A Receita e Polícia Federal deflagraram uma operação nesta quinta-feira (28) contra falsos traders que criaram uma pirâmide financeira, podendo ter criptomoedas entre seus ativos financeiros. Essa operação mobilizou quase 100 agentes de dois estados.
Chamada Operação Traders, os suspeitos são acusados de criarem uma empresa de fachada que prometia lucros garantidos em operações de alto risco.
A sede da empresa era no estado do Paraná, embora células estivessem operando em Santa Catarina, São Paulo, e Rio de Janeiro também.
A prática de pirâmide financeira é considerada crime contra o sistema nacional, visto que é um estelionato contra investidores. Normalmente, os líderes desses esquemas utilizam a imagem de algum ativo para justificar grandes ganhos financeiros.
Na prática, contudo, ao receber o dinheiro dos investidores, os líderes repassam rendimentos aos primeiros que entraram no esquema, caracterizando assim a pirâmide financeira. Em dado momento, a atividade se torna insustentável e os repasses são paralisados, deixando inúmeras pessoas sem a possibilidade de reaver seu dinheiro.
Usando imagem da bolsa de valores, falsos traders são alvos da Receita e Polícia Federal
Operações em bolsa de valores conhecidas como day trade são conhecidas pelo seu alto risco de retornos. Como o comportamento de ações em um único dia é muito volátil, a tarefa de se acertar uma compra e venda em momentos corretos é totalmente imprevisível.
Mesmo assim, day traders de uma empresa do Paraná estavam prometendo lucros garantidos com essas operações, como se fossem analistas experientes. As promessas eram de lucros de 6,4% ao mês.
De acordo com a Polícia e Receita Federal, os falsos traders se apresentavam assim para captar vítimas, mas na verdade estavam longe de serem tão bons quanto se imaginava.
“Os investigados se apresentavam como “Traders” para captar economias de vítimas/investidores, a pretexto de aplicar os recursos no mercado de valores mobiliários.”
Isso porque, após captar os recursos com os investidores, os falsos traders colocavam apenas uma parte na bolsa de valores e essas operações resultavam em prejuízos.
Além disso, a PF apurou que as empresas utilizadas pelo esquema não tinham autorização da CVM para funcionar e podem ser apenas fachada para as operações.
Líder do possível esquema da Sentinel Bank, mulher havia prometido Banco Digital para clientes
A líder da empresa suspeita, a Sentinel Bank, chegou a prometer para seus clientes um banco digital, que facilitaria as operações. Essa promessa foi realizada quando os saques começaram a travar, sendo um plano para se honrar com os pagamentos.
Ao todo, foram mobilizados quase 70 policiais federais e 15 servidores da Receita para cumprir 17 mandados judiciais. Os alvos estavam em Umuarama, Guaíra, Douradina, Foz do Iguaçu e Curitiba no Estado do Paraná, além de Taboão da Serra em São Paulo.
Todas as criptomoedas, automóveis e imóveis encontrados em posse do grupo devem ser sequestradas, determinou a justiça federal.
Os líderes do esquema chamaram atenção em 2021, quando começaram a desfilar em veículos de luxo na região da fronteira com o Paraguai, sem que sua renda declarada fosse compatível com esse estilo de vida.
Com prejuízos estimados em R$ 200 milhões para as vítimas, a maior parte das vítimas estava em Curitiba, capital do Paraná. A CVM apoiou as investigações da PF e Receita.
Pelo Reclame Aqui, clientes relatam problemas com a empresa desde fevereiro de 2022, quando os saques começaram a ser presos. Em seu site, a empresa afirmava realizar operações tanto na B3 quanto em “aplicações descentralizadas”.
Alvo da PF, a empresa ainda não comentou sobre a operação publicamente e o Livecoins não encontrou contato dos responsáveis para comentários sobre as acusações.