Na pequena cidade de Granbury, no Texas, a chegada de uma empresa de mineração de bitcoin próximo a uma usina de energia transformou a vida dos moradores locais em um ‘pesadelo incessante de ruídos’, disse a mídia local nesta sexta-feira (2).
Cheryl Shadden, uma enfermeira anestesista residente da área, compara a experiência a estar numa pista de decolagem de aeroporto, com o som contínuo e ensurdecedor impedindo conversas ao ar livre e perturbando o sono noturno.
A situação levou a comunidade a expressar sua angústia e buscar soluções para o problema que, segundo eles, também tem afetado a vida selvagem local e causado problemas de saúde como enxaquecas.
Granbury aparentemente não está sozinha em sua luta; de acordo com o site time.com, cidades por todo os Estados Unidos enfrentam impactos similares devido à mineração de bitcoin.
Com o crescimento do mercado de criptomoedas em 2023, após uma queda em 2022, empresas de mineração expandiram suas operações, dobrando o consumo global de energia para mineração, segundo estudos.
Esse aumento na atividade de mineração trouxe à tona preocupações quanto aos danos ambientais a longo prazo e os impactos locais adversos, levando a críticas sobre a sustentabilidade dessa indústria.
Mineração de Bitcoin causou miséria em cidade dos EUA, diz jornal local
A mineração de bitcoin é intensiva em energia devido ao seu mecanismo de “prova de trabalho”, um processo criptográfico complexo que garante a integridade da rede.
Texas, em particular, tornou-se um polo global de mineração de bitcoin, atraindo mineradoras com energia barata, vastas extensões de terra, leis fiscais e regulamentações favoráveis.
Empresas como Riot Platforms e Marathon Digital Holdings recentemente ampliaram suas operações no estado, consumindo cerca de 2.100 megawatts da oferta de energia do Texas.
O problema em Granbury ganhou destaque após a Marathon Digital Holdings adquirir mineradoras de bitcoin em Granbury, herdando também as queixas da comunidade local.
Os residentes, inicialmente incertos sobre a origem do ruído perturbador, logo descobriram que ele vinha das enormes ventoinhas de resfriamento da instalação, necessárias para evitar o superaquecimento dos computadores.
A situação escalou com moradores recorrendo às redes sociais para expressar suas frustrações e sintomas de saúde decorrentes do ruído constante.
Em resposta às reclamações crescentes, a operadora do local, US Bitcoin Corp, concordou em construir uma barreira sonora, uma medida que acabou por reduzir o ruído em algumas áreas, mas amplificá-lo em outras.
A comunidade expressou seu descontentamento em uma reunião municipal, evidenciando a gravidade dos impactos na saúde e na qualidade de vida dos moradores.
Mineração de Bitcoin usa energia verde
Contrapondo as críticas, estudos indicam que cerca de 60% da mineração de bitcoin global utiliza energia verde, sugerindo um movimento em direção à sustentabilidade dentro da indústria.
Essa informação apresenta um contraponto importante às preocupações ambientais, indicando um potencial para práticas de mineração mais ecológicas.
A situação em Granbury reflete um dilema maior enfrentado por comunidades globais: o equilíbrio entre o avanço tecnológico e a sustentabilidade ambiental.
Enquanto a mineração de bitcoin e outras criptomoedas oferece oportunidades econômicas, os custos ambientais e sociais associados exigem uma consideração cuidadosa e a busca por soluções que harmonizem o progresso tecnológico com a proteção do meio ambiente e o bem-estar das comunidades.
As empresas envolvidas, como a Marathon Digital Holdings, expressaram compromisso em avaliar e mitigar os problemas, destacando a importância de uma convivência harmoniosa com as comunidades locais.