A Receita Federal dos EUA combaterá crimes fiscais ligados a criptomoedas com maior vigor. Em conversa publicada pela CNBC na última sexta-feira (12), Guy Ficco, chefe de investigação criminal da Receita americana, afirma que o número de crimes está crescendo, mas que eles estão preparados.
Segundo Ficco, fraudes com criptomoedas envolvendo desvio e lavagem de dinheiro já são investigadas pela agência há anos. No entanto, a sonegação de impostos está chamando a atenção devido ao crescente número de casos.
A preocupação dos governos é global. Enquanto o Brasil está usando até mesmo ferramentas de inteligência artificial para coletar impostos, a Espanha notificou cerca de 1 milhão de investidores em 2024, lembrando-os de seus deveres.
Receita Federal americana diz que sonegação de impostos está em alta
Berço do capitalismo, os EUA estão se tornando o centro da indústria de criptomoedas. Além de abrigar mineradoras e corretoras listadas em bolsa, recentemente os EUA viram bilhões serem investidos em Bitcoin através de ETFs.
No entanto, os crimes também estão em alta. Uma prova disso é a carteira do governo americano que hoje detém mais de 200.000 bitcoins. A quantia está avaliada em mais de R$ 69 bilhões, sendo confiscada nos últimos anos de hackers e traficantes.
Segundo Guy Ficco, chefe de investigação criminal da Receita Feral dos EUA, o foco da agência está na crescente evasão fiscal dos investidores de criptomoedas.
“O que mais estamos vendo agora são puros crimes fiscais envolvendo criptomoedas, estes seriam da Lei 26, que são violações federais de imposto de renda, especificamente envolvendo criptomoedas.”
“Isso pode ser simplesmente a não declaração da renda gerada a partir das vendas de criptomoedas, esconder o custo verdadeiro ou proteger o capital em criptomoedas”, continuou Ficco. “Então essa é uma área onde vimos um aumento [de crimes] e prevejo que vamos ver mais casos de criptomoedas sob a Lei 26 neste ano e no futuro.”
No vídeo, a CNBC destaca que a Receita americana processou um contribuinte pela primeira vez em 2024 após ele apresentar relatórios falsos sobre seus ganhos com criptomoedas. O processo contra Frank Richard Ahlgren III pode ser encontrado no site do Departamento de Justiça.
“Em 2017, Ahlgren supostamente usou o produto da venda de aproximadamente US$ 3,7 milhões em bitcoin para comprar uma residência”, escreveu o Departamento de Justiça. “Ahlgren supostamente apresentou uma declaração de imposto de renda falsa em 2017 que inflacionou o preço que ele pagou originalmente pelo bitcoin, subnotificando assim seu ganho de capital com a venda.”
“Em 2018 e 2019, Ahlgren supostamente vendeu mais de US$ 650.000 em Bitcoin e supostamente não relatou suas vendas de bitcoin em suas declarações fiscais de 2018 e 2019”, continua o processo, notando um padrão no caso.
Voltando ao chefe de investigação de crimes da Receita, Ficco afirma que a agência está trabalhando com a Chainalysis e outras empresas privadas para fornecer inteligencia, e que isso está apresentando resultados.
“Quase todos [os agentes da Receita] tem diploma em contabilidade e são incríveis em seguir o rastro do dinheiro, mas algumas ferramentas são necessárias no mundo das criptomoedas. É aí que o suporte de especialistas, como da Chainalysis e outros, permitem a solução de investigações.”
Finalizando, ele nota que as maiores apreensões de dinheiro pelo governo americano foram realizadas em criptomoedas. Entre os destaques estão as prisões de Heather Rhiannon Morgan e Ilya Lichtenstein, mas também de James Zhong. No entanto, prevê uma redução desses casos.
“Haverá mais casos de fraudes fiscais”, notou Ficco, apontando que outras fraudes como golpe do romance, de ligações telefônicas e outrs devem continuar no ritmo atual. Portanto, o foco agora é outro.
