O mercado de criptomoedas no Brasil registrou um momento histórico nesta segunda-feira (11), com o Bitcoin ultrapassando a marca de 500 mil reais pela primeira vez na história. O valor recorde é resultado de uma forte demanda pela criptomoeda no país, segundo dados do Mercado Cripto, que monitora volumes e preços da moeda digital em corretoras que operam no país.
Um bitcoin = meio milhão de reais. pic.twitter.com/lyCIZw1eJS
— Livecoins (@livecoinsBR) November 11, 2024
A valorização do Bitcoin em território nacional aponta para uma nova fase no comportamento dos investidores, que estão cada vez mais em busca de ativos descentralizados e resistentes à inflação, em um cenário econômico global incerto e marcado por instabilidades.
Analistas do setor explicam que esse crescimento recorde não é um evento isolado, mas reflexo de uma série de fatores: a iminente adoção institucional, a crescente presença de fundos que acumulam Bitcoin, e o aumento da percepção do ativo como uma reserva de valor confiável.
Com grandes instituições financeiras e até governos considerando o Bitcoin em suas políticas de investimento, muitos investidores veem a criptomoeda como uma resposta segura e inovadora ao sistema financeiro tradicional.
Além disso, o crescimento no volume de negociação também aponta para uma diversificação de perfis de investidores, com a entrada de grandes players institucionais e pequenos investidores que buscam proteger seu patrimônio em tempos de alta inflação e políticas monetárias imprevisíveis.
No Brasil, esse contexto é ainda mais relevante, considerando a instabilidade da moeda local e a falta de alternativas de investimento acessíveis para grande parte da população.
O dia de hoje ficará registrado na história do mercado cripto brasileiro como um momento de consolidação e de renovadas esperanças para quem vê na tecnologia do Bitcoin uma nova forma de acessar e gerenciar riqueza.
A trajetória do Bitcoin até os R$ 500 mil
A trajetória do Bitcoin rumo ao valor de 500 mil reais é marcada por uma história de crescimento exponencial, inovação tecnológica e mudanças na percepção pública e institucional sobre criptomoedas.
Desde sua criação em 2009 por uma figura anônima usando o pseudônimo Satoshi Nakamoto, o Bitcoin evoluiu de um experimento digital desconhecido para uma das classes de ativos mais procuradas no mundo.
Essa trajetória é um reflexo de fatores complexos, que vão desde a tecnologia e escassez até crises econômicas e a busca por alternativas ao sistema financeiro tradicional.
1. Início: Da criação ao primeiro valor
Em 2009, Nakamoto lançou o Bitcoin em um mundo que ainda estava se recuperando da crise financeira de 2008. A ideia era criar uma moeda descentralizada, onde transações fossem validadas por uma rede de computadores (nós) em vez de uma autoridade central.
O primeiro bloco de Bitcoin, chamado “Genesis Block”, continha uma mensagem sobre o resgate aos bancos, uma crítica ao sistema financeiro.
Inicialmente, o Bitcoin tinha valor zero, e as primeiras transações aconteceram apenas entre entusiastas da tecnologia.
Em 2010, uma das primeiras transações monetárias conhecidas foi feita por um programador que pagou 10.000 BTC por duas pizzas, um momento icônico que simboliza o início de seu valor monetário.
2. Primeiros anos de alta volatilidade (2011-2015)
Conforme o Bitcoin ganhava popularidade entre usuários da internet e adeptos da tecnologia blockchain, ele passou a ser negociado em exchanges.
Em 2011, seu valor chegou a um dólar pela primeira vez. A partir desse momento, a volatilidade se tornou uma característica marcante do ativo.
Ele rapidamente subiu para cerca de 31 dólares, antes de cair novamente. Esses ciclos de alta e queda continuariam a ser uma marca do Bitcoin.
Nesse período, o Bitcoin começou a ganhar a atenção da mídia, especialmente devido ao uso em mercados ilícitos como o Silk Road. Apesar da má fama inicial, o Bitcoin estava começando a ser percebido como uma alternativa viável para transações digitais.
3. Consolidação e primeiro grande ciclo de alta (2016-2017)
A partir de 2016, a percepção pública sobre o Bitcoin começou a mudar. Investidores institucionais começaram a observar mais de perto a criptomoeda, e países como Japão começaram a considerar sua legalização.
Nesse período, ocorreu o segundo halving (evento em que a recompensa para mineradores é reduzida pela metade, diminuindo a emissão de novos bitcoins), o que impulsionou o preço.
Em 2017, o Bitcoin atingiu pela primeira vez 20.000 dólares. Esse ciclo de alta foi impulsionado pelo interesse crescente de investidores de varejo e a entrada de produtos financeiros como futuros de Bitcoin na Chicago Mercantile Exchange (CME).
4. Queda e recuperação (2018-2020)
Após a alta de 2017, o mercado enfrentou uma queda acentuada em 2018, com o Bitcoin perdendo cerca de 80% do seu valor.
Muitos críticos chamaram o ativo de “bolha”. No entanto, os desenvolvedores e a comunidade continuaram trabalhando na tecnologia, criando soluções de escalabilidade, como a Lightning Network, para tornar as transações mais rápidas e acessíveis.
Em 2020, durante a pandemia, o Bitcoin ganhou novo fôlego. A injeção de dinheiro na economia global, por meio de pacotes de estímulo, despertou o interesse pelo Bitcoin como reserva de valor, impulsionando o preço.
5. Adoção institucional e rumo aos 60 mil dólares (2021)
O ano de 2021 foi recheado de movimentos importantes, com empresas como Tesla e MicroStrategy adquirindo grandes quantidades de Bitcoin. Tudo isso foi visto como uma legitimação do ativo pelo setor corporativo.
O Bitcoin atingiu seu recorde de 64.000 dólares em abril e, novamente, um valor semelhante em novembro. Além de empresas, o Bitcoin começou a ganhar reconhecimento estatal, com El Salvador adotando a criptomoeda como moeda de curso legal, um movimento histórico que trouxe uma nova camada de legitimidade à criptomoeda.
A adoção de grandes investidores institucionais, como fundos de hedge e empresas listadas na bolsa, consolidou o Bitcoin como uma classe de ativo emergente.
6. Regulações, ETFs e resiliência (2022-2024)
Nos anos seguintes, o Bitcoin enfrentou desafios regulatórios em diversos países, incluindo proibições de mineração e restrições ao comércio em lugares como a China.
Mesmo assim, o ativo continuou a ganhar apoio em outros locais, com países adotando regulamentações que visavam proteger investidores e, ao mesmo tempo, incentivar o crescimento do mercado de criptomoedas.
Em 2023, a aprovação dos primeiros ETFs (fundos de índice) de Bitcoin nos Estados Unidos facilitou ainda mais o acesso dos investidores tradicionais ao ativo.
Isso impulsionou uma nova onda de valorização, levando o Bitcoin a atingir e superar novos recordes. O interesse de bancos e instituições financeiras em desenvolver produtos relacionados ao Bitcoin foi um fator crucial para aumentar a liquidez e a credibilidade do ativo.
7. A chegada aos 500 Mil e o Futuro
Em 2024, o Bitcoin finalmente alcançou a marca de 500 mil reais no Brasil, se consolidando como uma das maiores reservas de valor no país e no mundo. Esse valor reflete a resiliência do ativo e a crescente adoção global.
Atingir esse patamar é uma conquista que poucos imaginavam possível no início da jornada do Bitcoin, mas que, em retrospecto, parece resultado de um esforço conjunto de desenvolvedores, mineradores, investidores e usuários que acreditam no potencial da criptomoeda.
No futuro, a expectativa é de que o Bitcoin continue sua trajetória de valorização e, para muitos, o valor de 500 mil reais por Bitcoin é apenas o começo. Conforme o ativo se torna mais popular, e com a possibilidade de que mais países sigam o exemplo de El Salvador, o Bitcoin pode, um dia, superar marca de R$ 1 milhão de reais.