Inflação no Brasil me levou ao Bitcoin, diz Saifedean Ammous

De acordo com autor de livros famosos sobre bitcoin, a realidade do país lhe ajudou a entender na prática o que é a inflação.

De acordo com o economista Saifedean Ammous, a inflação no Brasil foi uma das primeiras lições que o colocou na rota do bitcoin, quando ainda era uma criança e passou alguns anos no país.

Para quem não conhece, Saifedean é o autor dos livros ‘The Fiat Standard’ e ‘The Bitcoin Standard’, conhecidos pela comunidade de bitcoin mundialmente.

Seus livros possuem alguns dos guias para entender melhor a tecnologia do bitcoin e sua aplicação na economia.

Na última sexta-feira (2), ele bateu um papo com o canal brasileiro dos Bitcoinheiros, um dos maiores do YouTube no Brasil.

Inflação no Brasil ensinou economista norte-americano a importância do bitcoin

Torcedor do Vasco e fã das músicas de Carnaval, Saifedean Ammous se mostrou a vontade ao conversar com os apresentadores do canal Bitcoinheiros.

Durante o bate-papo, ele confessou paixão pelo Vasco após morar no Brasil quando criança e ver a dupla Romário e Bebeto em campo.

Com relação à inflação vivida pelo país entre 1987 e 1989, quando ele morou na região aos 8 anos, Ammous viu o nascimento e morte de muitas moedas, como Cruzado, Cruzado Novo e outras.

“Me lembro muito bem da inflação que havia àquela época, e me lembro de ao assistir televisão ver as pessoas correndo para o supermercado no momento de sua abertura e brigando por produtos. Eu me lembro de perguntar aos meus pais porque eles faziam aquilo, eles tentavam me explicar sobre inflação, mas ainda não fazia sentido para mim.”

Antes de viver no Brasil, ele havia morado na Arábia Saudita e lá não havia inflação, apenas uma relação cambial com o Dólar dos Estados Unidos.

Mas Ammous compreendeu uma coisa: as pessoas estavam correndo ao mercado com pressa porque o dinheiro estava perdendo valor muito rápido.

Ele disse que sente muito que os brasileiros tenham passado por tal experiência para que ele aprendesse o que era a inflação, mas hoje sua vivência no país sul-americano impacta seu trabalho como entusiasta de bitcoin.

“Meta de inflação está sendo compreendida pelas pessoas, cada vez mais pobres”

Em sua conversa, Saifedean Ammous lembrou que a inflação não existe apenas no Brasil e Venezuela. Países como Líbano e Zimbábue também já experimentaram problemas com o descontrole da perda do dinheiro emitido pelo estado.

No entanto, o autor acredita que todos os dias as pessoas vivem a hiperinflação, mas em câmera lenta. Isso porque, as pessoas gastam todo seu dinheiro sem se preocupar com poupança ou com o futuro, o que é preocupante.

Para Ammous, isso é um reflexo de uma sociedade fiduciária, que não coopera entre si e tenta sempre chegar na frente dos outros.

Um dos tópicos abordados durante a conversa com os Bitcoinheiros foi sobre a meta da inflação, que bancos centrais gostam de traçar em 2% ao ano.

Contudo, Ammous acredita que essa é uma meta irreal, visto que bens e serviços têm valorizado rápido frente ao dinheiro fiduciário.

Assim, pessoas que moram em países que já alcançaram inflações de dois dígitos, principalmente na Europa, já começam a compreender que as tais metas fazem parte de uma teoria fingida por bancos centrais como algo ótimo, enquanto na realidade não há estudos oficiais que comprovam a teoria.

Sobre o futuro, Ammous acredita que o padrão de crescimento do bitcoin mostrará uma alternativa viável ao mundo.

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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