O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) anunciou a criação do Projeto Atlas nesta quarta-feira (4) para monitorar o mercado de criptomoedas.
Em parceria com os Bancos Centrais da Alemanha e dos Países Baixos (Holanda), o BIS planeja entender a relevância macro-econômica do mercado de criptomoedas e do setor de DeFi (finanças descentralizadas).
Segundo o anúncio, a primeira fase do desenvolvimento terá foco no fluxo internacionais das criptomoedas. Na sequência, o projeto visa monitorar ainda mais dados, como prova de reservas de corretoras e dados on-chain do Ethereum.
Projeto Atlas combinará dados de blockchain e de corretoras de criptomoedas
Embora transações de criptomoedas sejam transparentes, o Banco de Compensações Internacionais (BIS) afirma que ainda é difícil encontrar informações confiáveis sobre seu impacto na economia global. Dado isso, o Banco Central dos Bancos Centrais anunciou o Projeto Atlas, que visa coletar e interpretar essas informações.
O Projeto usará tanto dados de transações públicas (on-chain) quanto outros provenientes de corretoras de criptomoedas (off-chain) para fornecer resultados “adaptados às necessidades dos bancos centrais e reguladores financeiros”.
A primeira fase de desenvolvimento terá foco na análise do fluxo internacional de criptomoedas. Portanto, parceiros do programa poderão usá-los para entender como esses ativos digitais estão mexendo em suas economias locais.
“A questão então é: os bancos centrais têm os dados e as ferramentas para medir com eficácia a evolução dos mercados de criptomoedas e DeFi?”, questiona o texto do BIS. “Surpreendentemente, mesmo os cálculos de indicadores básicos, como os volumes de transações on-chain, diferem frequentemente entre fontes devido a diferentes metodologias.”
“Os dados de blockchain são apenas uma peça do quebra-cabeça.”
Setor DeFi também entra na mira do BIS
Além de dados de corretoras centralizadas, outro grande foco do Projeto Atlas é o setor de DeFi. Segundo o documento, uma das motivações foi o colapso das criptomoedas Terra (LUNA) e TerraUSD (UST), que tiveram um grande efeito no mercado.
“As criptomoedas e o DeFi cresceram significativamente, mas estão sujeitos a riscos e manipulação de dados.”
Citando riscos de manipulação e metodologias fechadas, o BIS aponta que o Projeto Atlas é essencial já que tais “dados muitas vezes não são adaptados às necessidades de um banco central”.
Projeto Atlas planeja analisar oportunidades e riscos do setor
Por fim, o documento destaca que o Projeto Atlas poderá fornecer uma melhor visão sobre as oportunidades e riscos das criptomoedas para bancos centrais e reguladores, sendo um ponto de partida para a solução de alguns destes desafios.
“O Projeto Atlas é um ótimo exemplo do que o Centro de Inovação do BIS pode alcançar.”
“Trabalhando na intersecção entre economia, finanças e engenharia informática, desenvolvemos um novo e importante bem público para os bancos centrais a nível mundial”, comentou. Cecilia Skingsley, chefe do Centro de Inovação do BIS. “Os dados sobre os fluxos transfronteiriços são relevantes para áreas como pagamentos e análise macroeconômica.”
Para o futuro, o Projeto também visa coletar informações sobre provas de reservas de corretoras, bem como dados on-chain do Ethereum, principal rede utilizada por projetos de finanças descentralizadas. O documento completo do Projeto Atlas pode ser encontrado no site do BIS.