Após a Bybit perder R$ 8,2 bilhões em um ataque hacker nesta sexta-feira (21), a comunidade começou a debater sobre novo rollback no Ethereum. Essa solução, de reverter a rede para um ponto anterior ao ataque, devolveria todos os ethers (ETH) roubados à corretora, deixando os hackers sem nada.
Um dos maiores apoiadores dessa ideia foi Arthur Hayes, fundador da BitMex.
Em sua explicação, o bilionário aponta que o Ethereum deixou de ser uma rede imutável em 2016. Na data, cerca de 3,6 milhões de ethers foram roubados do The DAO, um projeto descentralizado que continha uma falha em seu contrato inteligente.
Na época, tais moedas estavam avaliadas em cerca de R$ 245 milhões (US$ 72 milhões), bem distante dos R$ 8,2 bilhões perdidos pela Bybit. No entanto, com a valorização do ETH, hoje a quantia vale R$ 57,5 bilhões.
Como solução, a comunidade e os desenvolvedores do Ethereum decidiram fazer um rollback da rede para um ponto anterior ao ataque. Isso também deu origem ao Ethereum Classic (ETC), que manteve a rede em seu estado original e, por conta disso, é considerado o verdadeiro Ethereum por parte da comunidade.
Arthur Hayes pede novo rollback no Ethereum
Além da perda da Bybit ser o maior hack da indústria de criptomoedas, muitos já apontam que esse pode ter sido o maior roubo de toda a história humana. Como comparação, o assalto ao Banco Central do Brasil em 2005, avaliado em somente R$ 164 milhões, foi 50 vezes menor.
Devido a essa proporção, grandes nomes da indústria saíram em defesa de novos rollbacks, ou seja, reversões de blocos e transações. O principal advogado dessa ideia é Arthur Hayes, fundador da Bitmex.
“Vitalik Buterin, você defenderia um rollback na blockchain para ajudar a Bybit?”
“Minha opinião como um grande detentor de ETH é que o ETH deixou de ser dinheiro em 2016, depois do hard fork do hack da DAO”, continuou Hayes.
“Se a comunidade quisesse fazer isso de novo, eu apoiaria, porque já votamos contra a imutabilidade em 2016, então por que não fazer de novo? Ninguém tem problema com DeFi no computador do CZ (BNB). Por que não transformar o ETH no computador do Vitalik Buterin?”
Também no X, outros usuários expressaram suas opiniões sobre o assunto. Enquanto uns são favoráveis à ideia, outros se mostraram totalmente contras.
“Se o Ethereum fizer um rollback, eu nunca mais usarei o Ethereum. Também vou vender todos os meus NFTs. Na verdade, eu preferiria manter dinheiro fiduciário se isso acontecer”, comentou um usuário que não gostou da proposta.
No momento desta redação, o Ethereum está cotado a US$ 2.800, já apresentando uma boa recuperação mesmo sem nenhuma interferência dos desenvolvedores.
Um motivo que explicaria isso é que os hackers não despejaram seus tokens no mercado e, por outro lado, a Bybit estaria comprando ETH para repor suas reservas e honrar pedidos de saques.
Rivalidade entre Bitcoin e Ethereum volta à tona
Enquanto muitos zombaram do Ethereum ter revertido transações em 2016 para aliviar o hack da The DAO, que não tinha nenhuma ligação direta com a segurança da rede, outros defenderam o projeto atacando o Bitcoin.
Como destaque, é notado que o Bitcoin já passou por um evento similar em agosto de 2010. Na data, um hacker aproveitou um bug na rede para cunhar 184 bilhões de bitcoins, ultrapassando o famoso limite de 21 milhões de unidades.
Esse exploit foi descoberto rapidamente, em menos de cinco horas. Como única solução, além de corrigir o bug no código, os desenvolvedores precisaram reverter os blocos até um ponto anterior ao ataque.
Ou seja, embora parecidos, os dois casos são completamente diferentes.
Independente disso, o hack da Bybit acende novas discussões sobre padrões de segurança para a indústria de criptomoedas que, apesar de cada vez mais madura, segue tomando tombos cada vez maiores.