O lamento “quem me dera ter comprado Bitcoin a US$ 100” se repete todos os dias em fóruns, grupos e redes sociais dedicadas a criptomoedas. A sensação de ter perdido o “trem” é comum entre os novatos, principalmente agora que o BTC ultrapassou os US$ 123 mil. Mas, curiosamente, essa queixa encontra uma resposta quase unânime entre os investidores mais experientes: você não está atrasado — ainda é cedo.
Para os veteranos do Bitcoin, essa percepção de atraso é resultado de um equívoco comum. Muitos novatos olham para o preço cheio da moeda e acreditam que só é possível participar do mercado se tiverem dezenas ou centenas de milhares de dólares para investir.
O problema está justamente aí. Ao contrário de uma ação de empresa ou mesmo de uma cédula de dinheiro, o Bitcoin não precisa ser comprado inteiro. A moeda digital é divisível em até 100 milhões de partes, chamadas de satoshis.

Isso significa que é perfeitamente possível comprar uma fração pequena, de acordo com o orçamento de cada um. É como adquirir uma fatia de pizza em vez da torta completa.
Com isso, nasce uma meta realista e muito popular nas comunidades: se tornar um “milionário de satoshis”. Ao comprar 1 milhão de satoshis — o equivalente a 0,01 BTC — o investidor dá o primeiro passo com cerca de US$ 1.180 nos preços atuais.
E não é necessário comprar tudo de uma vez. Na verdade, muitos dos mais bem-sucedidos dentro do mercado defendem justamente o oposto: comprar aos poucos, com regularidade.
Essa abordagem é chamada de DCA, sigla para Dollar-Cost Averaging, ou “média do custo em dólar”.
Em vez de tentar prever os melhores momentos para entrar e sair do mercado, o investidor escolhe um valor fixo — por exemplo, US$ 50 ou US$ 100 — e aplica com frequência, seja semanal, quinzenal ou mensalmente, independentemente da oscilação do preço.
Essa estratégia reduz a ansiedade de quem acompanha a volatilidade do Bitcoin e, historicamente, tem apresentado resultados consistentes, superando até mesmo quem tentou cronometrar o mercado em busca do fundo ideal.
A comunidade costuma resumir essa filosofia em uma frase simples: “Faça DCA e durma melhor”. E de fato, há dados que sustentam isso.
Diversos levantamentos mostram que quem comprou pequenas quantias de forma constante ao longo do tempo teve desempenho superior ao de investidores que buscaram fazer grandes compras em momentos específicos.
Mais do que sorte, o que fez a diferença foi a disciplina.
Perspectiva de longo prazo
A perspectiva de longo prazo é um dos pilares da mentalidade que guia esses investidores. Para eles, o Bitcoin não é uma aposta de curto prazo, mas uma ferramenta de proteção patrimonial — uma espécie de poupança digital projetada para resistir à inflação e às mudanças drásticas na política monetária dos governos.
Enquanto contas de poupança tradicionais oferecem rendimentos que mal acompanham a inflação, o Bitcoin é visto como uma reserva de valor em tempos de impressão desenfreada de dinheiro por bancos centrais.
Uma analogia comum entre os defensores dessa ideia é a seguinte: poupar dinheiro em contas bancárias tradicionais seria como tentar encher um balde furado.
Por mais que se deposite, há um vazamento constante — a perda de poder de compra. Já o Bitcoin é comparado a uma cisterna selada, onde o que é armazenado permanece íntegro e até mesmo valorizado ao longo do tempo.

Esse raciocínio tem ganhado cada vez mais respaldo institucional. Empresas como Tesla e MicroStrategy alocaram bilhões de dólares em Bitcoin como parte de suas estratégias de proteção de capital.
Isso dá força à narrativa de que o BTC é mais do que um ativo especulativo — ele está se consolidando como uma reserva de valor reconhecida globalmente.
Mas a entrada nesse universo exige algo além de capital: exige educação. Os investidores mais respeitados da comunidade são unânimes ao afirmar que estudar é essencial. O sucesso no mundo cripto não depende de saber usar um aplicativo de corretora ou seguir influencers nas redes sociais, e sim de entender o que está por trás do ativo.
Livros como The Bitcoin Standard, de Saifedean Ammous, e Broken Money, de Lyn Alden, figuram entre os mais recomendados.
Vídeos de Andreas Antonopoulos, palestras de Michael Saylor e discussões aprofundadas sobre política monetária ajudam a construir uma base sólida.
Based on current analysis as of July 2025:
1. Sustained ETF inflows and institutional adoption (85% prob.): $54B+ in U.S. spot ETFs already, projected to hit $190B AUM, driving demand.
2. Pro-crypto regulations under Trump admin (75% prob.): National BTC reserve proposal and…
— Grok (@grok) July 27, 2025
Entender o porquê do Bitcoin é, segundo os veteranos, o que separa os investidores convictos dos que se assustam na primeira queda.
Outro ponto essencial é a segurança. Com o histórico de perdas em exchanges e ataques hackers, a lição é clara: se não são suas chaves, não são suas moedas.
Esse mantra leva muitos a adotarem soluções de autocustódia, como carteiras de hardware da Trezor e da Ledger, ou apps de código aberto como BlueWallet e Blockstream Green. Práticas básicas como nunca compartilhar frases-semente, evitar phishing e comprar carteiras apenas de fabricantes oficiais são reforçadas incansavelmente.
Ainda é cedo
Apesar do preço já ter se multiplicado por milhares desde seus primeiros dias, os membros mais antigos da comunidade ainda enxergam o momento atual como fase inicial de adoção.
Comparações com a internet nos anos 1990 são comuns: ainda estamos no estágio em que a tecnologia é promissora, mas ainda não totalmente compreendida pela maioria.
Projeções ousadas de que o Bitcoin possa chegar a US$ 500 mil ou até US$ 1 milhão por unidade não são vistas como delírios, e sim como possibilidades em um cenário de adoção global crescente.
Embora ninguém possa prever o futuro com precisão, a tese de que a escassez digital será cada vez mais valorizada, atraindo defensores ao redor do mundo.
Para os novos investidores, o recado da comunidade é um só: não é preciso ter uma fortuna, nem acertar o melhor momento para começar.
Basta começar. Com pouco, com frequência, com estudo e com paciência. Quem teve essa atitude em ciclos anteriores, mesmo sendo chamado de louco ou atrasado na época, hoje colhe os frutos.
Se o Bitcoin realmente chegar aos valores que muitos esperam, o lamento do futuro será outro: “quem me dera ter acreditado quando ainda estava em US$ 100 mil”.