Procuradores americanos estão acusando Sam Bankman-Fried (SBF) de vazar o diário pessoal de sua ex-namorada para enfraquecer seu testemunho no processo envolvendo a falência de sua corretora de criptomoedas, a FTX.
Nesta quinta-feira (20), o The New York Times publicou uma matéria revelando textos pessoais de Caroline Ellison, ex-CEO da Alameda Research, outra empresa fundada por SBF.
Além de abordar o fim do relacionamento amoroso da dupla de ex-CEOs, o artigo também fala sobre o estado psicológico de Ellison próximo à falência da FTX.
O diário de Caroline Ellison
O relaciomanto de Sam Bankman-Fried e Caroline Ellison ficou mundialmente conhecido após a falência da FTX. Na data, até Elon Musk criou uma conta falsa no Twitter para zombar do casal.
Já o artigo publicado pelo The New York Times apresenta uma versão mais íntima e psicológica de Ellison, que parecia não saber como separar sua vida pessoal e profissional.
“Tenho me sentido muito infeliz e sobrecarregada com meu trabalho”, escreveu Ellison em seu diário em ferevereiro de 2022. “No final do dia, mal posso esperar para ir para casa, desligar o telefone e tomar uma bebida e esquecer de tudo.”
Dois meses depois, em abril, ela relata um desânimo com seu trabalho após o rompimento com Bankman-Fried, notando que isso “diminuiu significativamente minha empolgação com a Alameda”.
“Eu me senti muito magoada/rejeitada. Não lhe dar o contato que você queria parecia a única maneira de recuperar a sensação de poder.”
Outro trecho da matéria também aponta para a diferença de bônus entre executivos. Enquanto Nishad Singh recebeu US$ 587 milhões, Gary Wang ganhou US$ 246 milhões e SBF US$ 2,2 bilhões. Ellison, por outro lado, teria recebido apenas US$ 6 milhões.
“Tocar a Alameda não parece algo em que eu […] seja adequada para fazer”, escreveu Ellison em abril de 2022 enquanto duvidava de suas habilidades.
Departamento de Justiça dos EUA acredita que artigo possa afetar depoimento de Ellison
Conforme apontado pelo próprio artigo do NYT, Caroline Ellison é a maior testemunha no julgamento de Sam Bankman-Fried, marcado para o dia 2 de outubro.
Portanto, o Departamento de Justiça americano aponta que o vazamento dessas informações pessoais foi uma manobra do próprio executivo para “desacreditar uma testemunha”.
“O artigo não indica quem forneceu os documentos aos autores do artigo”, aponta o Departamento de Justiça, notando que SBF se encontrou com um dos jornalistas do NYT. “É evidente que os documentos foram compartilhados pelo réu com os repórteres do artigo.”
Segundo acusações, Bankman-Fried teria desviado o dinheiro dos clientes da FTX para a Alameda Research, causando um rombo bilionário no caixa da corretora, sendo um dos motivos de sua falência.
Por fim, os procuradores pedem que o vazamento das informações seja avaliado como uma tentativa de manipulação do juri e, portanto, que o diário de Ellison não seja usado no processo.
