Desaparecido desde a última quarta-feira (14), Fernando Pérez Algaba, de 41 anos, foi encontrado morto na Argentina. Chamado de Lechuga (alface, em espanhol) por seus amigos, Algaba trabalhava com carros de luxo e criptomoedas.
Segundo a mídia local, Algaba teria sido esquartejado. Crianças que jogavam futebol próximo a um córrego foram os primeiros a encontrar os braços e pernas da vítima, dentro de uma mala vermelha, ainda no domingo (23).
Continuando as buscas, nesta quarta-feira (24) a polícia argentina encontrou o torso e a cabeça do empresário próximo ao local onde os primeiros restos mortais foram descobertos.
Empresário começou a trabalhar com 14 anos, alcançando o sucesso financeiro do zero, mas estava cheio de dívidas
Ainda em março, em outra visita à Argentina, país onde nasceu, Fernando Pérez Algaba participou de entrevistas com a mídia local, revelando uma história de sucesso após ter começado do zero e ainda jovem.
“Comecei a trabalhar com 14 anos, comecei com uma bicicleta e uma caixa e comecei a vender sanduíches.”
O empreendedor também contou ter trabalhado como entregador de pizzas e vendedor de sorvete nos anos seguintes. Mais tarde, com 24 anos, entrou no ramo de compras de carros, melhorando suas finanças. Recentemente, o argentino também passou a se descrever como um trader de criptomoedas.
Em seu Instagram, Algaba tinha mais de 920.000 seguidores, ostentando uma vida de ostentação na Europa ao lado de carros de luxo.
“Diga-me do que você se gaba e eu direi o que lhe falta”, aponta a descrição de seu perfil no Instagram, ainda ativo. “Quem tem mágica não precisa de truques.”
Morando em Barcelona, na Espanha, Algaba teria voltado à Argentina recentemente. No entanto, o jornal Telam aponta que a história do milionário das criptomoedas estava longe da sua realidade.
“Em seus registros contábeis, o homem constava na situação 5, classificada como “irrecuperável”, com uma dívida financeira em entidades bancárias de 1.227.000 pesos.”
Os problemas financeiros de Algaba teriam começado ainda em 2018, quando os cheques de sua empresa de carros, a Motors Lettuce S.R.L., começaram a voltar por falta de fundos.
Autoridades suspeitam que sua morte esteja relacionada com dívidas
Pouco se sabe sobre os motivos que levaram Fernando Pérez Algaba a ser esquartejado. Segundo a polícia, as suspeitas são de uma execução por conta de dívidas financeiras.
Segundo notas escritas em seu celular, compartilhadas pelo portal La Nación, Algaba estava preocupado com sua vida, já sofrendo ameaças.
“Se algo acontecer comigo. Ou se continuarem me pressionando, denuncio todos. Bem, se algo acontecer comigo, todo mundo está avisado.”
Já outra mensagem mostra Algaba discutindo com o filho de um dos integrantes de uma torcida organizada do Boca Juniors, a barra brava, famosa por casos de violência. Em outro texto, datada de novembro de 2022, Algaba aparece se desculpando por perder o dinheiro de terceiros ao investir em criptomoedas.
“Peço desculpas a todas as pessoas por ter falhado com elas e não poder pagar o que me deram”, escreveu Algaba. “A princípio isso começou como um investimento em criptomoedas e, aos poucos, saiu do controle.”
“Nada do que aconteceu foi de propósito. Em cada nova tentativa de avançar havia sempre a possibilidade de recuperar o que se perdeu. E aí estava o erro.”
No momento, a polícia deteu uma mulher suspeita de ter ligação com a morte do empresário, destacando que a vida de Algaba estava ligada a golpes. Quando ao esquartejamento, o Ministro da Segurança de Buenos Aires, Sergio Berni, mostrou-se chocado.
“Um criminoso mais profissional faz diferente, não assim. A situação foi muito impressionante, um acontecimento um tanto macabro.”
Irmão nega que vítima era um golpista e diz que Fernando apenas teve má sorte nos investimentos em Bitcoin
Em conversa com a A24, Rodolfo Pérez Algaba defendeu seu irmão, Fernando, notando que o empresário não era um golpista, mas que apenas teve má sorte em seus investimentos em criptomoedas.
“A atividade dele era comprar e vender carros, com a questão do Bitcoin… ele não se saiu bem.”
“Se tivessem atirado nele, acho que teria sido um acerto de contas, mas o que não fecha é que cortaram ele do jeito que cortaram”, continuou Rodolfo, recontando a história de vida de Fernando enquanto negava que seu irmão aplicasse golpes.
Por fim, este é mais um caso de um milionário das criptomoedas que morre de forma bizarra, o número crescente destes casos já levantou diversas teorias. Além disso, a hipótese de que sua morte seja uma cobrança de dívida também lembra de um caso recente no Canadá, onde um investidor sequestrou um golpista para tentar reaver suas perdas.