente leve.
Sheldon: Acredito que os fundadores de cada exchange possuem personalidades e estilos de tomada de decisão diferentes. Como empreendedores, o mais importante é entender claramente o que realmente queremos, o que temos e o que estamos dispostos a abrir mão.
Algumas exchanges optam por modelos de crescimento extremamente agressivos, assumindo riscos regulatórios elevados em busca de retornos excepcionais. Nós, por outro lado, desde o início escolhemos um caminho mais estável, sem assumir riscos jurídicos desnecessários. Essa escolha reflete a diferença na visão de risco e retorno de cada empreendedor. Cada exchange define sua estratégia com base em suas próprias considerações e princípios.
Direções de Expansão do Mercado de Futuros: Foco na Ásia e Europa
Colin: Sua base de usuários mudou? Você mencionou o mercado de derivativos, e em alguns mercados, claramente não é possível operar com derivativos. Houve alguma mudança na distribuição geográfica dos seus usuários?
Sheldon: Antes de 2024, nosso mercado de derivativos ainda era relativamente pequeno. Em comparação, o mercado spot possui exigências regulatórias menos rígidas, o que nos permitiu manter nossas operações dentro de um nível controlável de pressão regulatória.
De 2021 a 2024, houve uma mudança significativa na distribuição dos nossos usuários. Se antes a maioria era da América do Norte, agora o mercado asiático e europeu passaram a dominar. Atualmente, o mercado de derivativos está mais concentrado na Ásia, onde a atividade dos usuários e a demanda por negociação continuam sendo as mais altas.
O Valor Central para Retenção de Usuários: “Valorização de Ativos Digitais” e “Serviços Interativos”
Colin: Como está a situação geral da receita e da lucratividade da BitMart? Qual tem sido o desempenho da empresa nesse aspecto?
Sheldon: No geral, nossa situação é muito boa. Sempre tivemos uma grande capacidade de listagem de tokens. Se você observar o mercado, verá que a BitMart é consistentemente uma das exchanges que mais lista e lista tokens mais rapidamente. Essa estratégia de listagens aceleradas manteve nossa receita em um nível estável e alto, principalmente nas taxas de negociação no mercado spot, onde sempre ocupamos uma posição de destaque.
Em 2023, estabelecemos uma estratégia de diversificação das nossas fontes de receita, expandindo nosso foco além do mercado spot para incluir o mercado de derivativos. Em 2024, o crescimento das negociações de derivativos impulsionou significativamente nossa receita geral. Isso também levou a uma expansão da nossa equipe, embora continuemos mantendo operações enxutas e eficientes. Atualmente, a BitMart conta com quase 500 funcionários, mais que o dobro do tamanho que tínhamos em 2021.
Colin: A empresa terá alguma mudança estratégica neste ano?
Sheldon: Sim. A estratégia central da BitMart está sempre evoluindo, mas nossa visão e missão nunca mudaram. Nos últimos cinco anos, em todas as nossas reuniões anuais e trimestrais, temos enfatizado um objetivo principal: “Ser a infraestrutura do futuro mundo Web3.”
Colin: Você mencionou a visão que a empresa sempre manteve. Se tivesse que resumir os valores fundamentais do desenvolvimento da BitMart ao longo dos anos ou os aspectos mais importantes da cultura corporativa, como os definiria?
Sheldon: Do ponto de vista do usuário, sempre buscamos oferecer um ambiente de negociação livre, permitindo que os usuários escolham seus ativos e criando uma plataforma Web3 aberta, acessível e confiável. Por isso, nossos produtos e ferramentas de negociação são sempre desenvolvidos com base nas necessidades do usuário, buscando atender às suas demandas da melhor forma possível, tanto na experiência de negociação quanto no suporte a ativos. Essa abordagem tem permitido à BitMart manter uma alta taxa de retenção de usuários e expandir continuamente sua participação no mercado.
Colin: Quais são os valores que você defende em termos da cultura interna da empresa?
Sheldon: Os valores centrais da nossa cultura interna podem ser resumidos em cinco palavras-chave: confiança, confiabilidade, simplicidade, eficiência e persistência.
Esses valores estão presentes na comunicação diária da empresa, na formulação de estratégias e na execução dos negócios. Seja na colaboração entre equipes ou na tomada de decisões diante das mudanças do mercado, seguimos esses cinco princípios fundamentais.
Do ponto de vista da estratégia de receita, estamos promovendo a expansão das fontes de renda, passando da dependência exclusiva da receita de negociações em spot para a inclusão da receita de derivativos, garantindo um crescimento diversificado. Já do ponto de vista estratégico a longo prazo, este ano também formulamos uma estratégia para carteiras descentralizadas. No terceiro trimestre de 2025, planejamos lançar nossa própria carteira descentralizada e integrá-la às carteiras de CEX existentes.
Para as exchanges, o valor central da retenção de usuários está na “valorização dos ativos digitais” e nos “serviços interativos”. A estratégia de carteira é fundamental para nós, pois não se trata apenas de um instrumento de armazenamento, mas sim da porta de entrada dos usuários para o mundo Web3. Com essa base, podemos estabelecer um sistema completo de valorização de ativos e fornecer serviços como gerenciamento de ativos e interações informativas. Essa abordagem está totalmente alinhada com a visão e a missão de longo prazo da BitMart.
Colin: É realmente necessário desenvolver uma carteira própria? A aquisição de produtos on-chain ou carteiras já existentes poderia ser uma boa alternativa, assim como a Binance fez ao adquirir a Trust Wallet?
Sheldon: Sim, a aquisição é uma opção viável, mas já acumulamos uma base técnica robusta nessa área. Nosso modelo de gestão de ativos também já trabalha em parceria com alguns custodians terceirizados, como Copper, Fireblocks e Cobo. No entanto, nossa equipe interna tem uma grande experiência acumulada no desenvolvimento de tecnologia para carteiras. O ano de 2025 parece ser o momento ideal para isso, então decidimos avançar com o desenvolvimento interno da nossa própria carteira, em vez de buscar uma aquisição direta.
A Tendência de Integração entre CEX e DEX
Colin: Sua estratégia também é um desafio que todas as CEXs precisam enfrentar. Assim como em 2017, quando a Binance aproveitou o boom do mercado de altcoins, hoje as CEXs podem enfrentar desafios vindos das DEXs e da economia on-chain. Você acha que esse desafio impactará fundamentalmente as CEXs?
Sheldon: Acredito que CEXs e DEXs têm vantagens distintas e atendem a públicos-alvo significativamente diferentes. Atualmente, é improvável que as duas modalidades se fundam completamente no curto prazo, mas, no médio e longo prazo, CEXs e DEXs tenderão a convergir, aproveitando e integrando as tecnologias umas das outras.
Por exemplo, muitas DEXs dependem de backends descentralizados para compensação e liquidação, mas a apresentação e interação no front-end ainda são centralizadas. Da mesma forma, as CEXs estão começando a integrar carteiras descentralizadas de auto-custódia em suas próprias carteiras centralizadas, oferecendo mais controle aos usuários sobre seus ativos.
Acredito que, no futuro, tanto CEXs quanto DEXs continuarão crescendo em tamanho de mercado e, eventualmente, alcançarão um estado de integração. As DEXs possuem vantagens claras em transparência, auto-custódia e resistência à censura, enquanto as CEXs ainda dominam em negociação de alta frequência, alta liquidez e suporte para estratégias de negociação mais complexas. Portanto, uma não substituirá completamente a outra; em vez disso, ambas continuarão se aproximando em suas respectivas áreas de especialização, formando uma relação complementar.
Colin: Você acha que o espaço de mercado das CEXs ficará menor? Por um lado, há concorrência das DEXs, e, por outro, as exchanges reguladas localmente também estão se desenvolvendo rapidamente.
Sheldon: Essa questão precisa ser analisada separadamente. Em termos de valor de mercado absoluto, o tamanho do mercado das CEXs continuará crescendo nos próximos 5 a 10 anos. No entanto, em termos de participação de mercado, o cenário pode não ser tão otimista.
Atualmente, a regulamentação sobre DEXs é relativamente branda. Por exemplo, a retirada de processos contra protocolos descentralizados como a Uniswap abriu muitas oportunidades para o crescimento das DEXs. Assim, é provável que a participação de mercado das DEXs continue aumentando.
Por outro lado, o crescimento das CEXs ainda depende da expansão geral dos ativos no setor cripto. Com a digitalização financeira e a ascensão da era da inteligência artificial, um grande volume de novos ativos digitais será gerado, aumentando significativamente sua aplicação e frequência de interação. No geral, o tamanho do mercado da indústria (especialmente para as exchanges centralizadas) continuará crescendo e dificilmente estagnará nos próximos 5 a 10 anos.
Ainda assim, as mudanças na participação de mercado podem indicar que mais empreendedores emergentes encontrarão maiores oportunidades em DEXs ou em outras áreas do DeFi.
Previsão do Mercado do Bitcoin: Alvo de US$ 1 Milhão no Longo Prazo, Influência das Políticas do Federal Reserve no Curto Prazo
Colin: Você acompanha de perto o mercado dos EUA e já discutimos o estado atual do mercado. Como você enxerga as tendências futuras? Quais impactos os ajustes nas políticas dos EUA podem ter no mercado? O governo americano está flexibilizando algumas regulamentações e dando mais suporte ao setor, mas fatores macroeconômicos, como a inflação, ainda podem influenciar. Como você avalia o futuro do mercado? Do ponto de vista da empresa, esses fatores afetam diretamente os investimentos e o planejamento de crescimento. Além disso, quais oportunidades as mudanças no ambiente regulatório dos EUA podem trazer para o setor?
Sheldon: No mercado secundário, o Bitcoin tem se desvinculado gradualmente de outras classes de ativos, mas ainda mantém uma forte correlação com as políticas macroeconômicas dos EUA. No longo prazo, a visão predominante é que o Bitcoin eventualmente atingirá US$ 1 milhão. No entanto, no curto prazo, seus movimentos de preço ainda dependem principalmente das políticas de corte de juros do Federal Reserve, do fluxo de fundos para os ETFs de Bitcoin à vista e de possíveis planos de reservas nacionais de Bitcoin.
Atualmente, o potencial de queda do Bitcoin parece limitado e, embora a liquidez do mercado esteja um pouco restrita, seus fundamentos continuam sólidos. No entanto, fora o Bitcoin, a situação do mercado para outros criptoativos permanece desanimadora. Falta um novo influxo de capital e não há protocolos ou aplicações de “confiança” surgindo do lado do desenvolvimento de produtos. Assim, em termos de criação de valor e liquidez, o mercado ainda está estagnado.
O recente aumento no mercado foi impulsionado principalmente por instituições financeiras tradicionais e pela entrada de capital via ETFs dos EUA. O destino final do Bitcoin parece ser a custódia por bancos e algumas entidades reguladas, em vez de fluir para DEXs ou entidades não regulamentadas, como acontecia no passado. Isso fez com que o nível de alavancagem no mercado caísse significativamente. Em ciclos anteriores de alta, exchanges offshore ou entidades não regulamentadas operavam com alavancagem muito alta, o que levou a uma expansão excessiva do mercado. Durante o processo de desalavancagem, ondas de liquidação massiva causavam grande volatilidade. No entanto, nesta rodada, o efeito de transbordamento da alavancagem é relativamente fraco; apesar de a taxa de rotatividade do Bitcoin ser alta, a proporção de detentores de varejo diminuiu significativamente. Como resultado, o mercado secundário, especialmente o de altcoins, continua enfrentando dificuldades.
Sheldon: No que diz respeito ao ambiente regulatório dos EUA, um possível retorno de Trump poderia trazer oportunidades para o mercado. No passado, a regulamentação do governo americano era baseada principalmente na aplicação da lei, já que o setor cripto carecia de bases legais claras. A fiscalização era realizada com base em leis de valores mobiliários e regulamentações contra lavagem de dinheiro. Além disso, diversas agências (SEC, CFTC, DOJ, entre outras) regulamentavam o setor dentro de uma estrutura financeira tradicional, adotando uma abordagem bastante rígida. Esse modelo de regulamentação por múltiplas agências levou a uma grande saída de empresas do mercado americano, fazendo com que os fundos ficassem em um estado prolongado de espera.
Embora a eleição de Trump não leve imediatamente a novas legislações, pode impactar positivamente a postura regulatória. Do ponto de vista do processo legislativo, um projeto de lei precisa ser proposto na Câmara, analisado pelo Senado e passar por várias rodadas de emendas. Isso significa que a formação de um quadro regulatório estável levará tempo. No entanto, a postura da administração Trump pode trazer impactos positivos de curto prazo para o mercado, especialmente para investidores institucionais que estão hesitantes. Isso pode funcionar como um incentivo importante, liberando capital retido e estimulando a inovação no setor.
Atualmente, as agências de fiscalização continuam adotando uma postura rigorosa contra atividades ilegais e crimes financeiros no setor cripto. No entanto, no que diz respeito à regulamentação de valores mobiliários, especialmente em relação a negócios inovadores envolvendo ativos cripto, como tokenização e compliance para DeFi, pode haver maior flexibilidade regulatória. De forma geral, a tendência sugere que o setor cripto dos EUA terá um ambiente regulatório mais estável no futuro, saindo do estado de alta pressão e incerteza dos últimos anos.
Colin: Mas você teme que as políticas dos EUA possam mudar drasticamente com a alternância de partidos? Por exemplo, daqui a dois ou quatro anos, caso o Congresso mude, pode haver uma reversão significativa na direção da regulamentação?
Sheldon: Esse risco realmente existe e, na verdade, pode ser considerado altamente provável. Esse período de quatro anos pode ser melhor descrito como um adiamento da fiscalização, em vez de uma suspensão definitiva. Por exemplo, várias empresas cripto foram processadas pouco antes das eleições do ano passado e algumas multas e acordos significativos foram finalizados durante o governo Biden. Se houver uma mudança de partido novamente em quatro anos, a possibilidade de uma regulamentação mais rigorosa ainda será alta.
Sobre a BitMart
A BitMart é a principal plataforma global de negociação de ativos digitais. Com milhões de usuários em todo o mundo e classificada entre as principais exchanges de criptomoedas no CoinGecko, atualmente oferece mais de 1.700 pares de negociação com taxas competitivas. Em constante evolução e crescimento, a BitMart aposta no potencial das criptomoedas para impulsionar a inovação e promover a inclusão financeira. Novos usuários podem se cadastrar aqui para desbloquear um bônus de boas-vindas de mais de US$ 8.000.
Aviso Legal
O uso dos serviços da BitMart é inteiramente por sua conta e risco. Todos os investimentos em criptomoedas, incluindo ganhos, são altamente especulativos e envolvem um risco substancial de perda. O desempenho passado, hipotético ou simulado não é necessariamente indicativo de resultados futuros.
O valor das moedas digitais pode subir ou descer, e há um risco significativo envolvido na compra, venda, manutenção ou negociação desses ativos. Você deve avaliar cuidadosamente se negociar ou manter criptomoedas é adequado para você, considerando seus objetivos de investimento, situação financeira e tolerância ao risco. A BitMart não fornece consultoria de investimentos, jurídica ou tributária.
